sábado, 2 de junho de 2018

Os (realmente não tão) últimos filmes que eu vi #22

1- Relatos selvagens (Damián Szifron, 2014)
Esse filme argentino foi muito comentado na época do seu lançamento, sendo até indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, e eu estava com grandes expectativas. Saí um pouco decepcionada, é claro. O filme apresenta seis histórias, todas com um tema selvagem, violento, e uma boa dose de humor negro. Gostei bastante da história do avião e da protagonizada pelo Ricardo Darín, mas não liguei muito para as outras. É um filme bom, mas não me empolgou. Avaliação: 3,5/5 

2- Ela é demais (Robert Iscove, 1999)
O filme adolescente da vez vem diretamente dos anos 90 e traz alguns dos meus clichês problemáticos favoritos: apostas e makeovers! E toda a forçação de barra decorrente dessas coisas. Eu compreendo bem quem não gosta desse tipo de filme, porque a mensagem transmitida é bem prejudicial. A protagonista já era bem bonitinha antes da mudança e não precisava disso. Mas eu adoro como o cara babaca fica menos babaca com o tempo e como os populares percebem que a Laney é legal de verdade. Além disso, o que dizer das maravilhosas cenas de performances artísticas? Problematizações à parte, Ela é demais me conquistou com os seus clichês e previsibilidades. Avaliação: 3,5/5

3- As aventuras do ursinho Puff (John Lounsbery e Wolfgang Reitherman, 1977)
Não me lembro se já tinha visto esse filme antes; eu associava o ursinho Puff mais aos seus produtos licenciados do que a seus filmes, até que li o livro. Daí, fiquei com vontade de ver (rever?) o filme clássico. O longa tem vários episódios adaptados do primeiro livro, como o caso do balão, mas também apresenta cenas novas para mim, como as com a Toupeira. Achei bonitinha a forma com que a adaptação foi feita, deixando claro que a história vinha de um livro, com imagens brincando com as palavras escritas, por exemplo. A história é bem infantil, o humor é bobo, mas é tão fofinho que não tem como eu não gostar. Avaliação: 3,5/5

4- Precisamos falar sobre o Kevin (Lynne Ramsay, 2011)
Eu adorei o livro, então fiquei ao mesmo tempo curiosa e reticente quanto à sua adaptação para o cinema. Acabei me surpreendendo, porque gostei mais do que esperava. As atuações são ótimas, Kevin e Eva não perdem nem um pouco da sua força na tela. O roteiro conseguiu tirar um pouco do excesso do livro, embora talvez ele tenha exagerado no tom de "essa criança é demoníaca". Gostei do trabalho com as cores e simbolismos, que talvez sejam óbvios demais, mas nem por isso não me impressionaram. Ver o filme me fez lembrar do quanto eu aprecio o livro e ao mesmo tempo consegui admirar o trabalho feito na adaptação, então posso dizer que fiquei bem satisfeita. Avaliação: 4,5/5

5- Sinfonia da necrópole (Juliana Rojas, 2014) 
Tinha medo que  esse filme fosse estranho demais, afinal,  é um musical de humor negro que se passa em um cemitério — o potencial para a bizarrice é muito grande. Mas descobri que os níveis de humor e estranheza são bem aceitáveis. O que me incomoda em musicais é a pretensão e a grandiosidade, e Sinfonia da necrópole apresenta o contrário disso. A crítica social é interessante (eu nunca tinha parado para refletir sobre cemitérios), e o filme é mórbido sem dar medo. Uma boa recomendação de cinema brasileiro. Avaliação: 4/5  

6- Chef (Jon Favreau, 2014)
Estou acostumada a ver o universo da comida e dos food trucks retratado em reality shows, mas não no cinema, por isso fiquei interessada em Chef. O filme é bem família, focando no relacionamento entre pai e filho. Para mim, é açucarado demais, com o final exageradamente feliz. Recomendo para fãs de Compramos um zoológico, acho que a vibe é parecida. E Chef sofre do mal homem-feio-com-mulheres-bonitas. Sério que o protagonista tem como ex-mulher a Sofia Vergara e como peguete a Scarlett Johansson? Avaliação: 3/5

7- 50% (Jonathan Levine, 2011)
Eu queria ver esse filme há séculos, desde que estreou, mas como é um daqueles casos de filme-que-foi-direto-pra-tv, ele ficou esquecido, sempre deixado para trás na minha lista. Até a Netflix me providenciar a oportunidade ideal. 50% é um filme sobre câncer. Mas não exatamente um filme trágico sobre câncer. É uma mistura entre comédia e drama, e consegue equilibrar bem o tom mais sério e o cômico. Ainda assim, não é muito inovador: temos o protagonista, o melhor amigo babaca, a namorada ausente, o novo interesse amoroso em potencial, etc. Tudo está dentro dos moldes, encaixado do jeito certinho para fazer a gente sentir e se emocionar e rir. E acabou sendo menos intenso do que eu esperava, mas imagino que quem tenha passado por uma experiência semelhante com a doença possa ter uma relação completamente diferente com o filme. Avaliação: 3,5/5

8- O lagosta (Yorgos Lanthimos, 2015)
O filme entra naquela categoria de sinopses estranhas: no universo retratado, é proibido ser solteiro. Os solteiros são enviados para um hotel onde devem encontrar um parceiro em até 45 dias. Se não encontrarem, serão transformados em um animal à sua escolha. O protagonista do filme vai ao hotel após seu divórcio e lá vemos as dinâmicas peculiares dos relacionamentos, pautados por características marcantes em comum: quem é míope procura alguém que também use óculos, por exemplo. Também descobrimos que existe um grupo de rebeldes nessa sociedade, e é claro que o protagonista vai se envolver de alguma forma com eles. Explicando assim talvez pareça difícil de entender, mas apesar de não compreendermos as razões por trás dessa sociedade, entendemos a história e é fácil traçar paralelos com o nosso modo de vida. Gostei bastante do filme justamente por ele ser peculiar, mas de uma forma um tanto lógica ao mesmo tempo. Avaliação: 4/5

9- As invasões bárbaras (Denys Arcand, 2003)
Durante seus últimos dias, o protagonista de As invasões bárbaras se reencontra com velhos amigos e com sua família. A história envolve câncer, velhice, relações familiares e também as desilusões  com a modernidade — o grupo de amigos era idealista e de esquerda, mas muita coisa mudou com o tempo. É um enredo interessante, e as relações familiares e as diferenças geracionais são bem desenvolvidas, mas é um filme que faz muito mais sentido para quem viveu os anos 60 do que para quem não tem nem a idade do filho do protagonista. Vale notar que o Canadá, idealizado por tantos, é retratado como lugar de corrupção e com luzes menos favoráveis das que estamos acostumados a ver. Avaliação: 3,5/5

10- Simplesmente acontece (Christian Ditter, 2014) 
Aqui temos o clássico enredo de amigos que poderiam ser mais que amigos, mas a vida simplesmente acontece na forma do timing errado. É um pouco agonizante ver algo que poderia dar certo não acontecendo (como os protagonistas podem ser tão burros!), mas é um filme fofinho. Lily Collins e Sam Claflin estão uma gracinha e, embora seja meio inverossímil, eles não ficaram ridículos interpretando os personagens em um grande período de tempo. Avaliação: 3,5/5