sexta-feira, 22 de abril de 2016

Os (não tão) últimos filmes que eu vi #18

1- Thelma & Louise (Ridley Scott, 1991)
Foi o  filme da vez dos 1001 filmes para ver antes de morrer. Eu não tinha grandes expectativas, porque tenho um pouco de preconceito com esses novos clássicos hollywoodianos, mas, ou talvez justamente por isso, acabei gostando bem mais do que esperava. É um road movie bem feminista, focado na amizade entre Thelma e Louise e em como elas fazem para escapar das situações em que se meteram porque ousaram desafiar o patriarcado — ou algo do gênero. Você vai encontrar sotaque sulista, tiros e belas paisagens. Achei que o filme poderia ser um pouco mais curto, mas ainda assim vale muito a pena. O discurso do filme infelizmente é relevante até hoje e mesmo eu já sabendo como a história terminaria, não deixei de me impactar. Avaliação: 4/5

2- Pacto sinistro (Alfred Hitchcock, 1951)
Eu gosto muito do Hitchcock, mas até que vi poucos filmes dele. Assisti Pacto sinistro só porque era a indicação do clube do filme da minha irmã e, infelizmente, ele não entrou na minha lista de filmes favoritos do diretor. A história, que envolve um homem sugerindo a outro o crime perfeito — um assassinaria quem o outro quer ver morto, de forma que ninguém suspeitaria, porque eles mal se conhecem e não teriam motivos para o crime —, é interessante, e as imagens criadas pelo Hitchcock, o modo que ele filma, é de fato incrível, mas o filme não me empolgou. Não tive o menor interesse pelo tenista, preferiria ver mais do homem que sugeriu os assassinatos. Faltou emoção, o título em português engana bem dando a entender que alguma coisa vai ser sinistra, mas ainda assim é um bom filme. Avaliação: 3,5/5

Não sou das maiores fãs de filmes biográficos, mas quando o biografado me interessa eu fico mais curiosa. Eu não sabia quase nada da história do Brian Wilson, do The Beach Boys, então foi bom descobrir mais de sua trajetória pelo filme. O enredo é dividido em dois: temos a fase mais jovem, em que Brian é interpretado pelo Paul Dano, mostrando a criação do Pet Sounds (também conhecido como um dos melhores álbuns da história da música) e os seus desentendimentos com o resto da banda, e a fase madura, em que ele é John Cusack, retratando um romance e a luta com seu psiquiatra, que tentava se aproveitar dele dopando-o. Apesar de a história ser interessante, o que brilha mesmo no filme é a música. Fiquei com as harmonias da banda na cabeça por dias e sinto que passei a gostar mais de Beach Boys depois do filme. A cinebiografia não foge muito do convencional em relação ao gênero, mas às vezes o convencional é tudo o que a gente quer. Avaliação: 4/5

4- Frances Ha (Noah Baumbach, 2012)
Finalmente vi esse filme, queridinho de muita gente. É um longa sobre ser jovem, naquela fase em que nada parece dar certo e a vida dos outros parece estar mais encaminhada que a sua, mas a Frances consegue ir em frente e buscar o seu caminho. Na teoria, não parece ir além de vários outros filmes indies ou de séries como Girls, e de fato não é uma história inovadora. Mas é muito bem-feita, com uma bela fotografia e bons atores. Não me identifico totalmente com a Frances — minha timidez me impede de falar metade das besteiras que eu penso —, mas ela é uma personagem muito mais carismática que as de Lena Dunham e companhia, e de fato torci por ela durante sua trajetória. Avaliação: 4/5

5- Babe: o porquinho atrapalhado (Chris Noonan, 1995)
Eu não sei se vi esse filme quando era menor, mas como não me lembrava de nada vou fingir que estou vendo pela primeira vez. Eu tinha uma pelúcia do Babe que meu pai comprou nos Estados Unidos, então talvez eu fosse fã; ao mesmo tempo, ele estreou quando eu tinha só um ano, então se eu vi foi bem depois. Mistérios. Quando vi a lista dos 1001 filmes para ver antes de morrer, achei bem estranho um filme de animais falantes na lista, por isso a curiosidade para (re?)ver. O veredicto é que... é um filme de animais falantes. É interessante comparar com A revolução dos bichos porque tem algumas mensagens semelhantes — não como alegoria política, mas aquele papo de "alguns animais são mais animais que outros". Mas não sou fã de animais falantes de "verdade", prefiro que sejam animados, porque é difícil levar a sério as vozes agudas dos bichos. E o que dizer dos ratinhos esganiçados? Enfim, é um bom filme de sessão da tarde: envolve, diverte e emociona. Mas não faz muito mais que isso, então não entendi qual o apelo para os críticos. O que Babe tem que outros filmes de animais falantes não têm? Avaliação: 3/5

6- Digimon Adventure tri. Saikai (Keitaro Motonaga, 2015)
Na época em que eu voltei a assistir animes, revi o primeiro episódio de Digimon. Apesar da curiosidade em rever meus momentos favoritos da série, o foco nas batalhas me deixou com preguiça, então não continuei a acompanhar. Mas aí estreou essa continuação da série clássica, e achei que seria bom conferir para pelo menos uma vez na vida ficar por dentro do universo otaku. O resultado foi... chatinho. Não é um filme insuportável, e ele tem lá seus momentos brilhantes nas partes cômicas, mas no geral não é grande coisa. Não entendi a motivação do Tai e todo o seu conflito é um tanto idiota: "não vou usar meu Digimon para evitar que o inimigo destrua a cidade porque a batalha vai destruir a cidade!", além de ser simbolizado por uma cena de um celular caindo, o que piora tudo: "se eu lutar, os celulares vão quebrar!". A metade final do filme foca em batalhas, é claro, e ainda tem várias cenas de digievolução repetitivas. Eu odeio essas partes de transformação que repetem todo episódio, o que foi outro motivo para eu desistir de rever a série antiga. Vou ver a continuação do filme porque sou trouxa, mas não o recomendo se você não for fã número um ou fã do tipo nostálgico do anime. Avaliação: 3/5

7- Adeus, Lênin! (Wolfgang Becker, 2003)
Uma vez o meu pai estava vendo esse filme e rindo muito. Desde então fiquei curiosa. O enredo é bem pitoresco: para não causar um infarto na mãe que despertou do coma, o filho não conta para ela que o muro de Berlim caiu, e por isso tem que esconder dela tudo que mostre as influências capitalistas na cidade. A ideia é bem divertida e o filme é bom, mas não sei se é porque eu tinha expectativas altas ou porque não entendo muito da história dessa época, acabei não sendo completamente cativada. Avaliação: 3,5/5

8- Jogos vorazes (Gary Ross, 2012)
Revi o filme para fazer um trabalho na faculdade sobre ele. Não tenho muitas ideias formadas sobre o filme desde a primeira vez que eu vi, acho difícil de avaliá-lo, mas vou tentar explicar isso. Como adaptação, Jogos vorazes é eficaz: entrega os pontos principais da história e mantém o enredo, com poucas mudanças. Mas eu não vejo muito brilho, ele não me empolga. Será que é porque para mim é uma história que depende muito do suspense para funcionar, e conhecê-la pelo livro já acaba com essa possibilidade? Será que é porque os outros motivos de eu gostar do livro envolvem as críticas sociais, e obviamente o filme não tem mérito nisso? Não é que eu não goste do filme, mas sempre me esqueço da existência dele — eu ainda não vi as continuações, mesmo que elas sejam bem elogiadas, sabe. Avaliação: 3/5

9- Cinco centímetros por segundo (Makoto Shinkai, 2007)
Essa é uma animação japonesa bem conhecida entre fãs de animes, mas só vi agora porque sempre deixava para depois. Eu não sabia sobre o que o filme era, só que a animação era bonita. De fato, os cenários são impressionantes. Mas a história, sobre um amor de infância que não deu certo por causa da distância, não me emocionou. O filme é dividido em três episódios. O primeiro foca no menino e no relacionamento à distância dele, e abusa daquele monólogo interior poético que eu particularmente detesto, Já me basta em Shigatsu. O segundo episódio mostra a menina que gosta do protagonista, mas que obviamente não é correspondida, porque ele está preso no seu relacionamento passado. Esse foi o meu episódio favorito. A última história, a mais curta, conclui rapidamente o filme, incluindo uma música meio brega. Enfim, não sei o que eu esperava, mas me decepcionei. A história não parece ter começo, meio e fim, e não consegui me importar com o protagonista. É para ser uma história triste, mas não consegui sentir nada. Avaliação: 3/5

Bom, já está óbvio que eu tenho um fraco por filmes de jovem alternativos e hipsters que não fazem a menor ideia do que estão fazendo com suas vidas. A história do filme é sobre Clara, interpretada por Clarice Falcão, e suas dúvidas sobre a vida. Ela faz faculdade de medicina, mas mata aula todos os dias e não sabe o que fazer. Junto com seu novo amigo Guilherme, ela vai em busca de seus talentos e testando suas qualidades. O filme é bonitinho, engraçadinho e curtinho, e achei legal a forma que ele trata a diferença de gerações. No entanto, é até desconfortável ver o quanto a Clara é privilegiada, porque expõe como eu sou privilegiada também — nós duas podemos, em certa medida, não ter a menor ideia do que estamos fazendo com a nossa vida. Enfim, é um filme para a classe média alta brasileira e compreendo que quem não seja parte desse grupo não goste do filme. Avaliação: 3/5

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Secret society girl, Diana Peterfreund

Now that I was on the inside, Rose & Grave seemed to hold little in common with its formidable and mysterious reputation. Okay, so there were dead bodies (skeletons, at least) in this tomb. So what? They had them in the biology lab as well. And divested in their hoods and freaky-ass makeup, the other knights looked less like a satanic cult and more like a bunch of college kids playing dress-up.
Secret society girl foi um dos primeiros YAs que eu vi fazendo sucesso aqui, na época de ouro da Galera Record. Eu tinha curiosidade em conhecer o livro, mas acabei deixando passar e só fui lê-lo no começo do ano passado no abandonado clube do livro do qual eu participava.

Como o título bem indica, o livro fala sobre sociedades secretas. Amy estuda em uma faculdade da Ivy League e espera entrar na sociedade secreta dos escritores. No entanto, ela recebe o convite para entrar na Rose & Grave, a sociedade mais famosa e que antes só aceitava membros homens. Eles têm ritos estranhos e membros importantes, e de repente a estudiosa mas não exatamente popular Amy precisa lidar com todas as novidades.

Esse é o primeiro volume de uma série de quatro livros e, sinceramente, não é daqueles livros que funcionam sozinhos. Tentei resumir a história deixando claro qual seria o conflito, mas não tem um conflito principal, e sim uma sequência de pequenos problemas e suspenses. O livro não parece ter um grande clímax, funcionando mais como uma introdução para o resto da série.

Acontece o mesmo com os personagens: são muitos para um livro só, então pouquíssimos deles são bem trabalhados. Faz sentido ter um núcleo desse tamanho para uma série, é claro, mas lendo um livro só fiquei com a impressão de que eles foram mal aproveitados.

Mas, apesar dessas impressões ruins, ainda foi uma leitura divertida, rápida e que prendeu a atenção. O problema é que eu cheguei ao fim com aquele sentimento de "é só isso?". De alguma forma eu esperava mais: uma sociedade secreta mais interessante, personagens mais desenvolvidos e um ritmo que funcionasse a história toda. Não tenho planos de continuar a série, mas quem gostar de sociedades secretas talvez se envolva mais. O livro foi bem elogiado tanto lá fora quanto aqui, então quem sabe valha a tentativa.

Avaliação final: 2,5/5

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Retrospectiva: fevereiro e março

• Juntei dois meses de novo porque não fiz nada de interessante em fevereiro. É incrível como a rotina suga nosso tempo e disposição, né? Já estou desejando férias de novo, embora a perspectiva mais próxima seja de greve na faculdade mesmo.


• Para não dizer que foram meses completamente inúteis, algumas coisas não podem passar em branco: em março eu conheci pela primeira vez pessoas da internet (da Revista Pólen)! Eu fiquei meio nervosa porque quase não falei nada, mas aí me lembrei de que simplesmente sou péssima em conversas em grupos grandes mesmo com amigos íntimos e me senti melhor comigo mesma. Achei que minha mãe ia dar aquelas recomendações do tipo "você tem certeza que eles são reais?" até perceber que ela já conheceu muita gente pela internet. Minha mãe, rainha dos orkontros. Pois é.

• Ainda no tópico Pólen, escrevi um texto sobre procrastinação na edição sobre futuro e fiquei muito feliz porque ele fez mais sucesso do que eu esperava — e um pouco triste por bastante gente se identificar, porque ninguém merece esse sofrimento. Apesar de eu ter procrastinado bastante na área ~criativa~, ou seja, nos textos que escrevo por lazer, o começo do ano foi razoavelmente bom na questão da produtividade acadêmica, ou pelo menos foi melhor do que no ano passado. A única parte que está sofrendo bastante é o meu estudo de japonês, que está renegado ao dia de véspera da aula e não está funcionando nada bem. 

Em fevereiro e março:  
Eu vi… vários primeiros episódios. Comecei a ver Jessica Jones, tentando dar uma chance para os super-heróis com uma série pouco típica de super-herói, Master of None, uma comédia que eu queria amar mas ainda não rolou, Kogepan, um anime fofo e doidinho, entre outros. Assisti a primeira temporada de Jane the Virgin e adorei, mas a segunda está um pouco repetitiva. E estou acompanhando também MasterChef Brasil, que ainda não está muito empolgante (e tenho a impressão de que menos gente está assistindo, o que significa que a minha timeline não fica tão engraçada).

Eu li… Pride and prejudice pela primeira vez! Não gostei muito de Razão e sentimento, por isso minhas expectativas para outras obras da Jane Austen eram baixas. Continuo achando que a autora não é bem minha praia, mas apreciei bem mais a leitura sobre o casal Bennet e Darcy, por motivos que explicarei melhor na futura resenha.

Eu ouvi… pouquíssima coisa nova, de novo. Não consigo fazer obrigações com música ao fundo, e esses meses foram cheios de tarefas, então...

Eu escrevi…  minha primeira newsletter! Como dá para perceber pela data, ainda não entrei no ritmo certo, mas tenho planos de escrever quinzenalmente.

Eu comi… chocolate! Nos últimos anos não ganhei muita coisa de Páscoa, mas nesse eu até ganhei um ovo (vantagens de trabalhar em um escritório) e vários doces. Agora não sei o que fazer para acabar com o vício. Dicas?

Eu fui… para Santos conhecer o novo apartamento dos meus tios. Passei uns três anos sem ir para a praia e de repente eu viajei duas vezes em três meses. Não gosto muito de praia, mas a viagem foi legal.


Eu (não) comprei… nenhum livro nesse ano!!! Fico muito feliz, mas é claro que a minha irmã lembrou que esse ano tem Bienal e já estou pensando em tudo que vou comprar.

Eu fiz… fichamentos, resenhas, papers, lições de casa. Definitivamente não vou sentir falta dessa rotina de tarefas quando me formar na faculdade.
 
No blog:
• Comecei fevereiro com a resenha de Por que Indiana, João?, um YA brasileiro bom, mas que tinha potencial para ser melhor.

• Em seguida, fiz a retrospectiva de janeiro.

• Resenhei O crime de padre Amaro, livro que li para a aula de Literatura Portuguesa na faculdade.

•  Iniciei uma seção de comentários sobre CDs para falar um pouco de música de vez em quando.

• A próxima resenha foi de Eles eram muitos cavalos, outra leitura para a faculdade.

• Vi alguns filmes do Oscar desse ano e comentei sobre eles. A maioria é de animação, nas categorias principais eu mal sou capaz de opinar.

• Escrevi sobre Dash & Lily Book of Dares, um YA fofinho e natalino.

• Tirando o atraso, finalmente fiz a resenha do anime Shigatsu wa kimi no uso. É um daqueles casos de coisas que eu gostaria mais se as pessoas não amassem tanto. Superestimado, eu diria.

• Por fim, resenhei Antes de dormir, um suspense eficiente, mas pouco marcante.