terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Comentários sobre livros #2

Já que não vai ter resenha essa semana, hoje vou dar pitacos sobre livros infantis — ou não — de novo. Li esses faz um tempão, mas só consegui postar agora porque acabo dando prioridade para outros posts…

1- O príncipe sem sonhos, Márcio Vassallo. Ilustrações de Mariana Massarani

O príncipe sem sonhos Para ser sincera, eu me lembro de ter esse livro, mas não de lê-lo na minha infância. Bom, eu gostei bastante da narrativa do autor, simples e bonita, e adoro as ilustrações da Mariana Massarani. Mas não sei se entendi bem a moral da história, ops. Avaliação: 4/5

2- A velhinha que dava nome às coisas, Cynthia Rylant. Ilustrações de Kathryn Brown

A velhinha que dava nome às coisas Tenho um fraco por histórias de velhos solitários e sempre fico muito triste com elas. Esse livro é infantil e tem um final feliz, mas me deixou melancólica mesmo assim. É uma história linda sobre uma velhinha que dava nome às coisas que durariam mais que ela, porque seus amigos morreram e ela sentia falta de chamar alguém pelo nome. Um dia, um cachorro a visita e ela o expulsa e não quer nomeá-lo, pois ele tem chances de morrer antes dela. Mas o cachorro a contraria e daí surge uma bela amizade. As ilustrações também são muito boas. Li o livro porque separei para doação, mas decidi que vou continuar com ele. Avaliação: 5/5

3- O pequeno Nicolau, Goscinny. Ilustrações de Sempé

O pequeno Nicolau Adorava a série de livros do Pequeno Nicolau quando eu era menor e decidi reler. O livro conta a história de Nicolau, uma criança francesa. Basicamente, Nicolau e seus amigos fazem muita bagunça e brigam para caramba, divertindo-se de montão no processo. Adoro ver a inocência e a animação de Nicolau narrando. Em alguns momentos o livro fica repetitivo demais, porque em cada capítulo temos a descrição dos mesmos personagens, quase como um epíteto enorme. Entendo esse recurso porque ele facilita que a gente se lembre de quem é quem, mas quando li vários capítulos em seguida, ficou um pouco irritante. Aliás, várias histórias são parecidas entre si no conteúdo também, então eu recomendaria que o livro fosse lido com calma, não tudo em seguida. Não sei como as crianças de hoje reagem ao Pequeno Nicolau, mas eu continuo o adorando. Avaliação: 4/5

4- Sandman: prelúdios e noturnos 1, Neil Gaiman

SandmanAdoro o Neil Gaiman, mas nunca tinha lido o trabalho dele nos quadrinhos. Foi também a minha primeira HQ adulta sobrenatural. Não sei se esse negócio de quadrinhos é para mim, porque são muitos volumes e só de pensar em ter que arranjar um modo de ler todos me dá uma preguiça… Sandman é interessante, bem trabalhado e cheio de referências que não peguei (se alguém por acaso ainda acha que HQ é simples e coisa só de criança, essa pessoa está completamente enganada). Falta maturidade minha como leitora de quadrinhos para entender melhor o livro, e não sei se faço questão de ir buscá-la. Avaliação: 3,5/5 

5- Raul Taburin, Sempé

Raul Taburin  Amo como o Sempé consegue transformar histórias simples em livros tão bonitos. Não sei explicar por que gostei tanto de Raul Taburin, mas o livro me fez ficar sorrindo que nem boba enquanto eu lia. Acho que a descrição apropriada é de “coração quentinho”. Fico triste ao ver que os livros do autor não são tão conhecidos aqui, talvez por não terem tanta cara de infantil mas ao mesmo tempo muito mais cara de infantil do que de adulto. De qualquer jeito, acho que é uma leitura para todas as idades, então comprem quando estiver na promoção (porque preço inteiro da Cosac Naify ninguém merece) para incentivar que a editora lance mais livros do autor. Avaliação: 4,5/5

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Projeto: TBR jar em 2015

Chega o final do ano e já fico animada pensando nos projetos e desafios de que quero participar no ano seguinte. Como já criei alguns bem antes, achei que não ia me animar com mais coisa. Mas aí me lembrei da minha TBR jar, só usada uma vez, e desenvolvi um novo projeto.

Não tem nada mirabolante no projeto, a ideia é simplesmente ler 12 livros sorteados da caixinha em 2015. Se eu só usasse o sorteio quando desse vontade, acho que acabaria usando-o muito pouco, então decidi pegar 12 livros de uma vez, de forma que posso escolher melhor quando vou ler o livro. Isso foi bom no final de contas, porque pretendo participar de um desafio literário e posso encaixar melhor minhas leituras assim.

014Essa é minha TBR jar (ou box, para ser mais específica). Separei meus livros em nove categorias, cada uma com uma cor diferente. Para o sorteio, decidi pegar um de cada categoria e mais três aleatórios. Os livros sorteados foram:

Da categoria de contos, Wunderkind, da Carson McCullers. Tive sorte nesse, porque é um livro curtinho e nessa categoria tem uns livros enormes que quero ler bem devagar.

Da categorias de séries, Os Pequeninos Borrowers, da Mary Norton. É um livro de oitocentas páginas reunindo todos os volumes da série. Pretendo ler aos poucos.

Da categoria de clássicos, peguei Luz em agosto, do Faulkner. Acabei fazendo uma burrice e botando alguns clássicos em outra categoria, mas pelo menos sorteei um livro que quero ler faz tempo.

Peguei As aventuras de Pi, de Yann Martel, entre os livros emprestados. Minha tia me empresta um monte de livros e nem faz questão de tê-los de volta, então eu acabo não lendo esses livros rapidamente e posso me dar ao luxo de criar uma categoria para eles.

The complete Peanuts (1953-1954) foi o sorteado na categoria de histórias em quadrinhos. Esse vou ler aos poucos também.

Por que o mundo existe?, do Jim Holt, é o livro de não-ficção que vou ler. Essa categoria só tem outro livro além desse… Preciso de muito incentivo para ler não-ficção.

Charlotte Sometimes, do Fábio Fernandes, foi o sorteado na categoria de e-books. Criei essa categoria porque fico baixando um monte de livro de graça na Amazon e nunca leio. Tive sorte também, porque esse é curtíssimo.

A penúltima categoria é a de livros que já li antes, mas não depois de ter comprado. Aquele livro que eu amava, mas li pela biblioteca e comprei recentemente para reler. São poucos livros nessa categoria, e o sorteado foi O espetáculo carnívoro, do Lemony Snicket. Eu tinha os primeiros e últimos volumes de Desventuras em série e nesse ano comprei o resto para completar a coleção e poder reler. Já comecei a releitura, mas parei no terceiro. Então ano que vem vou ter que ler pelo menos até o nono.  

A última categoria é a de outros: livros únicos contemporâneos de papel que nunca li, etc. É a categoria que tem mais livros, e os três livros bônus que sorteei acabaram sendo dela. Então fiquei com quatros livros: Rani e o sino da divisão, A lista negra, Como falar com um viúvo e Odd e os gigantes de gelo.

Pretendo ler os livros no meu ritmo, e não vou me sentir pressionada se não conseguir ler todos. A ideia do projeto é incentivar a leitura do que tenho em casa, mas se eu acabar lendo outros em vez desses, tudo bem também.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Um homem de sorte, Nicholas Sparks

Um Homem de Sorte

Logan parou e olhou para o céu a ver a pipa voando acima deles, e, quando aplaudiu Ben demonstrando uma alegria óbvia, Beth percebeu uma verdade bem simples: às vezes as coisas mais ordinárias podem transformar-se em extraordinárias, simplesmente se realizadas pelas pessoas certas.

O que dizer do Nicholas Sparks? Fora minha tia, que me emprestou esse livro, não conheço ninguém que goste mesmo do autor. Na internet, vejo todo mundo zoando de seus livros previsíveis ou reclamando do seu sucesso. Posso fingir que detesto o autor e engrossar o coro, mas a verdade é que eu até gostei dos livros dele que li até agora.

Um homem de sorte conta a história de Logan Thibault, ex-fuzileiro naval que lutou na guerra do Iraque. Lá, ele encontra a foto de uma mulher e a guarda consigo. A fotografia continua com ele por anos, e o melhor amigo de Thibault considera que ela seja um amuleto, pois ela sempre os protegeu. Sem saber o que fazer após voltar aos Estados Unidos, Thibault parte em busca da mulher da fotografia. E o que acontece depois, óbvio, é completamente previsível.

Em defesa do Nicholas Sparks em Um homem de sorte, o livro não é tão meloso quanto as pessoas podem achar que seja. Na verdade, acho até que muito romance adolescente é mais meloso que esse livro. Quer dizer, o texto não é explicitamente meloso na maior parte do tempo, mas as entrelinhas são muito bregas. Ou seja, é só ignorar a mensagem do livro e seguir em frente com a leitura que está tudo certo.

Surpreendentemente, Sparks usa até um pouco de humor nesse livro. Temos o antagonista da história, Clayton, e as partes narradas pelo seu ponto de vista são engraçadas de tão sem noção.

Além do antagonista sem noção, temos em Um homem de sorte o mocinho sem sal, a mocinha sem sal, o filho fofo da mocinha sem sal e a avó carismática da mocinha sem sal. Se parar para pensar, são personagens irreais e tal, mas toda a questão de ler Nicholas Sparks é: para que parar para pensar? A leitura me envolveu e eu preferi seguir lendo sem racionalizar muito — ok, parando uma hora ou outra para zoar das opiniões que Sparks, como homem religioso e patriota, coloca na história.

Imagino que ler vários livros do autor em seguida seja uma experiência ruim, e entendo por que tanta gente não gosta dele, mas os livros do Nicholas Sparks continuam servindo quando quero ler algo que prenda a atenção. É só não levar tão a sério que consigo para aproveitar a leitura.

Avaliação final: 2,5/5

É com esse livro que me despeço do Desafio Literário do Tigre. Consegui seguir todos os temas e aproveitei bem as leituras. Agradeço a Tati, que criou o desafio com temas ótimos e deixou tudo super organizado.

sábado, 20 de dezembro de 2014

De volta à vida, Nadine Gordimer

De volta à vida

Radiante.

Literalmente radiante. Mas não emitindo luz como os santos mostrados com uma auréola. Ele irradia o perigo, invisível para os outros, de uma substância destrutiva que serviu para contra-atacar o que o estava destruindo. Câncer da glândula tireóide. No hospital, foi mantido em isolamento. (…) Ele permanece, e ainda continuará, sem controle sobre si, expondo pessoas e objetos ao que ele emana, tudo e todos que ele tocar.

Fiquei com vontade de ler algo da Nadine Gordimer porque ela é a única escritora sul-africana que eu eu conheço. Já li um livro do Coetzee, mas acho importante dar uma variada e ler mais mulheres.

De volta à vida conta a história de Paul, um ecologista que fica radiante por causa do tratamento de um câncer. Ele se isola na casa dos pais para não afetar sua esposa ou seu filho. Nesse período de isolamento, ele e seus familiares refletem sobre suas vidas.

A sinopse ficou bem porca, mas é mais ou menos isso mesmo. O livro tem menos de duzentas páginas e vai mostrando o ponto de vista de cada personagem, de forma que sabemos um pouco do seu passado e de como está a situação no momento.

Mesmo o livro sendo curto, demorei mais do que o normal para terminá-lo. Em parte, isso aconteceu porque a leitura foi no final de semestre e eu tinha várias coisas para fazer para a faculdade. Mas não foi só isso. O começo do livro não me pegou, e embora eu tenha me impressionado com a escrita da Nadine Gordimer desde o início, era difícil ter vontade de ler por bastante tempo.

Felizmente, a segunda metade do livro me agradou mais. Algumas coisas ainda me incomodaram — por exemplo, não liguei muito para a parte do trabalho do Paul e suas conversas profissionais —, mas fiquei satisfeita por ter lido De volta à vida. Algum dia pretendo ler mais da Nadine Gordimer.

Avaliação final: 3,5/5

domingo, 14 de dezembro de 2014

Sobre guilty pleasures

Sei que é estranho fazer posts de discussões confusos, que falam, falam e não chegam a lugar nenhum, mas não sou uma pessoa de opiniões firmes e prefiro problematizar as coisas a resolvê-las. O próprio fato de eu estar falando isso é um pouco contraditório, porque talvez mais tarde eu pareça ter convicções e ideias bem formadas. Enfim, desse jeito parece até que vou falar sobre um assunto sério e importante para o mundo inteiro, mas não. Só queria dizer o que penso sobre guilty pleasures. Minha opinião não é a que eu mais vejo por aí nesse universo cuidadosamente selecionado que é a internet, onde acompanho apenas quem me apetece de algum modo, e acho que por isso senti necessidade de falar sobre o assunto.

A maior parte das pessoas que conheço defende que guilty pleasure é um termo que não deveria ser usado, que gente bem resolvida não sente culpa nenhuma, etc. E eu entendo por que elas dizem isso, mas a minha visão é de que não é o fim do mundo ter guilty pleasures, especialmente com uma definição mais branda do termo.

Eu não defendo a visão de que guilty pleasure, como a definição padrão diz, é algo do qual você gosta e o resto do mundo acha duvidoso. Acho que não tem problema nenhum gostar de algo supostamente ruim e defender isso; aliás, acho isso louvável. Eu gostaria de ligar menos para o que os outros pensam, mas ao mesmo tempo não é um fator que interfira muito na minha vida. Meus amigos e minha família mais próxima sabem do que eu gosto, e o resto não precisa saber. Posso ficar com um pouco de vergonha quando alugo um livro YA na biblioteca, ou quando minhas compras no supermercado são só coisas nada saudáveis, mas isso não me impede de fazer essas coisas. Até porque, como sou tímida, tenho vergonha de pegar qualquer livro na biblioteca ou comprar qualquer coisa.

Basicamente, entendo que as outras pessoas queiram que todo mundo pare de julgar os outros pelos seus gostos (não sei se isso aumentou com a internet ou se antes eu não percebia, mas por que todos têm que ter opinião formada sobre tudo? Ou você ama Crepúsculo ou você odeia, ou você acha a Taylor Swift o melhor exemplo de pessoa na face da terra ou você a odeia, ou você fala biscoito ou fala bolacha — achando que o seu lado, claro, é o certo . Não existem outras possibilidades? Sei que é exagero meu e que faço isso às vezes, mas esse tipo de coisa realmente me incomoda). Não acho horrível eu mesma sentir culpa em algumas coisas, no entanto. Não preciso ter orgulho de tudo o que faço. Se a culpa que eu sinto por gostar de algo não é enorme e não me impede de fazer alguma coisa, está tudo certo.

Eu divido meus guilty pleasures em três categorias. A primeira é de coisas que me fazem mal de alguma forma, hábitos ruins: comer muito doce em seguida, arrancar esmalte da unha, tirar casquinha de machucado ou mesmo comprar livros compulsivamente… Coisas que são legais de fazer na hora, mas que depois eu me arrependo. Tenho a impressão de que esses são os guilty pleasures mais comuns e que quase todo mundo tem.

O segundo tipo é de coisas problemáticas — racistas, machistas, homofóbicas, etc. Gosto de The big bang theory, por exemplo, que é cheio de piadas preconceituosas. De vez em quando vejo Esquadrão da moda ou outros reality shows de makeover, mas eles são muito opressores e humilhantes. Gosto bastante dos filmes do Woody Allen, que é um figura super problemática. A culpa no caso vem de apoiar algo que vai contra seus ideais. Tem formas de diminuir esse apoio, usando a pirataria, por exemplo, mas nem sempre penso nisso. Normalmente, não chego a me sentir muito mal por esse tipo de coisa porque se a gente for se sentir culpada por qualquer coisa minimamente problemática, não vai gostar de nada.

O último tipo de guilty pleasure é o que mais parece com a definição tradicional: o de coisas que considero ruins. Acho ruim e gosto mesmo assim. Alguns exemplos: reality shows da MTV, filmes do Disney Channel, leituras bem fúteis (daquelas que você fica em dúvida de que nota vai dar, porque pelo entretenimento seria uma nota alta mas pela qualidade seria baixa). Acho que a culpa daqui vem dessa ideia de que temos que ser produtivos até no nosso tempo livre e que nesse período poderia estar lendo ou vendo algo melhor — e nesse caso significa apenas algo que eu ache melhor, um livro da minha estante, um filme que quero ver há séculos… Gostaria de não sentir tanta pressão no meu entretenimento, mas isso é algo que não envolve só guilty pleasures.

Enfim, para resumir, eu tenho guilty pleasures, mas na maior parte do tempo lido bem com eles. Minha vida não gira ao redor disso, mas daquilo que gosto muito e defendo até o fim, não importa o quão vergonhoso seja. E você? Tem guilty pleasures? Acha isso uma bobagem? Acha que a gente tem que esconder nossos gostos supostamente ridículos? Adoraria saber sua opinião nos comentários.  

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

An enemy of the people, Henrik Ibsen

An enemy of the people

Dr. Stockmann: Well, but is it not the duty of a citizen to let the public share in any new ideas he may have?

Peter Stockmann: Oh, the public doesn’t require any new ideas. The public is best served by the good, old established ideas it already has.

Não era meu plano resenhar An enemy of the people. Foi uma leitura para faculdade, e é uma peça de teatro não muito comprida. Mas aí eu percebi que o Ibsen é norueguês, e portanto o livro se encaixa na Volta ao mundo em 80 livros. Portanto, aqui estou eu, comentando em forma de resenha muito depois de ter lido a peça.

An enemy of the people mostra os acontecimentos de uma pequena cidade, que vive do seu balneário. O dr. Stockmann, no entanto, descobre que a água do balneário está contaminada, e vai fazer de tudo para expor a verdade a todos, confrontando seu irmão, que é o prefeito da cidade. Vemos vários discussões com os personagens mais influentes da cidade e observamos como a mídia, inicialmente a favor de contar a verdade, logo muda de opinião ao ver que isso vai contra seus interesses financeiros.

A peça foi lançada em 1882, e é quase difícil de acreditar nisso, porque o tema é extremamente atual. O que dizer das mudanças climáticas, da contaminação do solo e de tantos assuntos científicos que são deixados para trás por causa de interesses financeiros?

Porém, a peça não chega a culpar alguém. Afinal de contas, todos somos humanos e cometemos erros. Dr. Stockmann também exagera bastante na sua posição e em como ele lida com o resto das pessoas — isso na minha intepretação, é claro.

Gostei bastante da crítica social do livro, porém acho difícil me acostumar com a forma teatral. Acho interessante ler peças, mas em geral elas não costumam me empolgar, porque não consigo criar empatia com os personagens ou me envolver de verdade na história. Mas sempre dá vontade de ver a peça nos palcos.

Avaliação final: 3/5

domingo, 7 de dezembro de 2014

Os últimos filmes que eu vi #9

1- A garota de rosa-shocking (Howard Deutch, 1986)

A garota de rosa-shockingUm monte de gente ama o John Hughes, e isso me deu vontade de ver os filmes dele. Gostei bastante de Clube dos cinco, mas não vi nada de especial em A garota de rosa-shocking — é um filme legalzinho, mas não entendo por que tanta gente gosta dele. Quer dizer, entendo que pessoas mais velhas gostem do filme pela identificação, mas não sei porque as pessoas da minha idade são loucas por ele. Na verdade, a questão é que eu não gosto da estética dos anos 80 — o vestido de baile da Andie é muito feio, gente — e acho que a história e o desenvolvimento romântico nesse filme são meio sem graça. Avaliação: 3/5

2- Um time show de bola (Juan José Campanella, 2013)

Um time show de bolaNão sou das maiores fãs de futebol, mas gosto de jogar pebolim, então fiquei curiosa para saber como o enredo de Um time show de bola trataria o assunto. O filme parece bastante Toy story em alguns momentos, porque os bonecos de pebolim se metem em enrascadas e isso cria várias cenas de ação. É interessante ver peculiaridades e cenários argentinos em um filme cujo visual lembra as animações hollywoodianas, e acho que o filme tem potencial de agradar adultos e crianças, mas a história viajou demais e muita coisa poderia ter sido cortada do roteiro para ter um resultado final mais limpo. Avaliação: 3,5/5

3- Temporário 12 (Destin Daniel Cretton, 2013)

Temporário 12Vi várias pessoas elogiando esse filme, então fiquei com vontade de ver — quando digo esse tipo de coisa, significa que eu fui atrás do filme e que ele me interessou, e que são pessoas que tem gosto parecido com o meu que gostaram, não que sou totalmente influenciável e vou atrás de qualquer coisa elogiada, como pode dar a entender. Ou talvez eu seja influenciável mesmo. Enfim, o filme é sobre um casal que trabalha em um lar temporário para jovens abandonados ou com problemas. Gosto de filmes com esse tipo de cenário porque assim podem ser exploradas questões de vários personagens diferentes, embora algumas crianças tenham aparecido menos do que eu gostaria. Achei o filme bem envolvente, não queria que ele acabasse, e por isso minha nota foi tão alta. Sendo racional, tiraria 0,5 estrela da minha avaliação, e acho que o filme não sobreviveria tão bem se eu o visse de novo, mas decidi priorizar as minhas sensações durante a primeira vez que eu o assisti. Avaliação: 4,5/5

4- Rugas (Ignacio Ferreras, 2011)

Rugas Estava olhando a programação da HBO e me deparei com essa animação espanhola. Como eu já disse aqui várias vezes, amo animações, então não perdi a oportunidade de ver uma pouco conhecida. É um filme sobre um senhor que começa a morar num asilo. Lá ele conhece vários idosos, como a que guarda comida para o neto que raramente a visita, o que só sabe repetir frases de outras pessoas, o que se aproveita dos mais senis… O assunto é bem triste, e o filme tem cenas de cortar o coração, mas também tem várias partes engraçadas e leves. Acho que no fundo tudo depende de como você vê as coisas e encara a velhice. A animação é simples e combina com a história. Recomendo muito o filme — para adultos, não é infantil —, só não sei se é fácil de achar… Avaliação: 4/5

5- A malvada (Joseph L. Mankiewicz, 1950)

A malvada Foi o primeiro filme do meu projeto de 1001 filmes para ver antes de morrer. Não tenho muito o que falar sobre o filme — acho difícil falar sobre clássicos… Os atores estão muito bem, a história prende a atenção, e o filme com certeza merece seu lugar na lista de 1001 filmes. Avaliação: 4/5

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Carrie, a estranha, Stephen King

Carrie, a estranha

Ninguém achou nada de mais quando isso aconteceu (…). Aparentemente, todas as meninas nos chuveiros ficaram chocadas, empolgadas, envergonhadas ou apenas contentes que aquela nojenta da White tivesse levado na cabeça de novo. (…)

O que nenhuma delas sabia, claro, era que Carrie White tinha o dom da telecinesia.

Fazia muito tempo que eu queria ler algo do Stephen King, mas sempre ficava adiando. Os livros dele que eu mais queria ler nunca entravam em promoção, ou sempre estavam pegos na biblioteca. Mas finalmente o momento chegou e pude ler Carrie, a estranha.

Infelizmente, vi o final do filme — o remake, de 2013, naquele clima de “não tem nada melhor para ver na TV, comecei a ver um pedaço por curiosidade e não parei mais” — antes de ler o livro, e isso acabou prejudicando a leitura. Mas vamos começar pelo começo…

O livro é formado pela narrativa, que é em terceira pessoa mas cada vez foca em um personagem diferente, e por trechos de livros, relatórios ou simplesmente evidências sobre o caso da Carrie. Desde o começo, o narrador já vai nos dando dados sobre o que vai acontecer depois. Mas isso não tira exatamente o suspense da leitura, pois acaba criando um nervosismo, a gente começa a sofrer por antecipação, quer chegar logo na parte em que as coisas realmente acontecem. O início, a apresentação de Carrie e de toda a situação, foi a parte que eu mais gostei do livro.

Eu tinha visto o filme a partir da cena do baile, e foi aí, no livro, que a leitura perdeu a força para mim. Provavelmente porque eu já sabia o que ia acontecer, fiquei um pouco desinteressada em Carrie; a leitura se tornou uma descrição após descrição dos acontecimentos, que na verdade são mais emocionantes quando bem visualizados e, bom, não sou uma pessoa muito imaginativa.

Mesmo assim, a história como um todo não perde o seu brilho. Gosto muito da ideia do Stephen King, da forma que o livro traz à tona discussões sobre humilhação, fanatismo religioso, vivência escolar… É bom também ver como a maior parte dos personagens não é tratada de modo maniqueísta. Não podemos responder até que ponto Carrie é uma vilã. O livro é de certa forma uma tragédia: já sabemos como as coisas vão terminar, e ficamos em agonia lendo e querendo que desse para modificar tudo de forma que milagrosamente o final fosse feliz. E, claro, saímos contentes que é apenas ficção, embora ao mesmo tempo melancólicos porque existem muitas Carries por aí.

Enfim, recomendo Carrie, principalmente se você ainda não viu algum dos filmes. Não é um livro que dê medo, então é um bom começo para quem quer entrar no mundo do Stephen King mas não quer um terror pesado.

Avaliação final: 3,5/5