quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Quarto, Emma Donoghue

Quarto

É esquisito ter uma coisa que é minha e não é da Mãe. O resto tudo é de nós dois. Acho que o meu corpo é meu, e as ideias que acontecem na minha cabeça. Mas as minhas células são feitas de células dela, quer dizer que eu sou meio dela. E também, quando eu digo pra ela o que estou pensando e ela diz pra mim o que está pensando, nossas ideias de cada um pulam na cabeça do outro, que nem lápis de cera azul em cima do amarelo, que dá verde.

(Quarto, p. 22)

Quarto, da Emma Donoghue, conta a história de Jack, um menino de cinco anos que nunca saiu do Quarto onde vive com sua mãe. Os dois vivem presos no Quarto por causa do Velho Nick, que os obriga a ficar lá. Sem opção, Jack e sua Mãe passam o dia assistindo TV, brincando, lendo seus poucos livros… Até que a Mãe tem um plano de fuga. Mas será que vai dar certo?

O livro é narrado por Jack e é isso que dá a graça. Vemos o ponto de vista de alguém que só conhece a realidade do Quarto, não conhece ninguém além da Mãe e tudo o que sabe do mundo é através da TV. Apesar de ter algumas incongruências (afinal, Jack é inteligente demais para alguém de cinco anos — ainda que ele tenha tido mais tempo para se dedicar a “educação” do que as outras crianças), o ponto de vista dele comove e é divertido ao mesmo tempo. Sua linguagem também é bem construída, com erros típicos de crianças.

Sobre a edição, tenho minhas críticas. Há um grande problema com as travessões no livro, MUITAS delas estão faltando. Às vezes até tem o espaço onde deveria estar a travessão e aí dá para entender que é uma fala, mas mesmo assim é chato ver tanta falta de cuidado. A tradução é boa, já a revisão…

O livro é envolvente e interessante, porém não recomendo a leitura para quem não gosta de crianças ou de pontos de vista infantis.

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