segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Marina, Carlos Ruiz Zafón

Marina

Marina é minha última leitura do mês para o Desafio. Minha tia me emprestou esse livro faz um tempão e eu só tive a oportunidade de lê-lo agora.

Já tinha lido A Sombra do Vento do mesmo autor há um tempo. Gostei bastante, mas achei superestimado. Continuo com essa opinião ao ler Marina.

O livro conta a história de Óscar Drai, um menino de quinze anos que mora num internato. Um dia, em um passeio por Barcelona, ele vê uma casarão com cara de abandonado. Curioso, ele entra e depois de um tempo fica amigo de Marina e do pai dela, moradores do casarão. Juntos, Óscar e Marina vão desvendar um incrível mistério.

No início, a história não me prendeu. Eram muitas descrições, cheias de metáforas… No geral, eu ainda não curto a linguagem poética do Zafón ao descrever as coisas. Depois de um tempo eu comecei a curtir mais o livro. Quando o mistério começa, não dá para parar de ler. O autor vai nos dando dicas sobre a resposta do mistério (María Shelley, sério?), mas mesmo assim eu continuei curiosa para saber como as coisas se resolveriam.

Não sei se isso é considerado spoiler, mas achei que o livro não teria tons sobrenaturais, pelo menos não tanto. Eu achei que ficou meio deslocado, ainda não engoli essa parte.

Diferente de um monte de gente, que não entendeu a união da parte mistério com a emocional, eu achei a união das duas bem feitas. Gostei bastante do livro ter mais de um “tom”.

Zafón, como em A Sombra do Vento, continua sabendo criar ótimos personagens e usar bem a cidade de Barcelona como cenário.

Recomendo o livro para quem gosta de mistérios diferentes, linguagem poética e um tom sombrio e até nostálgico.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Sobreviventes do Holandês Voador, Brian Jacques

Sobreviventes do Holandês Voador

O Holandês Voador é um barco condenado a navegar eternamente pelos mares. Desse barco só saíram vivos um menino e um cachorro, salvos por um anjo que lhes deu uma missão: ajudar os necessitados em troca de juventude eterna.

Nunca tinha ouvido falar desse livro antes, só o li porque a sócia da minha mãe me emprestou. Pela capa, título e sinopse, achei que o livro focasse mais na parte de navegação. Mas me enganei, a parte do barco ocupa apenas as cinquenta páginas iniciais. O resto do livro mostra duas “boas ações” do menino e do cachorro: ajudando um pastor e ajudando uma pequena cidade a não virar uma grande fábrica (e assim conhecendo novos amigos e buscando pistas para um tesouro).

No começo, não estava gostando muito do livro. Mas insisti na leitura e no meio passei a aproveitá-la mais, até que do meio para o fim voltei a gostar menos. A principal razão para eu não ter gostado do final é que Ban e Din, o garoto e o cachorro, são personagens chatos. Ban é aquele menino bom e esperto, de quem todos gostam… Sem graça. E Din é o cachorro inteligente e supostamente engraçado (eu não vi graça). Os outros personagens do bem são simpáticos pela descrição, mas todos agem da mesma forma, não são bem desenvolvidos. É muita bondade sem personalidade para um livro só.

Além disso, a parte da “caça ao tesouro” foi um pouco cansativa para mim. Eles encontram uma pista, demoram para decifrá-la (os personagens bonzinhos se revezam para cada um descobrir uma parte da dica) e para encontrar a próxima.

Concluindo, foi uma leitura divertida, mesmo com seus pequenos problemas. É um livro de entretenimento, e cumpre o seu papel sem se destacar.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O Livro Selvagem, Juan Villoro

O Livro Selvagem

O Livro Selvagem conta a história de Juan, um garoto de treze anos. Seus pais estão passando por problemas e ele é obrigado a passar as férias na casa do tio Tito, dono de uma enorme biblioteca particular. Juan nunca gostou tanto assim de ler, mas aprende com Tito que é um leitor especial. Junto com o seu crescente amor por livros, nasce também o amor por Catalina, a bela garota da farmácia. Juntos, a garota, Juan e Tito vão buscar o Livro Selvagem na biblioteca, um livro especial que não quer ser encontrado pelas mãos erradas.

Esse livro é uma graça. Eu tive vontade de ler desde que foi lançado no Brasil, mas só li agora ao pegá-lo na biblioteca. Fazia um tempo que eu não lia infanto-juvenis simpáticos como esse. Os livros em que há um clima de fantasia mas não um mundo de fantasia propriamente criado sempre me encantaram (dá pra entender?).

A leitura foi rápida e divertida. Adorei o Juan como narrador e como personagem, e sua incrível família, principalmente o tio Tito e a irmã Carmen com seus bichinhos de pelúcia.

É do tipo de livro que não importa qual será a resposta do mistério  (porque, no caso, já era meio óbvia a resolução), e sim como ela vai ser narrada e o que acontece no percurso.

O livro também é ótimo para quem gosta de livros sobre livros. Tio Tito tem várias frases profundas sobre leitura e são usadas várias referências aos clássicos. Mas, para mim (e isso porque eu tenho uma visão bem particular sobre leitura), esse é um dos pontos negativos do livro. Ele endeusa demais a leitura e os livros. Não é como se a leitura fosse sempre o remédio para a alma. Sim, funciona às vezes, assim como filmes, música, comida podem funcionar, por exemplo. Isso é só um detalhezinho, e é algo que mais me incomoda por aí do que no livro em si. Até porque no final não fiquei tanto com essa impressão, e sim feliz com a leitura fofa e um pouco triste por sair da biblioteca de Tito.

domingo, 13 de janeiro de 2013

Arlington Park, Rachel Cusk

Arlington Park
Ele entrelaçou os dedos nas tranças de cor sem graça. Nem sequer estava prestando atenção no que fazia, ela percebeu. (…) Simplesmente continuou a enrolar os cabelos nos dedos, distraído, esquecendo o que sentira apenas um minuto antes. Sentira que ela estava distante dele. Ela sabia: ele a vira ali no corredor e se lembrara de que ela se mantinha afastada dele. Era como quando Juliet de vez em quando ficava na frente da televisão com o controle remoto, trocando de canal para encontrar alguma coisa para as crianças assistirem, e um fragmento de noticiário aparecia na tela. Ela via uma guerra ou um terremoto, rostos de vítimas da dor ou de pessoas segurando armas, via regiões de poeira e montanhas distantes. Via isso, alguns instantes de turbulência do outro do lado mundo, e em seguida mudava de canal.
 (Arlington Park, p. 34)
 
Minha primeira leitura do Desafio Literário de 2013 foi Arlington Park. Como o tema de janeiro é livre mas eu não quero resenhar todos os livros que ler, criei um tema próprio: livros mais novos do que eu, ou seja, publicados de 1994 para cima.
 
Peguei esse livro na biblioteca porque já estava com vontade de lê-lo faz tempo (mas não tanta vontade a ponto de comprá-lo). O motivo é simples: adoro a capa e a contracapa do livro. A sinopse me agradou também: a vida de mulheres no subúrbio inglês de Arlington Park.
 
E a história é essa mesmo, trechos narrando a rotina de um grupo de mulheres, a maioria delas donas de casa e mães. Temos Juliet, professora de uma escola particular só para garotas e infeliz; Solly, que recebe estudantes estrangeiras em sua casa e é infeliz; Maisie, que se mudou de Londres para Arlington Park e se arrepende da mudança (e portanto, está infeliz)… Cada uma recebe no mínimo um “capítulo”, narrado em terceira pessoa mas com o seu ponto de vista.
 
Não é um livro muito excitante. Se você não estiver no clima depressivo, provavelmente irá achar um tédio. Mas eu acabei entrando no clima triste e chuvoso do livro, tendo simpatia por alguns personagens (Juliet) e raiva de outros (Christine). O meu grau de simpatia varia de acordo com o quanto a personagem tem noção de que ela está presa no mundo de donas de casa (quanto mais, melhor) e o quanto ela manifesta pensamentos classe-média-sofre (quanto mais, pior).
 
No fim, me pareceu que as lições do livro são “não seja uma dona de casa suburbana” e “os homens (maridos) tiram a sua vida de você mesma”. Tá, estou exagerando… Ou não. Por mais que eu concorde em certo grau com isso, ao mesmo tempo é um exagero… Ou não.
Como eu disse antes, é para ser lido num dia de desespero existencial (para ficar mais desesperada ainda). Se for lido em dias felizes, talvez você pense que é exagero da autora mostrar a vida suburbana só com tristeza e mal-estar. 

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Retrospectiva: Desafio Literário 2012

Copiando minha querida irmã, decidi fazer uma retrospectiva do desafio do ano passado. Então vamos lá, a minha lista ficou assim:

Janeiro - Literatura gastronômica
O clube das chocólatras, Carole Matthews

Fevereiro - Nome próprio
Penelope, Marilyn Kaye
Sr. Ardiloso Cortês, Derek Landy
Lolita, Vladimir Nabokov

Março - Serial killer
O perfume, Patrick Süskind

Abril - Escritor oriental
Não me abandone jamais, Kazuo Ishiguro
Entre assassinatos, Aravind Adiga

Maio - Fatos históricos
Meninos sem pátria, Luiz Puntel
Extremely loud & incredibly close, Jonathan Safran Foer

Junho - Viagem no tempo
Before I fall, Lauren Oliver

Julho - Prêmio Jabuti
Leite derramado, Chico Buarque

Agosto - Terror
Still waters, Emma Carlson Berne

Setembro - Mitologia
Fábulas e lendas japonesas
A cabana, William P. Young

Outubro - Graphic Novel
Fagin, o judeu, Will Eisner
Retalhos, Craig Thompson                                                     Daytripper, Fábio Moon e Gabriel Bá
Frango com ameixas, Marjane Satrapi

Novembro - Escritor africano
AvóDezanove e o segredo do soviético, Ondjaki

Dezembro - Poesia
The day before, Lisa Schroeder
Sentimento do mundo, Carlos Drummond de Andrade

Uma lista pequena, que contém exatamente metade dos livros que li ano passado. Por mais que eu não seja tão fã de ler “sob pressão”, as leituras no geral foram agradáveis e, mais importante, eu não tive que correr atrás de nenhum livro (a minha irmã fez isso por mim, mas foram só dois livros!). O resto eu tinha em casa ou baixado…

Melhores livros:
Retalhos - "Se teve um livro que eu não queria que terminasse, é esse."
Frango com ameixas - "E o jeito que a autora narra, com a mistura de humor e melancolia temperada por seus simples e estilosos desenhos, não deixa a história ser só uma história."
AvóDezanove e o segredo do soviético – "(…) o livro me envolveu e deu uma saudades da infância…"

Piores livros (não foram leituras péssimas, mas foram meio sem graça):
A cabana - "(...) a escrita é simples, a história não se desenvolve"
Still waters -  "O problema é que eu realmente não consegui engolir a premissa."
O perfume - "(...) o livro não me cativou. Admito que não estava no humor para o livro, cheio de descrições e com poucos diálogos. E quando você fica bastante tempo sem ler, acaba perdendo o ânimo…"

Boas surpresas:
Before I fall - "É desses que você não quer largar e mostra que YA não é só futilidade."
The day before - "O fato do livro ser em versos me ajudou a entrar na leitura rapiddamente."
E Frango com ameixas e AvóDezanove, pois eu não estava esperando gostar tanto quanto eu gostei.

Maior decepção:
Extremely loud & incredibly close - "A história do Oskar em si, não sei, achei mais chatinha." (eu gostei muito desse livro, mas não entrou na lista de favoritos como achei que entraria)

O que foi prejudicado por fatores externos e merecia uma leitura melhor:
O perfume, já citado anteriormente.

Mês que mais me agradou no geral:
Outubro - duas leituras apaixonantes, uma muita boa e uma boa.

Mês que amaldiçoei por não poder ler mais do que li:
Quase todos... Comparando com a lista de opções, podia ter lido muito mais (mas aí que eu realmente leria sob pressão).

No final, acabei decidindo participar do Desafio de 2013. Bom desafio a todos!