quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Retrospectiva de leituras de 2020

Não preciso nem dizer que 2020 foi um lixo. Mas como sempre fui uma pessoa que usa entretenimento como escapismo, em termos de livros, séries e filmes, até que o ano foi bom. Me envolvi em projetos pessoais, descobri novos autores interessantes, voltei a acompanhar conteúdo literário no Youtube e até descobri novos blogs. Seguem alguns comentários sobre o ano:

Estatísticas

Novamente usei uma planilha para marcar as leituras e foi uma experiência interessante, mas que vou abandonar em 2021. Ficar abrindo a planilha me cansava, e eu preenchia coisas que não necessariamente eram minha prioridade só porque uso um modelo pré-pronto (e porque ver os gráficos é bonitinho) e ainda ficava em dúvida de como classificar as leituras dentro das categorias. Em 2021, vou registrar os dados que me interessam em um caderno: formato, origem (da estante, Kindle, emprestado, etc.), nacionalidade, raça e gênero de quem escreveu. Em relação a 2019, meus dados de 2020 não mudaram muito: continuo lendo cerca de um terço de autores americanos, seguidos por brasileiros; leio um pouco mais de mulheres do que de homens; boa parte das minhas leituras LGBT+ vem de contos de autores nacionais.

É divertido ver? É. É inútil? Também.

Lendo a estante
Dizer que o projeto foi bem-sucedido é exagero, visto que estou bem atrasada nas postagens, e também não bati a meta de ler 50 livros da estante (li quase 40. Dos 84 livros que li no ano, é menos de cinquenta por cento, o que é ridículo), mas tem sido divertido pensar em como os livros chegaram na minha estante e como meu consumo de livros tem mudado. Seguiremos em frente em 2021.

Around the year
Completei mais um ano do desafio. Gosto de ler o que der vontade e ir encaixando nas propostas depois, e adoro a variedade de tipos de propostas, mas confesso que sinto falta de um desafio literário mais raiz, daqueles que a gente acompanha as leituras e resenhas dos outros. Como o desafio vem de um grupo gringo do Goodreads, não me sinto muito à vontade lá, porque tenho preguiça de escrever em inglês e sinto que meus gostos não batem com o das pessoas.

Meses temáticos
Em maio, participei da maratona asiática e adorei a experiência, tanto que decidi focar em autores LGBT+ em junho e em autores negros em julho. Como leio mais autores brancos héteros, minhas escolhas de leitura acabam priorizando algo de um branco hétero, e esses meses foram essenciais para olhar minha estante e explorar outras opções. Percebi, por exemplo, que os asiáticos dominam minhas leituras não brancas, que quase não tenho livros de autores negros que não sejam africanos e tenho poucos livros LGBT+ fora do Kindle.

Audiolivros
Me parece que os audiolivros estão cada vez mais populares, especialmente fora do Brasil, e ver tantos booktubers lendo mais em áudio me deixou com uma pulga atrás da orelha. Não sou uma pessoa muito auditiva, mas experimentei o período de teste do Scribd e um tempo depois eles me deram mais uma mensalidade grátis. Vou ser sincera: não acho que me adaptei cem por cento ao método. O que mais funcionou para mim foi ler no Kindle e ouvir ao mesmo tempo, o que aumenta a velocidade de leitura, mas não faz do áudio algo indispensável. Existem audiolivros com uma produção maravilhosa (Beauty queens provavelmente só esta na lista de melhores do ano por causa do áudio: tinha musiquinhas, efeitos sonoros e a autora narrava com sotaques e muita personalidade), mas em outros casos fiquei até perdida sem ter o texto escrito. No futuro, provavelmente vou continuar ouvindo audiolivros somente quando for a forma legal mais prática de obter um livro.

Por fim, as melhores leituras do ano...

As garotas, Emma Cline
As águas-vivas não sabem de si, Aline Valek

Diga aos lobos que estou em casa, Carol Rifka Brunt
And then there were none, Agatha Christie
Beauty queens, Libba Bray
Quinze dias, Vitor Martins
História de quem foge e de quem fica, Elena Ferrante
As coisas que perdemos no fogo, Mariana Enríquez
Smoke gets in your eyes, Caitlin Doughty
A head full of ghosts, Paul Tremblay


...e o grande favorito
A little life, da Hanya Yanagihara, foi definitivamente a leitura que mais me marcou em 2020. Em um ano tão trágico, acompanhar o sofrimento de Jude e amigos foi a catarse que eu precisava. Não é um livro que eu recomendaria para todo mundo, mas A little life me deixou obcecada como há tempos não ficava com um livro.