sábado, 31 de dezembro de 2011

Awaken, Katie Kacvinsky

Awaken

Minha última leitura para o Desafio Literário de 2011 foi Awaken, da Katie Kacvinsky. É um livro destinado ao público jovem (tá, YA, nesse caso acredito que o termo seja muito válido) e é uma distopia, o que me trouxe o interesse.

O livro conta a história de Madeline, uma jovem que vive em 2060. Na sua época, o mundo é dominado por computadores. As pessoas já quase não saem de casa, a educação é online, por meio da escola digital, e são raras as pessoas que leem livros de verdade. Um cenário futurista e até provável de acontecer em alguns pontos. Madeline conhece Justin, um rebelde que luta contra o mundo digital, e, guiada por ele, a garota desperta para a vida “real”.

Eu gostei da premissa do livro e, com a exceção de alguns detalhes que para mim não ficaram claros, gostei do mundo criado pela autora. Mas não gostei muito do romance em si. Madeline é ok, bem desenvolvida, mas não gosto dela (até porque estou fadada a não gostar de protagonistas de YA). Justin também não tem problemas. Mas quando os dois se juntam… tudo o que vemos é uma melação sem fim. O amor dos dois me lembrou a relação Bella-Edward e isso definitivamente está longe de ser um elogio. Toda essa história de “quando eu te vi, senti calafrios” é um saco e pior ainda é o fato de que não, Justin não quer ter um relação com Maddie, porque ele está muito ocupado salvando o mundo e ela merece alguém melhor. Me lembra um certo vampiro que brilha…

Fora isso, a autora também falhou ao não deixar nada para a interpretação dos leitores. Os malefícios da Internet estão expostos claramente, mostrando a conexão entre livro e a realidade e tratando o leitor quase como burro. E, vejam bem, esse já é um problema que eu tinha visto em Feios… Aparentemente, distopias e YA não funcionam juntas, pelo menos para mim (porque eu não considero Jogos Vorazes YA).

Ainda assim, o livro é bem escrito, tem seus pontos positivos e muita gente amou. Recomendo para os fãs de YA distópica.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Quarto, Emma Donoghue

Quarto

É esquisito ter uma coisa que é minha e não é da Mãe. O resto tudo é de nós dois. Acho que o meu corpo é meu, e as ideias que acontecem na minha cabeça. Mas as minhas células são feitas de células dela, quer dizer que eu sou meio dela. E também, quando eu digo pra ela o que estou pensando e ela diz pra mim o que está pensando, nossas ideias de cada um pulam na cabeça do outro, que nem lápis de cera azul em cima do amarelo, que dá verde.

(Quarto, p. 22)

Quarto, da Emma Donoghue, conta a história de Jack, um menino de cinco anos que nunca saiu do Quarto onde vive com sua mãe. Os dois vivem presos no Quarto por causa do Velho Nick, que os obriga a ficar lá. Sem opção, Jack e sua Mãe passam o dia assistindo TV, brincando, lendo seus poucos livros… Até que a Mãe tem um plano de fuga. Mas será que vai dar certo?

O livro é narrado por Jack e é isso que dá a graça. Vemos o ponto de vista de alguém que só conhece a realidade do Quarto, não conhece ninguém além da Mãe e tudo o que sabe do mundo é através da TV. Apesar de ter algumas incongruências (afinal, Jack é inteligente demais para alguém de cinco anos — ainda que ele tenha tido mais tempo para se dedicar a “educação” do que as outras crianças), o ponto de vista dele comove e é divertido ao mesmo tempo. Sua linguagem também é bem construída, com erros típicos de crianças.

Sobre a edição, tenho minhas críticas. Há um grande problema com as travessões no livro, MUITAS delas estão faltando. Às vezes até tem o espaço onde deveria estar a travessão e aí dá para entender que é uma fala, mas mesmo assim é chato ver tanta falta de cuidado. A tradução é boa, já a revisão…

O livro é envolvente e interessante, porém não recomendo a leitura para quem não gosta de crianças ou de pontos de vista infantis.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O Garoto da Casa ao Lado, Irene Sabatini

O Garoto da Casa ao Lado

Outra leitura de dezembro foi O garoto da casa ao lado, da Irene Sabatini. Esse é um dos livros que minha tia emprestou, mas diferente do Lago dos Sonhos, eu tive interesse genuíno em lê-lo, por ser sobre Zimbábue.

O livro é sobre Lindiwe, uma jovem negra que mora no Zimbábue recém-independente. O seu vizinho, Ian, é acusado de atear fogo na madrasta dele, e, apesar disso, ele e Lindiwe constroem uma bonita relação de amor, em meio aos perigos do país onde vivem, em que impera o racismo, a AIDS, a corrupção…

A leitura foi bem mais interessante do que eu esperava. Achei que fosse ser apenas um romance bobinho que se passa em um lugar diferente do comum, mas o livro tem muito conteúdo histórico importante, além de mostrar bem o crescimento dos personagens. Apesar disso, acho que faltou mostrar mais do romance em si entre Lindiwe e Ian. Não está muito bem explicado a razão de eles se gostarem.

Outra coisa que me incomodou é que eu não consegui gostar de Lindiwe — ela me pareceu uma personagem vazia, sem graça. Ian, com seu jeito engraçado de falar e todos os seus defeitos, me cativou bem mais.

Enfim, recomendo o livro. É uma leitura pesada, mas não tanto, misturando o tom leve de romances com o pesado da história.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Um Dia, David Nicholls

Um Dia A minha história com Um Dia começou há um tempo, quando li sobre o livro em uma coluna de jornal. Ele não tinha sido traduzido para o português ainda e apenas uma coluna falando bem não era o suficiente para me fazer comprar o livro, mas já aguçou o meu interesse.

E aí o livro veio para o Brasil, todo o mundo (desde blogueiros até jornais e, vejam bem, o Nick Hornby) começou a falar muuuuito bem e até foi lançado um filme baseado no romance. Comprei o livro, pronta para saber se iria cair nas graças de Emma e Dexter ou não.

E o resultado foi… bom. Faz tempo que eu não me envolvia em um livro como aconteceu com Um Dia (embora, na verdade, muitos capítulos me entediaram), a leitura fluiu muito bem e pronto, isso já é o suficiente para mim.

Mas isso não significa que o livro é o livro da minha vida, que ele não tem defeitos e que Emma e Dexter são o casal da minha vida. Porque Emma e Dexter são ótimos personagens, do tipo que eu tenho empatia por e, exatamente pela identificação que tenho com eles, são irritantes, detestáveis e cheios de defeitos. O que dizer de Dexter? Um verdadeiro canalha. Mas a história se passa em vinte anos e vemos ele crescendo, amadurecendo, e não dá para não ter carinho por ele no fim.

Enfim, o que me agradou no livro é acompanhar o desenvolvimento dos personagens, que são gente como a gente, e ver o que pode acontecer durante a vida. É tudo muito realista (tá, nem tudo) e me fez pensar no futuro por um tempo. Mas isso não é o suficiente para mim. Além de ser pega pelo emocional, quero me ver pensando em como o livro é bom, e isso não aconteceu… Não que o livro não seja bom, ele só não se destaca por isso.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Desafio Literário 2012

Eu pensei seriamente em não participar do Desafio Literário de 2012. Minhas pilhas de livros estão seriamente acumuladas e muitas das próprias leituras do desafio não foram tão proveitosas como poderiam ter sido, meio que leitura só por obrigação. Mas decidi que vou participar sim ano que vem, fazendo escolhas mais interessantes e resenhas melhores (até parece...).
Decidi fazer uma lista diferente esse ano. Vou colocar os livros (ou ebooks) que eu e minha família temos sobre o tema (e eu tenho interesse em ler) e os livros que gostaria de ler, mas não tenho (marcados com um asterisco). No mês certo, eu escolho o que quero ler da lista. A lista pode (e vai) sofrer alterações na hora.

Janeiro - Literatura gastronômica
Tema interessante, não foi difícil pensar em algumas opções.
Chez Moi, Agnes Desarthe
O Clube das Chocólatras, Carole Matthews
The Sweetest Thing, Christina Mandelski
Assassinos à Mesa de Jantar, Peter Haining (organização)

Fevereiro - Nome próprio
Esse é um dos meus temas favoritos, pois dá a liberdade de ler vários gêneros, seguindo sua preferência.
Sr. Ardiloso Cortês, Derek Landy
Exley, Brock Clarke
Finny, Justin Kramon
Alice Bliss, Laura Harrington
Will, Maria Boyd
Penelope, Marilyn Kaye
Lolita, Vladimir Nabokov
Moll Flanders, Daniel Defoe
Naná, Émile Zola
Iracema, José de Alencar (ok, esse eu só coloquei porque é leitura de vestibular e eu provavelmente não vou ler na escola)
Tchick, Wolfgang Herrndord *

Março - Serial killer
Não conheço muitos romances policiais, muito menos sobre serial killers, mas até que encontrei opções.
Pecados Mortais, Alex Kava
The Serialist, David Gordon
Perfume - a História de um Assassino, Patrick Süskind
Unhas, Paulo Wainberg
Dexter - a Mão Esquerda de Deus, Jeff Lindsay *

Abril - Escritor(a) oriental
Tema fácil, cheio de opções entre minhas próximas leituras.
Entre Assassinatos, Aravind Adiga
Não me Abandone Jamais, Kazuo Ishiguro
O Deus das Pequenas Coisas, Arundhati Roy
The Circle of Reason, Amitav Ghosh
Battle Royale, Koushun Takami
Real World, Natsuo Kirino
I Haven't Dreamed of Flying for a While, Taichi Yamada
Sua Resposta Vale um Bilhão, Vikas Swarup *
Algum livro do Haruki Murakami sem ser Norwegian Wood, que já li *
Algum livro do Natsume Soseki *

Maio - Fatos históricos
De primeira, não consegui pensar em nada. Depois, percebi que tenho vários livros que se encaixam no tema.
O Palácio de Inverno, John Boyne
Everything is Illuminated, Jonathan Safran Foer
Extremely Loud & Incredibly Close, Jonathan Safran Foer
Meninos sem Pátria, Luiz Puntel
O Tempo entre Costuras, María Dueñas
Jefferson's Sons, Kimberly Brubaker Bradley
Wonderland Creek, Lynn Austin
This Side Jordan, Margaret Laurence
O Leitor, Bernhard Schlink *

Junho - Viagem no tempo
Não curti muito o tema no começo, achei muito fechado, mas até que tenho opções interessantes.
Before I Fall, Lauren Oliver
The Juliet Spell, Douglas Rees
The Clearing, Heather Davis
Replay, Ken Grimwood
A Mulher do Viajante no Tempo, Audrey Niffenegger *

Julho - Prêmio Jabuti
Muitos clássicos que eu deveria ler, mas não tenho muito interesse... Escolhi livros mais recentes.
Leite Derramado, Chico Buarque
Se Eu Fechar os Olhos Agora, Edney Silvestre
Cordilheira, Daniel Galera *

Agosto - Terror
Outro tema que eu não conheço quase nada...
Let the Right One In, John Ajvide Lindqvist
Little Star, John Ajvide Lindqvist
A Garota da Capa Vermelha, Sarah Blakey-Cartwright
Insomnia, Stephen King
O Iluminado, Stephen King *

Setembro - Mitologia universal
Tem várias opções, mas confesso que nenhuma me interessou muito. Até que eu percebi que esses livros do Neil Gaiman e do Terry Pratchett se encaixam no tema...
Os Pequenos Homens Livres, Terry Pratchett
Odd e os Gigantes de Gelo, Neil Gaiman
Kalevala (poema primeiro), Elias Lönnrot
Ilíada, Homero
Viagem pelo Brasil em 52 histórias, Silvana Salerno
As Brumas de Avalon - A Grande Rainha, Marion Zimmer Bradley

Outubro - Graphic novel
Não leio muitas graphic novels, mas tenho curiosidade em conhecer mais.
Retalhos, Craig Thompson
Daytripper, Gabriel Bá & Fábio Moon
O Chinês Americano, Gene Luen Yang *
Koko Be Good, Jen Wang *
Asterios Polyp, David Mazzucchelli *

Novembro - Escritor(a) africano(a)
Não lembro de ter lido muitos escritores africanos, mas também tenho curiosidade em conhecer mais.
O Outro Pé da Sereia, Mia Couto
Luuanda, José Luandino Vieira
Filhos da Pátria, João Melo
Avó Dezanove e o segredo do soviético, Ondjaki
Noites das Mil e Uma Noites, Naguib Mahfuz
Verão, J. M. Coetzee
Desonra, J. M. Coetzee *

Dezembro - Poesia
Raramente leio poesia, então fiquei bem perdida. Resolvi colocar na lista alguns romances em versos também, além de livros "tradicionais".
Morte e Vida Severina, João Cabral de Melo Neto
Burned, Ellen Hopkins
Shark Girl, Kelly Bingham
Far from You, Lisa Schroeder
The Day Before, Lisa Schroeder
Planet Middle School, Nikki Grimes
Stop Pretending, Sonya Sones

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Lago dos Sonhos, Kim Edwards

Capa_LagoDosSonhos_19mm.pdf

Naquele momento, quase 100 anos depois, os acontecimentos de sua vida pareciam fixos, determinados. Porém, eu havia reconhecido em seus curtos bilhetes um arrebatamento inquieto que parecia familiar e que espelhava minha própria busca e minhas dúvidas.

(Lago dos Sonhos, p. 161)

Minha segunda leitura de dezembro foi Lago dos Sonhos, da Kim Edwards. O livro é sobre Lucy, que após um momento problemático de sua vida decide voltar para sua cidade natal, Lago dos Sonhos, onde descobre uma antepassada até então desconhecida. Sua família pode ter segredos nunca antes imaginados, e cabe a Lucy descobri-los.

Eu não tinha nenhum interesse especial no livro, só li porque minha tia me emprestou. Tenho um pouco de preconceito com livro que traz uns tons espirituais, profundos, e tem cara de best-seller.

É um livro interessante por ser diferente do que estou acostumada a ler. A narrativa é bem parada, com muitas descrições, e eu demorei para ler (e me entediei em algumas partes também), mas dessa vez eu não acho que forcei a leitura. Li o livro no tempo certo.

Bom, eu continuo sem gostar muito do tom espiritual e profundo do livro e, apesar de achar que a longo prazo a procura de Lucy foi importante, não entendo a obsessão da personagem pelos seus antepassados. Ela se importa mais com quem já morreu do que com seus familiares próximos e isso me irritou bastante. Mesmo assim, os personagens são bem desenvolvidos e úteis cada um a sua maneira.

O desenvolvimento da história me decepcionou um pouco, tudo acaba se resolvendo facilmente, mas nada mais esperado do que isso, né?

No fim, foi uma leitura interessante mesmo, não tenho muito o que dizer. Recomendo a quem gosta de livros do tipo, mais parados e sobre lições de vida.

The Summer I Lost It, Natalie Kath

The Summer I Lost It Minha primeira leitura para o Desafio Literário de dezembro, tema lançamentos de 2011, foi The Summer I Lost It, da Natalie Kath.

É um livro que eu escolhi pela sinopse mesmo, que diz que é sobre uma garota que vai para um acampamento para pessoas que querem emagrecer (não sei se tem nome para isso em português…). Mas a sinopse estava errada e, na verdade, Kat não vai a acampamento nenhum. Ela queria ir, mas acaba tendo que ficar em casa e indo à academia para conseguir perder peso.

Bom, o livro é destinado a pré-adolescentes, a protagonista tem 14 anos e tem as dúvidas comuns da idade, principalmente sobre garotos.

O livro é curto e em forma de diário, então a leitura é bem rápida. Eu achei que faltou profundidade no livro. Kat perde peso facilmente, tem poucas recaídas e adora a vida saudável que passa a levar. Ah, como eu queria que fosse assim para todo mundo… Na verdade, Kat provavelmente nem muito gorda devia ser. É claro que é bom que os hábitos saudáveis já sejam instituídos cedo, mas ela provavelmente fez mais drama do que o merecido e fez a coisa parecer mais fácil do que é. É bom por um lado, porque incentiva jovens a fazerem o mesmo, mas e quem tentar e não conseguir? Vai se sentir muito pior…

Enfim, é um livro fofinho e traz uma mensagem otimista, mas só isso também. Uma leitura divertida e nada mais, válida principalmente para a faixa etária a que é destinada o livro, pré-adolescentes.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O Menino que se Trancou na Geladeira, Fernando Bonassi

O Menino que se Trancou na Geladeira

A Kulpa, por exemplo, era doença qualquer, como a Gripe Sulflora (nada tão grave quanto o Mal de Uzai-me, por exemplo). Não chegava a matar, nem chegava a feder, mas podia fazer com que um Rico dese uma mão para um Imprensado no Meio (não há menção na literatura crítica de qualquer caso de Rico dar mão a Pobre).

(O Menino que se Trancou na Geladeira, p. 25)

Hoje trago uma resenha atrasadíssima do Desafio Literário. É do mês de setembro, tema autores regionais. A leitura empacou, não tive tempo nem energia para continuar em setembro e deixei para acabá-lo quando tivesse tempo… Só em dezembro.

Eu nunca tinha ouvido falar desse livro antes, encontrei-o no sebo, gostei do título, da sinopse e comprei porque era a melhor opção que tinha. E encontrei algo totalmente diferente do que esperava.

O livro é sobre o menino que vive numa sociedade um pouco diferente da nossa (mas que, ao mesmo tempo, muito semelhante a ela) e conta a história dele, de seus pais e de como ocorre sua ascensão social, por assim dizer.

Bom, na verdade, a leitura foi desagradável. Eu gostei do que eu li em setembro, a parte em que o autor apresenta a sociedade. É engraçadinho, curioso e tal, mas é muita informação ao mesmo tempo e tem maluquices que eu não entendo a razão, como palavras grafadas de forma diferente (míyragens, por exemplo)… Tanto que quando voltei a ler já não estava entendendo nada. Terminei de ler por obrigação mesmo. Se eu tivesse disposição, releria o livro desde o começo, mas isso fica para o futuro (bem) distante… Definitivamente não está na lista de prioridades. Mas, se você gosta de livros diferentes e engraçados, recomendo o livro.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A Dama do Cachorrinho e outros contos, Tchekhov

A Dama do Cachorrinho O sapateiro e o órfão caminham pelo campo, falam sem parar e não se cansam. Poderiam caminhar sem fim pelo mundo. Caminham sozinhos e, em meio a suas conversas sobre a beleza da terra, não percebem que os segue, apressada, a mendiga pequena e débil. Ela coloca pesadamente os pés e ofega. Há lágrimas pendentes em seus olhos. Ficaria contente de deixar aqueles incansáveis andarilhos, mas, para onde e à casa de quem poderia ir? Não tem casa, nem parentes. Queira ou não, resta-lhe andar e ouvir aquelas conversas.

(A Dama do Cachorrinho e outros contos, p. 73)

Minha última leitura para o Desafio Literário de novembro foi A dama do cachorrinho e outros contos, do Tchekhov. A escolha se deu por motivos óbvios: penso em contos e o primeiro autor que vem na minha cabeça é o Tchekhov. Como eu já estava interessada em literatura russa e meu pai tinha esse livro, pronto: escolha decidida.

O livro traz vários (trinta e seis!) contos do autor. A maioria é curta, entre cinco e dez páginas, mas há também alguns maiores. Eles têm alguns assuntos em comum, como mulheres, crianças, pobres, médicos… Tudo isso sempre com um tom de crítica à sociedade.

Bom, o livro é bem comprido pela quantidade de contos e eu li uns dez contos primeiro, depois li outro livro e em seguida terminei, em mais ou menos uma semana. E livros de contos, em geral, não devem ser lidos rapidamente. Ou seja (como sempre anda acontecendo comigo…), a leitura saiu prejudicada. Os contos pareceram repetitivos (e muitos o são mesmo) e de três que eu lia, só um me tocava de algum modo. Assim, já esqueci de grande parte dos contos…

Gostei em especial dos contos com visões sobre crianças, como “O acontecimento”, e de “Homem num estojo”, que traz um personagem no mínimo interessante… Os contos do Tchekhov têm a fama de não te ganhar por nocaute, como diria Cortázar, mas isso não é ruim. Os contos não têm um final brilhante e surpreendente porque a vida não é assim, e são pessoas comuns as retratadas nos contos.

Enfim, é um livro que traz contos para serem lidos e relidos, mas não recomendo que a leitura do livro inteira seja feita de uma só vez.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Contos, Katherine Mansfield

Contos

Oh, como tudo aquilo era fascinante! Como ela se divertia! Como gostava de sentar aqui, observando tudo! Era como uma peça de teatro. Exatamente como uma peça de teatro. (…) Todos eles estavam num palco. Eles não eram apenas a platéia, não se limitavam a assistir; eles estavam atuando. Até mesmo ela tinha um papel e comparecia todo domingo. Não havia a menor dúvida de que alguém teria notado se ela se ausentasse; afinal de contas, fazia parte da encenação. Que estranho não ter pensado antes que as coisas eram assim! E no entanto ali estava a explicação para o fato de ela fazer questão de sair de casa exatamente na mesma hora, toda semana — para não se atrasar para o espetáculo.

(Contos, p. 90)

Minha nova leitura para o Desafio Literário foi esse livro de contos da Katherine Mansfield. Foi mais uma das leituras que não estavam planejadas — minha irmã pegou o livro na biblioteca e me aproveitei. Nunca tinha lido nada da autora nem ouvido falar muito dela, ou seja, não tinha muitas expectativas.

Os contos trazem uma visão mais psicológica dos personagens, que em geral são mulheres.

Há três contos (“Prelúdio”, “Na Baía” e “A casa de bonecas”) que são sobre a mesma família. Desses, o meu favorito (e possivelmente meu favorito do livro todo) é “A casa de bonecas”, que foca nas crianças.

Enfim, não sei muito o que falar do livro. Alguns contos me cansaram um pouco, mas isso pode ser também do momento em que eu os li. Não é o tipo de livro que dá vontade de ler um conto após o outro (e talvez isso seja bom — o problema é quando eu me obrigo a lê-los em seguida) e confesso que não entendi muito bem algum deles, mas, se você gosta de contos, recomendo que dê uma chance à autora.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Dentes Guardados, Daniel Galera

Dentes Guardados

Por que não fazer da morte a obra-prima da vida, o desfecho glorioso de um livro complicado e difícil de entender, mas que contudo nos leva ao riso e ao choro, à dor e ao gozo, à paz e ao desespero?

(Dentes guardados, p. 23)

Minha terceira leitura para o Desafio Literário de novembro foi Dentes guardados, do Daniel Galera. Escolhi o livro porque já o tinha baixado há algum tempo (e você pode lê-lo aqui: http://www.ranchocarne.org/pdf/dentes.pdf).

O livro segue o estilo de Ovelhas que voam se perdem no céu, do Daniel Pellizzari (que eu resenhei aqui). O livro é curto, os contos em geral são pequenos e “pesados” (ou seja, não recomendo a quem não gosta de palavrões e de sexo tratado de forma crua).

Os contos trazem reflexões sobre a vida e sobre o cotidiano. Alguns contos são um tanto irreais (“Os mortos de Marquês de Sade”, “Manual para atropelar cachorros”, “A escrava branca”), naquele tom de “isso pode acontecer mas é muitíssimo improvável”, do qual eu costumo gostar, e nesse caso não foi diferente. A maioria dos contos fala sobre o amor sob um ponto de vista que não é o meu e que acho até um pouco banal, mas isso também não os estraga.

Enfim, é um livro interessante, e eu, que já pretendia ler um romance do autor, fiquei agora mais curiosa.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Beijo, Roald Dahl

Beijo

Para a surpresa do sr. Boggis, o plano funcionou. Na verdade, a cordialidade com que o recebiam em uma casa depois da outra em todo o interior foi, a princípio, bastante constrangedora, até mesmo para ele. Uma fatia de torta, uma taça de porto, uma xícara de chá, um cesto de ameixas, até mesmo um lauto almoço de domingo com a família, tais eram as coisas que continuamente era forçado a aceitar. Vez por outra, claro, havia momentos difíceis e situações desagradáveis, mas é preciso considerar que nove anos são mais de quatrocentos domingos, o que dá um número enorme de casas visitadas. No fim das contas, era um negócio interessante, estimulante e lucrativo.

(Beijo,, p. 83)

Minha segunda leitura do desafio de novembro foi Beijo,, do Roald Dahl. O autor é mais conhecido pelos seus livros infantis, como A Fantástica Fábrica de Chocolate, mas ele também escreveu diversos contos para adultos.

Os seus contos são marcados pelo humor negro, pelo macabro e pelo fantástico, no geral, mas não deixam de ser reais em certo ponto.

Eu já tinha começado a ler esse livro há uns meses e desistido no segundo ou terceiro conto, porque o primeiro conto era muito humor negro para o meu gosto. Decidi dar mais uma chance ao livro esse mês e não me arrependi.

Não considero o livro brilhante, mas foi uma leitura divertida. Gosto da forma que os contos são narrados, normalmente mostrando as linhas de pensamento dos personagens, que são peculiares e reais ao mesmo tempo, de certo modo.

Enfim, para mim o livro é entretenimento com qualidade.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Faca, Ronaldo Correia de Brito

Faca

Irene moía o milho. Repetia um ofício milenar, aprendido de outra mulher como ela, que também aprendera de outra, substituindo o grão a ser triturado, celebrando o trabalho nos mesmos movimentos de mãos, braços e tronco. Gestos arcaicos, que a tornavam iguais a milhões, semente de um saber que se tornava ciência pela repetição. As pedras atritadas salmodiavam uma cantilena monótona, lembrando a dos bilros nas almofadas e a do fuso fiando o algodão cru. A tarde sucedia a manhã e de noite não havia sol. Assim sempre tinha sido e assim sempre seria. O mundo se alimentava dessa ordem simples e a vida de Irene entrava nessa ordem. Havia a casa para cuidar, redes para tecer e o marido que chegava sem ser esperado. Talvez trazido por aquele tropel que ela começava a ouvir.

(Faca, p. 155)

Minha primeira leitura do desafio desse mês, cujo tema é contos, foi Faca, do Ronaldo Correia de Brito.

Foi uma escolha fácil: minha irmã tinha esse livro e eu já me interessava por ele, por ter um tom regionalista que costuma me agradar.

Desta vez não foi diferente. Adorei como o autor retratou o mundo rural do Nordeste brasileiro, uma sociedade de costumes tradicionais, patriarcal, que dá muita importância à família e à honra.

No conto Mentira de amor, por exemplo, vemos uma mulher e suas filhas vivendo trancadas em casa. Apenas o marido tem a chave de casa e pode sair, as garotas simplesmente aceitam a condição e vivem do jeito que podem, já que a mãe ainda sofre com a morte de uma de suas filhas.

A linguagem dos contos também me agradou. Por ser um livro de contos, acredito que as palavras em geral têm que expressar mais do que em romances. Tanto que atualmente eu tenho gostado mais de contos por isso, tenho mais facilidade em entender o que o autor quer passar. Considero o livro é bem escrito, transmitindo as histórias de modo coerente.

A edição, da Cosac Naify, é bem feita. No início de cada conto há ilustrações da Tita do Rêgo Silva que lembram as xilogravuras dos cordéis.

Enfim, eu recomendo o livro para quem gosta de livros regionalistas. Se você não gosta muito de contos ou não conhece muitos, por que não tentar esse livro?

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Crônica de uma Morte Anunciada, Gabriel García Márquez

Crônica de uma Morte Anunciada

Minha última leitura para o Desafio Literário desse mês foi Crônica de uma morte anunciada, do García Márquez. O livro foi a minha escola porque nunca tinha lido nada do autor e nada como um livro não tão grande para começar, né?

O livro é uma reconstituição do assassinato de Santiago Nasar. Ele foi morto pelos gêmeos Vicário e o narrador tenta explicar o que aconteceu, quais foram as razões do assassinato e como ele foi realizado. É uma narrativa breve e com um tom jornalístico. O narrador, que era próximo de Santiago, conta a história mostrando a visão dos envolvidos.

A leitura foi bem interessante. Eu não sei o que exatamente me atraiu, mas a leitura fluiu bem, tendo também a profundidade necessária. É uma história que me interessou e me deixou com curiosidade de ler mais livros do Gabriel García Márquez.

sábado, 29 de outubro de 2011

A Dançarina de Izu, Yasunari Kawabata

A Dançarina de Izu

Minha segunda leitura do Desafio Literário de outubro, cujo tema é prêmio Nobel, foi A Dançarina de Izu, do Kawabata.

Na verdade, só li esse livro porque foi o que a minha irmã pegou na biblioteca. A minha ideia original era de ler Mil Tsurus, do mesmo autor. Mas esse era mais curto e era uma chance única.

O livro é sobre um jovem estudante que viajava sozinho até encontrar um grupo de artistas. Eles passam a viajar juntos e o jovem se encanta pela jovem dançarina de Izu, de apenas treze anos.

Como dá para ver, a história é bem simples. Das cem páginas do livro, apenas cinquenta são da história em si. O resto é um ensaio sobre o Kawabata.

A leitura foi rápida e o livro não me marcou, não tinha nada de especial. É bem escrito e traz aspectos interessantes da cultura japonesa, mas só isso. Mesmo assim, pretendo ler mais livros do Kawabata. Talvez esse não tenha me animado muito por ser uma novela, bem curta.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A Árvore dos Desejos, William Faulkner

Árvore dos Desejos

Após um tempo sem postar, voltei ao Desafio Literário (e espero recuperar o tempo perdido: logo vem uma resenha atrasada… É só eu terminar de ler o livro).

Bom, o Desafio Literário de outubro é sobre ganhadores do Nobel e como primeira leitura escolhi um livro do Faulkner, que recebeu o prêmio em 1949.

A Árvore dos Desejos é sobre Dulcie, uma garota que acorda no dia do seu aniversário e vive aventuras ao lado de seus amigos e de um menino ruivo chamado Maurice, que os convida para procurar pela árvore dos desejos.

A história, para mim, está na linha entre o real e o fantástico. É fantástico, mas não tanto. O livro tem mais um tom de lenda.

A leitura foi rápida e divertida, adorei voltar a ler um livro infantil ótimo e mais tradicional, se posso dizer assim. O livro tem por volta de cinquenta páginas, com ilustrações. Imagino que deva ser lido por crianças a partir de uns oito, nove anos, por ter bastante texto. Mas nada impede que o texto seja lido para crianças menores ouvirem, ou mesmo recontar a história para elas, pois a história se sustenta sozinha.

A única coisa que não gostei muito na leitura foi o tom moral demais no fim do livro. Os ensinamentos são válidos, mas são exageradamente descarados. Não sei se só hoje isso me incomoda ou se quando eu era menor me irritaria também, mas é também uma opinião bem particular — há muita gente que prefere livros puramente educativos.

Sobre a escrita de Faulkner não tenho muito a dizer. Achei-a simples, válida e boa para um livro infantil, embora algumas estruturas das frases me soaram um pouco artificiais, mas isto pode ser devido à tradução.

O livro é da Cosac Naify, portanto a edição é ótima (e cara!). O interior do livro é lindo, algumas páginas são roxas e outras brancas, e até a fonte é legal. Isso sem contar as ilustrações, que complementam a história mas já são incríveis por si só:

ÁrvoreEnfim, recomendo A Árvore dos Desejos para quem gosta de literatura infantil e fica a minha curiosidade para ler adulto do Faulkner.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Macário, Álvares de Azevedo

Macário Minha leitura para o Desafio Literário de agosto foi Macário, do Álvares de Azevedo. Esse livro nem estava na minha lista, mas como percebi que não teria tempo para ler os romances que escolhi acabei lendo essa peça.

O livro é sobre Macário, um estudante que se encontra com Satã numa taverna. A peça tem como foco a conversa, tanto entre eles quanto com Penseroso, amigo de Macário.

Sendo totalmente sincera, eu não prestei muita atenção na leitura. Ou eu prestei e sou burra demais para entender. Mas como li só por obrigação, acredito mais na primeira das opções.

Eu realmente não entendi o livro a partir do segundo ato. Não sei de onde surgiu o Penseroso, por que de repente o foco passou a ser em seus monólogos intermináveis… Enfim, não posso dizer se o livro é bom ou não.

Mas uma coisa interessante em ler clássicos brasileiros sem ser para o colégio é ver o que ficou e como as obras se relacionam às escolas literárias. Não tem como não relacionar Macário às características mais básicas e óbvias do Romantismo. Para mim, isso é um pouco enfadonho, apesar de ser interessante ao mesmo tempo.

Conclusão: caso se interessar pelo Álvares de Azevedo, leiam Noite na Taverna antes. Se gostar, eu recomendo Macário também.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Os Treze do Orkut, Henderson Bariani

Os Treze do Orkut Minha última leitura para o Desafio Literário desse mês foi Os Treze do Orkut, do Henderson Bariani. Escolhi este livro pois ele estava disponível online, é bem curto e trata de um tema que poucos livros tratam: as redes sociais.

O livro, baseado em fatos reais, conta a história da comunidade do Orkut “Acre is a lie”, como ela nasceu até o seu fim, além de mostrar a intervenção de pessoas tentando acabar com ela.

O livro é bem escrito, mas também não brilha nesse aspecto. Ele apenas conta rapidamente como os fatos aconteceram, sem explicar muito bem cada coisa. Parece (e é) algo só para não esquecer dos fatos, não para mostrar para outras pessoas que não participaram dos eventos.

Eu gostei da parte que mostra os personagens fora da comunidade, mas faltou explicar o que fez a “Acre is a lie” tão importante.

Enfim, eu recomendo o livro apenas se você conhecer a comunidade.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Binno Oxz e o Clã de Prata, Fábio Henckel

Binno Oxz e o Clã de Prata

Minha terceira leitura para o Desafio Literário de junho foi Binno Oxz e o Clã de Prata, do Fábio Henckel. Este livro não estava na minha lista original, mas uma amiga minha me emprestou e eu decidi matar a minha curiosidade a respeito do livro, criada porque eu conheci o autor no Bienal e ele tinha alguns gostos em comum comigo (Desventuras em Série e Um Grande Garoto. Livros comuns, mas é raro um escritor juvenil dizer que gosta do Nick Hornby tão rapidamente).

O livro é sobre Binno Oxz (dã), um jovem que viveu a vida toda num internato em Uttopy. Ele gosta muito de informática e um dia cria um software de inteligência artificial (IA) para poder participar de um RPG. Porém, esse IA põe todo o mundo em perigo e por isso Binno acaba indo parar em outra cidade, onde ele faz novas amizades e vive novas aventuras.

A leitura foi rápida e divertida, porém tem vários aspectos do livro que eu não gostei.

Primeiro, há muitas semelhanças com Harry Potter. Tudo bem, eu vejo semelhanças com HP em quase qualquer livro infanto-juvenil recente, mas isso não deixa de incomodar. Os dois livros têm um formato parecido: uma introdução ao mundo onde vivem, já com pequenas aventuras; um período de aulas, que é minha parte favorita e uma grande aventura no final, que é a parte mais chata. Além disso, Binno Oxz também tem um esporte diferente, professores chatos com matérias semelhantes e até escadas saltitantes, por exemplo.

Além disso, eu não gostei muito das cenas de ação do livro. O jogo de shockey não foi bem descrito e toda a parte final me pareceu fácil demais, um pouco forçada.

Apesar do projeto gráfico do livro ser muito bom, a revisão podia ser melhor. Muitas vírgulas desnecessárias (separando sujeito do predicado, verbo do objeto… Não é nem que isso dê um tom mais informal pro texto, simplesmente soa errado e só), algumas palavras que deviam ter acento não tinham, muita repetição de palavra ou pronomes confusos… Enfim, não duvido que até eu faria uma revisão melhor.

Os personagens do livro, no entanto, são bem desenvolvidos e interessantes. Gostei bastante do Orion…

Eu recomendo o livro para fãs de juvenis, pois, apesar dos problemas, a leitura vale a pena.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Ovelhas que voam se perdem no céu, Daniel Pellizzari

Ovelhas que Voam se Perdem no Céu

Minha segunda leitura desse mês foi Ovelhas que voam se perdem no céu, do Daniel Pellizzari. Escolhi este livro porque está disponível para download gratuito e é curto, de contos. Uma boa oportunidade para conhecer um autor novo (embora ele não seja tão novo assim, já que esteve numa coletânea de autores dos anos 90).

Alguns contos do livro têm acontecimentos bizarros tratados com normalidade e outros têm acontecimentos normais vistos de outro ponto de vista. Gosto dessas duas visões e acho que eles foram explorados com criatividade.

A escrita do autor flui bem e conseguiu me prender. Houve vários momentos em que me senti realmente dentro da história, capaz de entender o personagem. Mas também tem coisas que não entendi direito, tipo o porquê de usar só letras minúsculas em alguns contos. Para mim isso é coisa de pseudo-cult, desculpa aí.

Mesmo assim, recomendo o livro para quem gosta de contos. Ele está disponível aqui: http://www.cousas.org/pdf/ovelhas.pdf

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Apenas um Herói, Daniel Frazão

Apenas um HeróiApenas um herói, do Daniel Frazão, foi a minha primeira leitura deste mês pro Desafio Literário, cujo tema é novos autores. Escolhi o livro porque já o tinha, devido a uma troca no sebo. É o tipo de livro que provavelmente eu nunca iria conhecer se não tivesse que escolher algum livro daquele sebo e o título e a lombada, primeiramente, tivessem me chamado a atenção - não no sentido de serem especiais, mas de serem normais, prometendo um livro ok e fácil de gostar. Por isso, não sabia muito bem o que esperar do livro. Quer dizer, parecia interessante pela sinopse, mas há tantos livros que nos decepcionam, principalmente se não há referências boas de gente confiável… 

Enfim, vamos a história: Plínio Sandoval é um cara comum, mora no Rio de Janeiro e é desempregado. Na verdade, ele é solitário, acha tudo um saco e ainda sonha com sua paixão de adolescente. Um belo dia, ele recebe um telefonema de seu irmão, dizendo que o tio deles morreu e que há a possibilidade de uma herança. Plínio fica eufórico e decide entrar nos eixos, trabalhando, antes de ficar rico. Ele acaba indo parar num necrotério e continua a viver a sua vida infeliz lá, esperando pelo dinheiro do tio morto que ele nem lembrava quem era.

Basicamente, Plínio é um filho-da-puta e sabe muito bem disso. E é até fácil simpatizar com ele nos seus momentos de Holden Caulfield, com suas observações sinceras sobre a humanidade. Porém, ele não deixa de ser um idiota em várias de suas ações. Achei-o bem construído, mas é triste um personagem tão cativante por um lado ser tão besta por outro. Os outros personagens também são interessantes, principalmente Lola, a única verdadeira amiga de Plínio. Apesar de alguns personagens não serem tão desenvolvidos, até porque tudo é visto pelos olhos do protagonista, eles parecem reais.

Sobre a trama em si, posso dizer que, mesmo não acontecendo quase nada no livro inteiro (e não vejo isto como um problema, já que a força dele está no protagonista), muito dos acontecimentos me pareceram irreais. Só acontece tragédia na vida do cara, e tragédias grandes. Até cheguei a pensar se algumas coisas não eram só devaneios de uma cabeça latejante…

A escrita do Daniel Frazão me agradou em muitos momentos, mas em outros pareceu forçada também, principalmente no começo. Tem vários clichês também, porém acho isso verossímil, considerando que o livro é narrado por Plínio.

Para concluir a resenha que ficou incrivelmente grande para meus padrões, não sei se recomendo o livro ou não. Acho que vai do gosto de cada um, se você gosta de romances de personagens infelizes e reais que falam um monte de palavrões, provavelmente você vai gostar do livro. Para mim, valeu a pena ter lido o livro, mas se eu tivesse comprado o livro no seu valor integral e com expectativas mais altas, teria me decepcionado.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Seis Personagens à Procura de Autor, Luigi Pirandello

Seis Personagens à Procura de Autor

O Diretor: Mas eu só queria saber onde é que já se vi um personagem que, saindo do seu papel, tenha começado a falar em defesa dele como o senhor, propondo e explicando como ele é. Sabe me responder? É uma coisa que eu nunca vi!

(Seis personagens à procura de autor, p. 124)

Minha terceira leitura para o Desafio Literário de junho foi Seis personagens à procura de autor, do Luigi Pirandello. Li o livro porque foi a escolha da minha irmã, então não tinha nenhum interesse especial pela obra.

O livro é sobre uma companhia teatral que ia ensaiar uma peça e é interrompido por seis personagens, que querem contar a sua história às pessoas.

Há diversas mensagens no livro, mas a mais clara para mim foi sobre teatro. Até porque, apesar do meu personagem não ter sido muito bem absorvido por mim, eu já estive em um palco e tive aulas de teatro. Mas o livro não é só sobre teatro e há muito a se pensar sobre ele e sobre a história dos seis personagens, que, por si só, já é interessante.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

As Sabichonas e Escola de Mulheres, Molière

As Sabichonas e Escola de Mulheres

Minha segunda leitura para o Desafio Literário foi As Sabichonas e Escola de Mulheres, do Molière. A minha ideia inicial era ler só a segunda peça, mas como não encontrei um livro só com ela decidi ler as duas.

As Sabichonas é sobre Henriqueta, uma mulher que quer casar com um homem mas sua mãe quer que case com outro, supostamente mais erudito. Já Escola de Mulheres é sobre Arnolfo, um homem que decide se casar com Agnès, que ele criou desde pequena para ser ingênua. Mas esta está apaixonada por outro.

Eu não sabia, mas as peças de Molière são em verso. Fiquei com medo de serem mais difíceis e chatas por causa disso, mas logo me acostumei. O único problema é que em alguns momentos eu comecei a ler meio automaticamente sem entender o que os versos queriam dizer, só achando as rimas bonitas.

As duas peças trazem críticas interessantes. As Sabichonas, por exemplo, critica aqueles que confiam demais nos eruditos.

Mesmo o livro tendo um tom crítico, ele é bem divertido e vale a pena para conhecermos melhor os costumes da época.

(desculpem pelas péssimas resenhas, faz tempo que não me sinto inspirada para escrever…)

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Vestido de Noiva, Nelson Rodrigues

Vestido de Noiva Minha primeira leitura para o Desafio Literário de junho, cujo tema é peças teatrais, foi Vestido de Noiva, do Nelson Rodrigues. Escolhi o livro porque já o tinha há agum tempo e também para conhecer melhor a obra do Nelson Rodrigues.

O livro é sobre Alaíde, uma mulher de classe média que foi atropelada. Ele é separado em três planos: realidade, lembrança e alucinação, que vão se mesclando e, lentamente, conseguimos entender melhor a história de Alaíde.

Não leio peças teatrais com frequência, mas também não é um gênero que eu não goste. Porém, nesse livro, as rubricas me incomodaram bastante. Praticamente todas as falas vinham com a intenção do personagem, o que irrita um pouco, até porque a maioria delas era óbvia. Porém, as rubricas também ajudaram em algum momento, por mostrar melhor como são os personagens e como eles rapidamente mudam de tom.

O livro retrata de forma interessante a sociedade brasileira rica da época e traz um humor sutil que me agradou.

Fiquei com vontade de ver uma boa encenação da peça, acredito que a peça possa crescer bastante nos palcos, apesar de parecer difícil de ser encenada, na minha visão.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Na Natureza Selvagem, Jon Krakauer

Na Natureza Selvagem Minha segunda (e atrasada) resenha para o desafio de maio é a de Na natureza selvagem, de Jon Krakauer. Eu já tinha visto o filme há algum tempo, então escolhi este livro para conhecer melhor a história.

O livro é sobre Chris McCandless, um jovem americano que decide abandonar por um tempo a sociedade e viver sozinho na natureza. O livro conta as viagens de Chris e como era sua vida, sua relação com sua família e relaciona com a trajetória de outros jovens aventureiros.

A leitura foi interessante, no geral. As conversas com quem conviveu com Chris dão mais detalhes e nos fazem entender melhor quem foi ele. Porém, o livro tem alguns momentos que se focam nas experiências do próprio autor, que achei entediantes e desnecessárias.

Uma coisa ótima no livro é que cada capítulo começa com alguns trechos de livros relacionados à história, sendo muitos deles trechos que McCandless gostava.

E uma coisa ruim é não conhecer as paisagens por onde ele passa e assim não conseguir imaginar direito como foi a viagem. Por isso, preferi o filme, que enrola menos e é mais bonito, mais fácil de entrar no clima. Mas não deixo de recomendar o livro àqueles que se interessaram pela história de Chris.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

1968 – o ano que não terminou, Zuenir Ventura

1968

Minha primeira leitura do mês de maio para o Desafio Literário foi 1968 – o ano que não terminou, de Zuenir Ventura. Escolhi este livro por tê-lo em casa e por já ter ouvido falar dele em aula, pois, na verdade, não conheço muitos livros-reportagens e portanto não tinha um interesse especial por algum.

O livro mostra como foi 1968, o que aconteceu de importante aqui no Brasil que levou à criação do AI-5, com muitos depoimentos de pessoas decisivas para os acontecimentos do ano.

Eu não entendo muito de política e não sei mais sobre a ditadura brasileira do que foi ensinado na oitava série. Por isso, fiquei meio perdida durante vários momentos do livro, mas nada que fosse realmente essencial ou que se eu estivesse lendo melhor não conseguiria entender.

O que mais me prendeu na leitura foi a parte cultural, sobre os festivais de música, por exemplo, até porque eu tinha um conhecimento maior sobre quem era a maioria dos personagens.

Não me sinto apta a falar muito do livro, já que não acho que minha leitura foi profunda o suficiente e fico em dúvida se parte da culpa não é do livro mesmo, que, apesar de ser fácil de ler, tem acontecimentos demais em pouco tempo, sendo difícil de assimilar para ignorantes do assunto.

Assim, recomendo àqueles que têm um interesse pelo tema ou mesmo viveram em 1968. E pretendo relê-lo quando tiver paciência e mais conhecimento, pois sei que será uma leitura muito mais proveitosa.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Feios, Scott Westerfeld

Feios

Tally Youngblood é feia. Prestes a completar dezesseis anos, espera ansiosa por sua operação, que a tornará perfeita. Assim, ela poderá viver em Nova Perfeição, cheia de gente bonita à sua volta com muitas festas e diversão. Porém,sua amizade com Shay, outra feia, pode pôr em risco tudo aquilo que Tally sempre sonhara e até mesmo mudar seus pensamentos em relação àquilo que deseja.

Feios, do Scott Westerfeld, foi a minha terceira leitura do Desafio Literário de abril. Escolhi esse livro pela sinopse mesmo, por ser uma distopia juvenil e que propõe algo um pouco diferente. Seu foco não é político. E é aí que está a principal falha do livro, na minha opinião.

Feios traz um reflexão sobre a ditadura da beleza, mas não de forma satisfatória. O que ele nos diz é óbvio. As críticas mais evidentes não espantam ninguém. Falar que nós estamos destruindo o meio ambiente e que a anorexia é ruim chega a ser clichê.Talvez não tanto em um livro para adolescentes que em teoria não é para ser educativo, mas a forma como ele critica é rasa. Até o meio do livro, não houve nada que me fizesse simpatizar pelo mundo criado pelo autor e pela história em si. Felizmente, a parte final conseguiu me deixar com uma impressão não tão negativa.

Mesmo assim,os personagens, em sua maioria, são chatos. Tally é burra demais, Shay é rebelde demais, Peris é idiota. Mas aí temos David, um personagem feito para cair no gosto das garotas. E caiu no meu. Apesar de ser bem clichê, ele tem a sua simpatia e a história se transforma quando ele aparece e os segredos, apesar de também serem óbvios, são revelados.

Este foi o segundo livro do Scott Westerfeld que eu li e não gostei muito. Além das histórias sem muita graça, o estilo do autor não me agradou. Enfim, apesar de tudo, talvez eu leia a continuação, pois o final me deixou curiosa para o próximo.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

O Homem do Castelo Alto, Philip K. Dick

O Homem do Castelo Alto

- De mistério não – disse Paul. – Ao contrário, uma interessante forma de ficção, talvez dentro do gênero de ficção científica.

- Oh, não – discordou Betty. – Não tem nada de científico. Não se passa no futuro. Ficção científica lida com o futuro, sobretudo o futuro em que a ciência é mais adiantada do que agora. O livro não é nada disso.

- Mas – disse Paul – trata do presente alternativo. Existem muitos livros célebres de ficção científica desse gênero. – Explicou para Robert: – Perdoe minha insistência mas, como minha mulher sabe, fui durante muito tempo fanático por ficção científica. Comecei a ler o gênero aos doze anos.  Nos primeiros dias da guerra.

(O Homem no Castelo Alto, p. 127)

A minha segunda leitura do Desafio Literário de abril foi O Homem no Castelo Alto, de Philip K. Dick, um dos principais autores do gênero.

O livro conta como seria se a Segunda Guerra Mundial tivesse sido vencida pela Alemanha e pelo Japão, quais as consequências para o mundo e principalmente para os Estados Unidos, país onde estão os protagonistas do livro.

O livro mostra vários personagens diferentes, cujas histórias se entrelaçam. Alguns me interessam bastante, mas aqueles nos postos políticos me entediaram um pouco, imagino por falta de conhecimento sobre o assunto.

A influência do I Ching na história foi um tanto exagerada, na minha opinião. Foram muitos os momentos filosóficos de personagens como o sr. Tagomi que não conseguiram me fazer filosofar nada, diferente da história em si que me fez refletir.

O que eu mais gostei da história foi a metalinguagem: um livro de história alternativa que traz como um dos elementos principais um livro de história alternativa, em que a Alemanha e o Japão perderam a guerra.

Para mim, a ideia de O Homem do Castelo Alto ficou muito além da execução. O livro tem uma ideia muito boa, mas com algumas partes entediantes e um final que me decepcionou.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

O Guia do Mochileiro das Galáxias, Douglas Adams

O Guia do Mochileiro das GaláxiasO tema de abril do Desafio Literário é ficção científica e minha primeira escolha é O guia do mochileiro das galáxias, do Douglas Adams. Escolhi esse livro por ser muito comentado e por eu já ter visto o filme de 2005 (e não gostei deste, mesmo com o Marvin mais cativante).

O livro conta sobre Arthur Dent, um homem comum. Num belo dia, a sua casa deve ser destruída para a construção de um desvio. Então, aparece seu amigo Ford Prefect e o salva da súbita destruição da Terra, pegando carona em uma alienígena. Pouco depois, eles se juntam a Zaphod, Trillian e Marvin, o robô maníaco-depressivo. Sempre em companhia de Ford vai também O guia do mochileiro das galáxias, o melhor guia de viagens interplanetário.

A leitura foi fácil, rápida e divertida. Não achei o humor tão genial quantos muitos acham e não cheguei a gargalhar, mas foram vários os sorrisos ao ler o livro. Além disso, o livro tem alguns momentos reflexivos também. Porém, alguns momentos foram tecnológicos demais para mim (leia-se: não entendi nada).

Sobre os personagens, gostei mais do Arthur (é normal, sem muita personalidade, portanto rola uma identificação comigo). Achei alguns chatos, mas necessários, como Zaphod, enquanto Marvin foi uma decepção. Gostei tanto dele no filme, mas achei-o irritante em vários momentos no livro…

Enfim, é um livro bom, mas quem tem altas expectativas corre chance de se decepcionar. Eu pretendo ler os outros (quando a coleção estiver com desconto no Submarino), mas dando um tempo entre um volume e o próximo, para não ficar cansativo.

quarta-feira, 30 de março de 2011

A Senhora da Magia, Marion Zimmer Bradley

A Senhora da MagiaLi  A Senhora da Magia, o primeiro livro d’As Brumas de Avalon para o Desafio Literário desse mês, cujo tema é obra épica.

A série conta a história do rei Artur pela visão feminina. Esse  volume é focado em Igraine, Morgana e Viviane, a Senhora de Avalon e não quero dar mais informações a respeito da história, porque quase tudo que é interessante contar está mais para o fim do livro.

A leitura foi normal. O livro não causou praticamente nenhum impacto em mim, em poucos momentos pensei “Que legal”, mas também foram poucos em que pensei “Que chato”… O problema é que o livro tem muita enrolação. Por exemplo, passa tempo demais focado na Igraine esperando, esperando e esperando, o que deu agonia em mim.

Além disso, o estilo da autora é normal, sem uma narração muito característica ou algo do tipo. A edição não é muito boa, é feia e tem alguns errinhos. Já os personagens também são normais para mim. Não gostei muito de ninguém e achei Igraine chatinha e Viviane muito chata, mas como não consegui me envolver com a história também não consegui ter muito ódio por ela.

O que mais me interessou no livro foi a discussão religiosa, tema que é polêmico e que, na minha opinião, foi tratado de forma interessante. Não concordo com tudo que o livro diz, mas gostei do que ele trouxe.

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Eu cheguei a começar a ler um dos meus livros reservas, Eragon, mas não terminei por falta de disciplina/vontade/tempo. Da próxima vez tenho que lembrar de começar os livros antes…

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Boy, Roald Dahl

Boy

A minha terceira leitura para o Desafio Literário de fevereiro foi Boy – Tales of Childhood, do Roald Dahl, um livro de memórias da infância do autor.

O livro é recheado de episódios marcantes da vida de Dahl, como um acidente de carro e as vezes que apanhou na escola.

É um livro infantil, escrito de forma simples e divertida, apesar de algumas explicações sobre como eram as coisas na época serem um pouco desnecessárias para crianças mais velhas e adultos. As histórias são divertidas também, embora não muito criativas (afinal, aconteceram de verdade). Mesmo assim, algumas coisas me soaram bizarras demais e fiquei em dúvida se era tudo verdade ou não.

O livro é ilustrado por Quentin Blake, que também ilustrou muitos outros livros do Roald Dahl, e tem muitas fotos e trechos de cartas escritas pelo autor (interessante ver como a caligrafia dele mudou!).

Para quem conhece vários livros do Dahl, Boy é ótimo para ver de onde ele tirou muito de suas histórias. Já se você não conhece o autor o livro é dispensável, mas não ruim.

Princesa, Jean P. Sasson

Princesa

A minha segunda escolha para o Desafio Literário de fevereiro foi Princesa – A história real da vida das mulheres árabes por trás de seus negros véus, da Jean P. Sasson. O livro conta as memórias de Sultana, uma princesa árabe inconformada pela situação em que vivem as mulheres em seu país.

O livro é dividido em capítulos, cada um contando sobre algum momento da vida de Sultana, como sua infância e seu casamento. Ainda há duas continuações do livro: As filhas da Princesa e Princesa Sultana.

O livro é ótimo para nos mostrar como que as mulheres árabes vivem. Se eu já achava ruim a vida de Marjane, sobre a qual eu li em Persepólis, a condição das mulheres nesse livro é pior ainda, mesmo a maioria delas sendo nobres. Por isso, eu acabei ficando surpresa com a facilidade da vida de Sultana. Afinal, ela não sofre tudo passivamente, pois vive fazendo crueldades com o irmão e mesmo assim tem a sorte de ter uma vida até feliz em relação a da maioria das outras mulheres que são citadas no livro. É claro que ela também sofre bastante, mas perto de outras tragédias nem pareceu muito para mim (desculpem, sou insensível).

As memórias de Sultana são narradas de uma forma fácil de ler, que me prendeu bastante, em primeira pessoa. Porém, a edição que eu li é péssima. Para começar, a capa é feia. Mas tudo bem, isso não importa tanto, porque a capa transmite bem a mensagem de como são as mulheres árabes. O importante mesmo é que o livro estava cheio de erros: de concordância, de digitação e algumas coisas mal escritas… Eu fiquei chocada, porque foi o primeiro livro que eu fiquei realmente incomodada com a quantidade de erros.

De qualquer jeito, recomendo o livro para aqueles que não conheçam muito sobre o assunto e queiram conhecer e espero que as novas edições do livro estejam muito melhores e não prejudiquem a leitura.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Persépolis, Marjane Satrapi

Persepólis

Persépolis, da Marjane Satrapi, não fazia parte da minha lista original do Desafio Literário de fevereiro, cujo tema é biografia e/ou memórias. Porém, minha irmã finalmente consegui alugá-lo da biblioteca neste mês, então decidi incluí-lo no desafio.

O livro é na verdade uma história em quadrinhos que conta a história da autora, uma iraniana que assistiu à derrubada do xá, que causou a ditadura islâmica e à guerra Irã-Iraque e foi embora de seu país sozinha aos quatorze anos, para fugir da guerra.

Persépolis é o primeiro livro de história em quadrinhos que eu leio que é para adultos e conta uma história só, não é uma reunião de tirinhas. A leitura foi bem agradável, a história é interessante e é contada de um modo que me cativou. Não achei a parte histórica muito bem explicada, mas provavelmente porque eu realmente não entendo nada sobre o assunto. Na verdade, o que mais me interessou foi ver o crescimento psicológico da Marjane no contexto em que ela vivia e nesse aspecto me senti bastante satifesita ao terminar o livro.

Os desenhos são simples e muito bonitinhos, em branco e preto. Vi gente reclamando deles, mas para quem não conhece muitas histórias em quadrinhos, como eu, eles não deixam nada a dever e realmente são úteis para a história.

O Véu Eu já tinha assistido ao filme homônimo antes de ler o livro e posso dizer que isso deixou a leitura um pouco mais sem graça, pois eram menos surpresas. Mesmo assim, acredito que quem só viu o filme deveria também ler o livro que o originou. E quem não viu o filme também deveria ler o livro, caso o assunto seja de seu interesse.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

As Aventuras de Pinóquio, Carlo Collodi

As Aventuras de Pinóquio conta a história de Pinóquio, o boneco de madeira que quer ser bom, mas nem sempre consegue.

Li este livro com expectativas baixas, porque minha irmã não tinha gostado muito dele e acabei gostando mais do que esperava, embora não tenha gostado tanto.

A edição que eu li do livro é curta, tem umas cem páginas e várias ilustrações, portanto li o livro inteiro em um dia mesmo. Assim, é o tipo de livro que eu leio mas no final do ano já nem lembro mais dele.

Eu sempre achei o Pinóquio chato no filme e não foi diferente no livro. Eu ficava com raiva dele toda hora e com pena do Gepeto também. Achei também a história estranha em alguns momentos. O Grilo Falante morre, volta como fantasma e depois aparece vivo de novo? Na minha opinião, o livro tem menos sentido do que Alice no País das Maravilhas…

Mas, apesar de tudo, é um livro engraçadinho, mas que seria mais aproveitado por gente menor, que pode ter o que aprender com as lições ensinadas.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

The Graveyard Book, Neil Gaiman

The Graveyard Book

A minha última escolha para o Desafio Literário deste mês foi The Graveyard Book, do Neil Gaiman. Minha irmã tem esse livro há um tempo e eu ainda não tinha lido, mesmo sendo fã do autor, então aproveitei o tema infanto-juvenil para lê-lo.

O livro é sobre Nobody Owens, um órfão que teve sua família assassinada e mora em um cemitério. O menino é criado por fantasmas, fica amigo de uma bruxa e seu guardião, Silas, não faz parte do mundo dos mortos nem dos vivos. O livro mostra a infância de Nobody e como ele amadurece, enquanto o assassino de sua família está à solta procurando por ele.

O livro é escrito de forma simpática, que eu realmente gostei. Os personagens são todos interessantes e bem construídos. Fiquei com vontade de saber mais sobre Silas, Liza, Miss Lupescu e sobre muitos dos mortos que estão no cemitério.

Os primeiros capítulos do livro contam fatos separados da vida de Nobody e aos poucos as coisas vão se unindo e fazendo sentido. Mas eu me decepcionei um pouco com o final, para falar a verdade.

Ainda assim, The Graveyard Book é um livro muito bom e pode ser lido por todos.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A História de Despereaux, Kate DiCamillo

A História de Despereaux

- Porque você, camundongo, pode contar uma história para Gregório. Histórias são luz. A luz é preciosa num mundo tão escuro. Comece do começo, conte uma história para Gregório. Faça alguma luz.
Despereaux queria muito viver, por isso ele disse:
- Era uma vez…

(A História de Despereaux, p. 76)

Era uma vez um camundongo chamado Despereaux. Ele vivia num castelo e era um camundongo diferente. Por exemplo, ele gostava de ler, em vez de comer os livros. Um belo dia, Despereaux conhece a princesa Ervilha e se apaixona por ela.

Temos também a história de Chiaroscuro, um rato que gostava da luz mas que não é bem recebido pela família real pois deveria pertencer ao escuro, no calabouço, e de Migalha Sementeira, uma pobre garota que quer ser princesa. Os dois se unem num plano maligno e eu só posso dizer que o resto envolve um pouco de sopa e um carretel de linha.

O livro, como imagino que já tenha dado para perceber, é uma espécie de conto de fadas moderno. Eu consigo me ver lendo o livro para uma criança e por isso acho meio ruim o fato da narradora sempre conversar com o leitor. Não os comentários em si, mas ela sempre dizer “leitor” me incomodou um pouco, afinal, quem ouve a história não é exatamente o leitor.

Os personagens são interessantes, especialmente Chiaroscuro, com suas dúvidas em relação a ser do escuro ou ir para a luz. A história é contada de forma simples e as ilustrações, do Timothy Basil Ering, são bonitas.

Enfim, é um livro muito fofo, um belo infanto-juvenil.

Sobre a adaptação para o cinema:

O Corajoso Ratinho DespereauxTive a oportunidade de ver o filme logo após ler o livro (obrigada, Telecine!). Infelizmente por isso, acabei comparando as duas histórias bem mais do que deveria se visse o filme bem depois de ter lido o livro.

O filme traz uma história bem similiar à do livro, com algumas mudanças boas e outras que não me agradaram tanto.

Eu gostei de terem feito toda um mundo/cidade para os ratos e para os camundongos, além de terem mostrado mais quem morava fora do castelo, pois ficou bem bonito.

O filme muda um pouco algumas personalidades. Despereaux não é tão corajoso no livro, embora isso não seja problema, enquanto a princesa é muito mais chata no filme e Migalha Sementeira me pareceu mais patética no filme também.

Também acho estranho a diferença que todos veem no filme entre camundongo e rato/ratazana. Tudo bem, eu também imagino um camundongo fofo e uma ratazana assustadora, mas nem por isso ia ficar feliz se visse um camundongo no meu quarto, afinal, ele também é sujo! E no desenho os dois não são muito diferentes, a ratazana nem é muito grande nem suja.

Outra coisa que eu não gostei muito foi a narração, achei desnecessária em alguns momentos e a mulher na versão dublada poderia estar narrando um documentário que não seria tão diferente do jeito que ela narrou.

De qualquer forma, eu gostei do filme, mas teria gostado bem mais se o tivesse visto antes de ler o livro.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Holes, Louis Sachar

Holes

Outro livro da biblioteca alugado pela minha irmã (mas também com a minha aprovação!). Se não me engano, esse livro foi uma das opções de livro de férias, na escola, mas acabei lendo outro. Eu nunca tinha ouvido alguém falar que leu o livro, mas como gosto de literatura infanto-juvenil tive interesse em lê-lo.

Holes é sobre Stanley Yelnats, um garoto que é acusado indevidamente de um roubo de um par de tênis e tem duas opções: ou ele vai para a cadeia ou para o Camp Green Lake. Ele escolhe a segunda opção e descobre que o Camp Green Lake não tem um lago, pois este secou há muito tempo. Lá, o garoto tem que cavar um buraco todo dia, supostamente para formar o caráter. Mas, ao encontrar um misterioso objeto, Stanley começa a suspeitar que na verdade a dona do acampamento está à procura de alguma coisa mais importante enterrada no solo do lago.

Ao mesmo tempo, o livro também conta a história de um antepassado de Stanley, o responsável pelo azar das gerações seguintes da família, pois foi amaldiçoado ao quebrar uma promessa.

O livro foi uma grata surpresa. Depois de ler um livro que promete que tudo vai ter a ver com tudo e na verdade não tem (A Órbita dos Caracóis), ver que tudo está realmente interligado em outro livro é gratificante, mesmo que algumas das ligações sejam previsíveis.

Os personagens do livro são simpáticos, no geral. A maioria é bem construído (embora eu ainda ache que Mr. Pedanski se torna mal de repente), original e real.

A leitura foi rápida, divertida e surpreendente. O livro deveria ser mais conhecido.

Há uma adaptação para o cinema, chamada em português de O Mistério dos Escavadores, que eu não vi ainda e nem pretendo ver depois de descobrir que quem faz o Stanley é o Shia LaBeouf.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A Bolsa Amarela, Lygia Bojunga

A Bolsa Amarela

Li esse livro porque era a outra escolha do Desafio Literário da minha irmã. Não tinha lido nada da autora antes, por falta de interesse mesmo.

O livro conta a história de Raquel, uma garota que tem três grandes vontades: de crescer, de escrever e de ser um menino. Sua família não apoia a garota, zombando das histórias criadas por ela e a menina decide guardar suas vontades em uma bolsa amarela dada pela tia.

A leitura foi agradável, mas não consegui me identificar com a protagonista, pois não conheço alguém que tenha uma família como a dela, apesar de saber que existem muitas. O final do livro que realmente me fez gostar da história, pois é uma graça.

De qualquer jeito, por mais que eu tenha gostado do livro, acho que teria aproveitado mais se fosse mais nova.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A Órbita dos Caracóis, Reinaldo Moraes

A Órbita dos Caracóis

Li A Órbita dos Caracóis porque foi a escolha da minha irmã para o Desafio Literário. Eu não sabia muito bem sobre o que era o livro, só achava a capa bonitinha.

O livro é sobre Tota e Juliana, um casal de jovens paulistanos. Um dia, a garota é perseguida por um homem e depois descobre que uma pessoa, que foi assassinada logo depois, deixou um pequeno CD na antena de seu carro. Por que ela foi assassinada? Ao mesmo tempo, outras pessoas morrem ao comer escargots. Por quê? É na resolução desses dois mistérios que se baseia a história do livro. Mas, por mais que esses eventos pareçam ter uma relação, eles não têm, o que me decepcionou um pouco.

O que eu mais gostei no livro foi o modo que o narrador conta a história, com um vocabulário que me agradou (e não, não sei definir que tipod e vocabulário me agrada), mas não gosto dele conversando com o leitor, porque para mim isso infantiliza o livro, que não considero para crianças, e sim para jovens.

Achei também o final um pouco forçado, mas o livro se revelou bem divertido.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O Rapto do Garoto de Ouro, Marcos Rey

O Rapto do Garoto de Ouro Li O Rapto do Garoto de Ouro, do Marcos Rey, para o Desafio Literário de janeiro, cujo tema é literatura infanto-juvenil. Escolhi esse livro porque queria ler mais algum livro da coleção Vaga-Lume e gosto de outros livros do Marcos Rey.

O livro é sobre Alfredo, o Garoto de Ouro, um jovem que se tornou uma estrela do rock e é raptado no dia de seu aniversário. Os amigos dele, Ângela, Gino e Leo (os mesmos de O Mistério do Cinco Estrelas, Um Cadáver Ouve Rádio e Um Rosto no Computador), decidem investigar o caso. Então, eles passam a entrevistar pessoas do bairro, que conheciam Alfredo, para tentar resolver o crime antes da família do Garoto de Ouro ter que pagar o resgate.

O Rapto do Garoto de Ouro é um livro de mistério “tradicional”, sem muitas surpresas em relação ao formato e, infelizmente, em relação ao final também. Não era tããão óbvio, mas como eu suspeito de todo mundo, não me surpreendi. Apesar disso, é um livro gostoso de ler, curto, fácil e divertido, bom para incentivar o gosto pela leitura dos mais jovens.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Cidade de Ladrões, David Benioff

Cidade de Ladrões

Também ganhei Cidade de Ladrões de aniversário, de uma amiga que disse ter gostado muito do livro. Só consegui lê-lo no fim de dezembro e terminei a leitura no começo desse ano.

O livro conta a história de Lev, um jovem que vive na Rússia na Segunda Guerra Mundial que, por desrespeitar as leis, recebe uma missão um tanto estranha: levar uma dúzia de ovos para que a esposa de um coronel possa fazer um bolo de casamento para sua filha. Junto com Lev vai Kolya, que também desrespeitou as leis, abandonando o exército em que estava. Os dois então saem em busca dos ovos pela região em que vivem, que está miserável, passando por situações diferentes das quais estavam acostumados.

Gostei muito dos personagens principais, Lev é um personagem realista e Kolya é bem carismático, com suas piadas e citações a autores russos.

A história é interessante, mas não conseguiu me prender, do tipo que eu gosto quando estou lendo mas não fico com vontade de ler.

De qualquer forma, é um bom livro.