quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Anime: Yuri!!! On Ice

Comecei a ver Yuri!!! On ice só quando já existia toda aquela comoção a cada episódio novo e o fandom andava muito bem, obrigada. Não sou de acompanhar animes enquanto eles vão ao ar, e teria ignorado esse se não fosse sobre patinação no gelo. E se eu não tivesse prometido para minha irmã, fanática pelo esporte, que veria pelo menos um episódio antes da série terminar.

Então lá fui eu, em um dia que queria assistir a algo leve, curto e diferente das séries que estou acompanhando. Vi um episódio. E depois vi outro.E depois fui assistindo aos poucos porque não sou de maratonar tão seriamente as coisas, preciso de variedade. O fato é que cheguei até a assistir aos últimos episódios no dia da exibição mesmo, porque já tinha chegado a esse ponto.

Isso significa que achei o anime tudo isso que as pessoas comentaram? Infelizmente não. O anime começou bem, com uma introdução ao protagonista, o patinador japonês Yuri Katsuki, e seus dramas esportivos e emocionais. Sua carreira na patinação estava em um péssimo momento, seu cachorro morreu e ele ganhou muito peso. Tudo muda quando, só por brincadeira, Yuri imita uma apresentação de seu ídolo, Victor Nikiforov. A dança é filmada sem ele saber e viraliza, a ponto do próprio Victor, o rei da patinação no gelo, assistir ao vídeo e decidir que vai se aposentar como atleta para treinar Yuri, com o objetivo de ele ganhar a medalha de ouro no Grand Prix Final, que é mostrada como A competição do esporte mas, convenhamos, não tem o mesmo prestígio que o campeonato mundial ou as Olimpíadas de Inverno. A partir daí, acompanhamos a jornada de Yuri e Victor nas competições.

Eu gostei bastante do início do anime, que foca no retorno de Yuri à patinação e no começo do treino dele com Victor. Os primeiros episódios apresentam mais cenas cotidianas na cidade natal do protagonista e têm um tom mais cômico, além de incluírem explicações básicas de patinação no gelo para o espectador entender um pouco melhor o esporte e terem as melhores personagens: as trigêmeas.


É quando começa a fase de competições que o anime desandou para mim, pois deu preferência para mostrar as apresentações de quase todos em vez de desenvolver mais cenas fora do gelo. É claro que as coreografias são essenciais em uma série sobre patinação, mas os episódios se tornaram uma sequência de apresentações que me incomodou. Apesar disso, e da animação nas cenas da dança nem sempre ser boa, tenho que dizer que o monólogo interior dos personagens nesses momentos funcionou, foi um jeito fácil de nos apresentar a eles, e a trilha sonora, composta principalmente por músicas próprias, é muito boa, combinando perfeitamente com os personagens e seus programas — e algumas músicas grudam tanto na cabeça que até hoje me lembro bem da música do JJ, por exemplo. Outra questão é que os patinadores mantêm o mesmo programa durante toda a temporada, por ser o costume do esporte, e isso faz as apresentações ficarem um pouco repetitivas, já que você vê a mesma coreografia mais de uma vez. 

Além disso, ainda sobre a questão esportiva, preciso dizer uma coisa: eu entendo pouquíssimo de patinação tecnicamente, mas o que são as pontuações de Yuri!!! On ice? Compreendo algumas escolhas não tão coerentes para ajudar a narrativa, mas tem pontuações que não precisavam ser tão altas ou tão discrepantes entre si, pois não são tão significativas. Para uma equipe tão dedicada a manter a fidelidade ao esporte quanto a do anime parece ser, o sistema de pontuação poderia ser menos incongruente. Outra diferença em relação ao pouco que vejo do esporte é que no anime os atletas caem muito menos. Nas últimas competições da "vida real" que acompanhei, não era raro que apenas o primeiro lugar tivesse o programa limpo  — às vezes nem isso —, e na série as quedas são bem mais raras, tipo só uma por competição. Isso acaba com aquela tensão de quando o atleta está no ar e você não sabe se ele vai conseguir aterrissar ou não. 

Sobre os personagens, o que tenho a dizer é que, apesar de eu achar que faltou desenvolvimento, especialmente dos coadjuvantes, eu fui conquistada com o pouco que recebi. O anime conseguiu criar vários tipos de atletas e nos fazer simpatizar pela maioria deles. Felizmente, a probabilidade de termos uma nova temporada é grande, o que significa que o potencial dos personagens será mais explorado.

E, finalmente, sobre o casal Victor e Yuri, fico feliz que o anime tenha optado por deixá-los como cânon, embora ache que poderia ter ficado mais explícita a relação amorosa — porque é possível ler nas ações deles uma amizade ou apenas a parceria entre técnico e atleta. É difícil sustentar essa leitura, mas é possível. Preferiria que o romance tivesse sido desenvolvido mais lentamente, mas é aquela coisa, são apenas doze episódios para dar conta de tudo, então eu entendo as escolhas do roteiro.

Então basicamente é isso: eu tenho as minhas críticas ao anime, mas entendo o motivo da maior parte das escolhas da produção. Posso achar a série superestimada, mas isso não significa que não achei boa, é só que não amei com a intensidade do fandom. E foi um anime que vi relativamente rápido e me fez relembrar, em um momento que eu só ligava para séries live-action, de que eu gosto sim de animes, então palmas para ele!

Avaliação final: 4/5