quinta-feira, 30 de julho de 2015

Quem é você, Alasca?, John Green

Quem é você, Alasca

Mas eu não tinha coragem. Ela tinha namorado. Eu era um palerma. Ela era apaixonante. Eu era irremediavelmente sem graça. Ela era infinitamente fascinante. Então voltei para o meu quarto e desabei no beliche de baixo, pensando que, se as pessoas fossem chuva, eu era garoa, e ela, um furacão.

Eu li Quem é você, Alasca? em abril, mas por preguiça motivos misteriosos acabei não escrevendo a resenha até hoje. Aí decidi escrever agora, porque ninguém perguntou mas eu quero dar a minha opinião sobre o John Green e manic pixie dream girls, já que Cidades de papel está no cinema e todo mundo está comentando sobre sua relação com o autor, se ama, se odeia, se não liga tanto…

Começando por um resumo porco e nem um pouco imparcial da história: Miles Halter é um jovem comum e sem graça que vai estudar em um internato, onde ele conhece Alasca, garota sedutora e misteriosa que o levará a viver grandes aventuras. Até que algo, que pode ser considerado spoiler mas ao mesmo tempo é bem previsível, acontece, e Miles aprenderá muito com isso.

Cada pessoa tem seus clichês favoritos, e tem alguns que não suporta. Pois bem, eu não gosto de manic pixie dream girls, as tais garotas louquinhas e sonhadoras que servem unicamente para mudar a vida do protagonista e que só existem na ficção. Embora o John Green diga que a Alasca supostamente seja uma desconstrução da ideia, isso não deu muito certo, porque ela pode ter provado que tem vida e personalidades próprias, mas no final quem aprendeu a lição foi o Miles. A própria existência da Alasca como personagem só serve para ensinar os homens que não se deve idealizar mulheres (estou levando a sério demais? Estou, mas e daí?). Não faz muito sentido para mim, portanto, escrever algo para subverter um clichê de visão masculina centralizando nessa mesma visão. 

Enfim, desabafos a parte, também não gostei muito de outros aspectos do livro. Os personagens me pareceram bem genéricos; os coadjuvantes são carismáticos o suficiente para não serem iguais uns aos outros, mas não simpatizei com eles de verdade. E o Miles é bem bobo, né… Embora eu entenda o apelo que as frases bonitas e as reflexões filosóficas tem para as outras pessoas, elas não me pegaram. Nesse aspecto, gostei bem mais de The fault in our stars.

Dito isso, não posso deixar de falar que foi, sim, uma leitura divertida. Prendeu a atenção, mas achei o livro genérico também, pouco marcante. A coisa mais importante que Quem é você, Alasca? fez para mim foi me fazer valorizar mais The fault in our stars. Estou bem curiosa para ler Cidades de papel para ver se dessa vez eu consigo ver o clichê das manic pixie dream girls quebrado de uma forma que eu goste, mas vou dar um tempo porque não vou aguentar outro narrador masculino palerma em pouco tempo.

Avaliação final: 3/5

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Dois anos de Volta ao mundo em 80 livros

No começo de julho, completei dois anos do projeto Volta ao mundo em 80 livros! Li bem menos livros válidos para o projeto em comparação com o ano anterior, mas isso é esperado, considerando que no começo as opções mais óbvias ainda contam e que me dediquei menos este ano. Nesses dois anos, visitei 23 países a partir da literatura:

Volta ao mundo em 80 livros

A lista de leituras válidas está aqui. Nessa lista, conto apenas 22, enquanto na oficial são 23 porque li Édipo Rei, do Sófocles e fiquei em dúvida se considerava ou não, por ser Grécia Antiga. Então acabei decidindo por deixar na lista, mas ler outro livro da Grécia no futuro para ser o oficial.

Aproveitei o período de listar tudo direitinho para fazer outras contagens. Nesses últimos doze meses, li 59 livros, mais que o ano passado! Desses, 38 eram de autores de quem eu nunca tinha lido nada antes. 6 foram releituras. Li 32 mulheres e 29 homens (a soma dá mais de 59 porque tem livros de mais de um autor). Ano passado, li bem mais homens, fiquei feliz que agora li mais mulheres.

Continuo lendo mais autores do Estados Unidos. Nesse ano, foram 25 livros americanos. Em segundo lugar, fica o Brasil, com 12 leituras. Depois, são 7 da Inglaterra, 4 da França e 2 de Portugal.

Aí, para não deixar o post curtinho, decidi listar livros para o futuro. A ideia inicial era completar os 80, para dar uma ideia do nível de dificuldade. Mas cheguei a conclusão que é bem difícil mesmo e cansei de procurar “literatura + país” no Google ou ver se os livros lidos pelas pessoas que já fizeram o projeto são interessantes/fáceis de encontrar. Como vou acabar não seguindo a lista inteira de qualquer jeito, fica só como sugestões para o futuro distante, sem ordem nenhuma (em negrito estão os livros que tenho em casa ou baixados):

24. Uruguai: Um, dois e já (Inés Bortagaray)
25. Colômbia: Viva a música! (Andrés Caicedo)
26. Paraguai: Augusto Roa Bastos
27. Peru: Conversa na catedral/Travessuras da menina má/Pantaleão e as visitadoras/Tia Júlia e o escrevinhador (Mario Vargas Llosa)
28. Bolívia: Hotéis (Maximiliano Barrientos)
29. Equador: Um homem morto a pontapés (Pablo Palacio)
30. Venezuela: The sickness (Alberto Barrera Tyszka)
31. Canadá: Vida querida (Alice Munro)
32. Espanha: A viagem vertical (Enrique Vila-Matas)
33. Itália: Italo Calvino
34. Iraque: Muhsin al-Ramli
35. Escócia: Suíte em quatro movimentos (Ali Smith)
36. Irlanda: O mar (John Banville), Cecelia Ahern
37. Suécia: Os homens que não amavam as mulheres (Stieg Larsson), Let the right one in (John Ajvide Lindqvist)
38. Finlândia: As red as blood (Salla Simukka)
39. Cabo Verde: Chiquinho (Baltasar Lopes), Ilhéu de contenda (Teixeira de Sousa)
40. Hungria: Antologia do contos húngaro (organização Paulo Rónai)
41. República Tcheca: A guerra das salamandras (Karel Tchápek)
42. Bélgica: Queijo (Willem Elsschot)
43. Holanda: O jantar (Herman Koch)

44. Serra Leoa: O Brilho do Amanhã (Ishmael Beah)
45. Polônia: Ferdydurke (Witold Gombrowicz)
46. Áustria: Breve Romance de Sonho (Arthur Schnitzler)
47. Islândia: Butterflies in November (Auður Ava Ólafsdóttir)
48. Antígua e Barbuda: Lucy (Jamaica Kincaid)

49. Jamaica: Colin Channer/Erna Brodber
50. Guatemala: Rodrigo Rey Rosa
51. Rússia: O capote e outras histórias (Nikolai Gógol)
52. Paquistão: Como ficar podre de rico na Ásia emergente (Mohsin Hamid)

53. Zimbábue: Precisamos de novos nomes (NoViolet Bulawayo)
54. Angola: Luuanda, José Luandino Vieira
55. Moçambique: Mia Couto

56. Suíça: O juiz e seu carrasco (Friedrich Dürrenmatt)
57. Egito: Noites das mil e uma noites (Naguib Mahfouz)
58. Turquia: Neve/O livro negro (Orhan Pamuk)

59. Albânia: Fatos Kongoli
60. Nova Zelândia: The rehearsal (Eleanor Catton)
61. Quênia: Wizard of the Crow (Ngũgĩ wa Thiong'o)
62. Sudão: Season of Migration to the North (Tayeb Salih)

63. Tunísia: O astrolábio do mar (Chems Nadir)
64. Camarões: Contornos do dia que vem vindo (Léonora Miano)

Outras sugestões são muito bem-vindas!

sábado, 25 de julho de 2015

Levels of life, Julian Barnes

Levels of life

You put together two people who have not been put together before; and sometimes the world is changed, sometimes not. They may crash and burn, or burn and crash. But sometimes, something new is made, and then the world is changed. Together, in that first exaltation, that first roaring sense of uplift, they are greater than their two separate selves. Together, they see further, and they see more clearly.

Levels of life foi uma leitura para a faculdade. Quando soube que teria que ler algo do Julian Barnes, fiquei animada, porque tinha curiosidade em conhecer a obra dele. Quando descobri que o livro em questão fala sobre balonismo e fotografia e a própria professora que sugeriu a leitura falou mal do começo, meu ânimo caiu um pouco. É curioso como um livro tão curto, de cento e vinte páginas, pode trazer tanta coisa distinta dentro dele (mas é compreensível também, porque na pós-modernidade não há mais totalidade, só fragmentação, e toda aquela coisa que a gente aprende na faculdade de Letras).

O livro é separado em três partes. Na primeira, o autor conta um pouco sobre os pioneiros do balonismo; na segunda, ele conta a história de Sarah Bernhardt e de Fred Burnaby, pessoas que existiram, mas o romance entre eles é inventado por Barnes. Na última parte, que une as outras e que dá sentido ao livro como todo (ou será que não), o autor discorre sobre a perda de sua mulher e sobre o luto.

Agora, honestamente, deixando as opiniões acadêmicas de lado: a união das partes pode fazer sentido e tal, mas a primeira parte de Levels of life é bem chata (pelo menos é curta!). A segunda eu achei razoável, mas meio chata também. E a terceira é interessante. Barnes ou o personagem Barnes (porque esse é um desses livros que a gente não sabe até que ponto o personagem é o escritor, até que ponto é real e o que é ficção) parece muito sincero escrevendo sobre seu amor, e é bonito e muito melancólico.

Enfim, acho que já deu para entender que Levels of life é um daqueles livros complexos e para intelectuais — li numa entrevista de Umberto Eco em que ele diz que Julian Barnes é um escritor que escreve para outros escritores e isso me parece verdade. Eu não sou intelectual o suficiente para apreciar trinta páginas de um cara falando sobre balonismo só para no final isso ser uma metáfora do amor(?), mas a última parte do livro vale a pena. E a discussão que tive sobre o livro nas aulas foi bem interessante, então no final fiquei satisfeita com a leitura.

Li em junho, e vou considerar como leitura para o DL Skoob, tema casais. Como a segunda e a terceira parte falam sobre casais — embora na última a mulher em questão esteja morta —, acho que conta, né?

Avaliação final: 3,5/5

domingo, 19 de julho de 2015

Comentários sobre livros #3

1- A dama pé-de-cabra, Alexandre Herculano

A dama pé-de-cabraFoi uma daquelas leituras curtinhas para a faculdade. É uma novela, mas é mais curta que muitos contos. Como li como se fosse um livro inteiro, na edição de domínio público no Kindle, decidi colocar aqui para não passar em branco. É uma leitura agradável, nada de especial. Achei que seria um porre, conhecendo a fama do Herculano, por isso acabei me surpreendendo. Avaliação: 3/5

2- Vida de Galileu, Bertolt Brecht

Vida de Galileu Essa é uma peça que li para a aula de teatro da faculdade. É interessante e ilustra bem as ideias do teatro de Brecht. Traz reflexões interessantes sobre a busca pela verdade e o aprendizado, mas não costumo ver muito graça em ler peças, e essa não foi exceção. Avaliação: 3,5/5

3- O que fazer?, Anna-Clara Tidholm

O que fazer É um livro infantil que comprei para dar para os meus priminhos e aproveitei e li antes. O texto é bem simples, para crianças pequenas, e as ilustrações são fofas. Avaliação: 3/5

4- Por quê?, Anna-Clara Tidholm

Por quê É da mesma série do anterior, não tenho muito o que comentar (só estou escrevendo como registro, porque achei que seria interessante comentar todos os livros que lesse, mas acaba ficando sem graça quando não tenho o que dizer, né?). Avaliação: 3/5

5- Um grande sonho, Felipe Ugalde

Um grande sonho É outro bem simples e rápido de ler. As ilustrações são bem bonitas, mas o conteúdo não me interessou. No entanto, o livro tem adesivos de estrelinhas que brilham no escuro, o que é sempre bem-vindo. Avaliação: 3/5

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Misery: louca obsessão, Stephen King

Misery louca obsessão

Em vez disso, ele sentiu resignação — precisara de remédio, e de alguma forma conseguira escapar do quarto para obtê-lo. Se fosse haver consequências, punição, ele poderia enfrentar tudo sabendo que não poderia ter agido de outra forma. E de tudo o que Annie lhe fizera, tal resignação certamente era um sintoma do pior: ela o transformara em um animal alquebrado de dor, incapacitado para tomar quaisquer escolhas morais.

Eu não tinha planos de ler Misery para o Desafio Literário Skoob, só o peguei na biblioteca, no final de junho, porque ele estava disponível e normalmente é concorrido. No entanto, em uma dessas coincidências do destino, percebi que o livro se encaixa perfeitamente no tema inverno.

Uma sinopse simples e sem suspense, porque sou péssima com resumos: Misery conta a história do escritor Paul Sheldon, que sofre um acidente de carro e é resgatado pela sua fã número um, Annie Wilkes. Com seu próprio jeitinho carinhoso e psicopata, ela cuida dele, dando remédios que o deixam viciado, prendendo-o em um quarto e obrigando-o a reviver Misery, a personagem que deu sucesso a Paul mas que ele odeia.

Vivi, assim como Paul Sheldon no livro, uma série de emoções diferentes e conflitantes durante a leitura. Em um momento, não queria parar de ler; em outros, queria só que o livro tivesse cem páginas a menos. Às vezes, me sentia completamente desconectada emocionalmente dos personagens; no final, cheguei perto de sentir a intensidade da história e um horror genuíno.

Misery é a minha segunda experiência com o Stephen King e posso dizer que não sou a maior fã do estilo de escrita dele. Ele usa no livro alguns recursos semelhantes aos de Carrie, a estranha, como o fluxo de pensamentos sem pontuação ou entre parênteses e a narração onisciente seletiva em terceira pessoa. Não é que a escrita seja propriamente ruim, só não é meu estilo, e me desagradou ver que ele manteve a mesma forma de escrita nos dois livros que li, como se Paul Sheldon e Carrie White, apesar das personalidades tão distintas, se expressassem da mesma forma.

Mas, apesar disso, Stephen King realmente sabe como conduzir os elementos da trama. No livro, Paul Sheldon fala bastante a respeito do trabalho do escritor, e sobre como seus livros comerciais fazem sucesso porque ele consegue criar um suspense que torna as pessoas vidradas, querendo mais. Não foi sempre que senti isso, acho que às vezes King é prolixo demais; porém, de fato compreendi o tal do “deixeuver” sobre o qual Misery fala. Deixeuver o que vai acontecer agora, deixeuver se o Paul Sheldon vai sair vivo dessa, deixeuver como acaba a história…

O livro mostra alguns capítulos do livro que o Paul escreve. Como na maioria dos livros que têm uma história dentro da outra, eu não gostei muito da história de dentro. No começo, até fiquei curiosa para entender melhor o mundo da personagem Misery, mas no final estava quase pulando essas partes. Entendo que deva ter vários paralelismos e coisas do tipo, mas que história sem noção e estranha. No mundo real, eu certamente não seria fã da Misery.

Enfim, no final o saldo de leitura foi positivo. Pretendo ler outros livros do Stephen King ainda, mas não sei se tenho tanto fôlego para o estilo de escrita dele. Se achei que um livro de trezentas páginas poderia ter sido mais curto, imagina um de mil?

Avaliação final: 3,5/5

domingo, 12 de julho de 2015

Retrospectiva: maio e junho

Enquanto eu procrastinava no mês passado, tive a ideia de criar uma retrospectiva mensal, para falar de tudo o que der vontade, em um tom mais pessoal e relaxado. Não sei se vai ter todos os meses (já comecei mal, juntando dois meses em um, né). Vou escrever em tópicos, para não ter que ter coesão entre os assuntos.

• Primeiro, o motivo do sumiço em junho: fim do semestre na faculdade, um trabalho especial e no final do mês comecei um estágio. Se eu tivesse sido organizada desde o início do ano, isso não seria problema. Mas procrastinei muuuuito e aí tudo acabou caindo na minha cara no final. Me arrependi? Sim. Prometi para mim mesma que vou mudar semestre que vem? Sim. Vou mudar de fato? Provavelmente não. O fato é que sobrevivi, por enquanto minhas notas na faculdade não estão tão piores e agora estou de férias (acadêmicas).

• Dei um tablet para a minha mãe de dia das mães e cheguei a conclusão de que sou muito velha para essas tecnologias: joguei um pouco, usei a internet, mas essa coisa de usar os dedos para rolar o texto, fazendo ele passar muito rápido (não sei se deu para entender, haha), me dá um pouco de dor de cabeça. É complicado, porque não tenho smartphone e cada vez mais percebo que no futuro próximo não ter um seria como não ter um computador hoje. E já começo a me sentir excluída, com todo mundo fazendo snapchat e eu de fora, sem poder ver as besteiras que as pessoas postam (afinal, o tablet é da minha mãe, não meu).

• Na série maria-vai-com-as-outras, de tanto ouvir as pessoas falando da Taylor Swift, finalmente baixei o 1989. Já ouvi várias vezes e ainda não sei o que achei(?). Digo, eu adoro Blank Space, gosto de alguns hits, mas tem muitas músicas que não tenho opinião a respeito, ou que não saem da minha cabeça e eu não sei se eu curto ou não. De qualquer jeito, continuo não gostando muito das músicas antigas dela. E aproveitando a onda pop mainstream, baixei uns hits avulsos de outros artistas (obrigada conversor de vídeos do Youtube para MP3). Minha relação com a música pop, parodiando a própria Taylor, was never worse (pois músicas presas na minha cabeça o dia todo) but never better (porque agora ouço sem vergonha quando quiser).

taylor swift (o gato se mexendo sou eu tentando me livrar das músicas da Taylor da cabeça)

• Continuando a mostrar como sou uma pessoa influenciável, comecei a assistir MasterChef Brasil por causa dos comentários no Twitter (posto pouquíssimo no site, mas estou sempre de olho na minha timeline). Eu tinha implicância com o formato do reality quando assisti episódios de outras nacionalidades, por isso não me interessei pela versão brasileira no começo, e estava acostumada com o clima mais profissional de Top Chef, então demorei para me acostumar com a incapacidade o jeito mais amador dos competidores, mas já me apeguei ao reality (porque não vivo sem ter um reality show para acompanhar, né?). Estou pensando em fazer um post sobre ele depois que acabar a temporada porque quero dar minha opinião (que ninguém perguntou) sobre tudo. Por enquanto, só vou dizer que torço pela Jiang.

• Comecei a trocar livros pelo Skoob Plus e estou bem feliz com isso. Eu e minha irmã compramos livros demais, e me sinto muito culpada pelas pilhas de livros não lidos. Sempre tive vontade de trocar, mas tinha medo do correio, até que não aguentei mais e decidi entrar nesse mundo de trocas. Não vou sair trocando tudo, porque tem que ser um livro que eu e minha irmã já lemos, não gostamos muito e não pretendemos reler (ou que simplesmente não pretendemos ler), e esses são raros. O problema é que agora fico viciada em ver os livros que as pessoas botaram para troca (e, honestamente, tem que esperar um pouco para coisas que valem mesmo a pena. Lançamentos são solicitados rapidamente e, obviamente, quanto menos popular o autor, menos a chance de ter livros. Ou seja, Nicholas Sparks tem de monte, mas alguns livros da Companhia das Letras, por exemplo, são mais raros), mesmo sem ter crédito para solicitar, e quando vou comprar algum livro, já penso “ah, eu posso não gostar, mas aí é só botar para troca”, ou seja, meu consumismo não vai diminuir. Mas por enquanto deu tudo certo, já troquei e recebi três livros.

• Estava vendo a minha lista de livros lidos esse ano e percebi que poucas leituras foram marcantes. Dei 4 estrelas para vários livros, e 4,5 para um (eu basicamente não dou 5 estrelas para nenhum, então 4 e 4,5 são notas ótimas), mas não sinto tanto a conexão emocional que sentia quando era pequena e relia meus livros preferidos anualmente. Tenho vontade de reler alguns, mas e a culpa de abandonar os livros comprados e não lidos, a vontade de ler aquele sobre o qual todo mundo fala, e tal? Espero que seja só uma fase de desânimo porque não amei os últimos seis livros que li (dos quais só O último amigo recebeu resenha no blog, por enquanto), e que ela passe quando eu ler algum livro 4 estrelas.

• Já passamos da metade do ano e percebi que, obviamente, vou falhar em vários desafios que criei. Ainda não li nenhum livro que sorteei na TBR jar (mas li outros da estante, o que já é bom), nenhum da lista de 1001 livros (minha meta era ler 6 no ano), e como a criadora do DL do Tigre abandonou o projeto, perdi o incentivo para ficar pensando nas leituras dele. Não sou muito rígida com esse negócio de seguir metas, mas ao mesmo tempo é tão bom cumpri-las…

• Gostei bastante desse texto da Bárbara Morais (em inglês) sobre a falta de traduções de livros estrangeiros nos Estados Unidos e como a discussão de diversidade lá acaba esquecendo disso (ou pelo menos essa é a minha interpretação). Acho muito estranho como lá eles parecem quase esquecer que existe um mercado editorial fora dos países de língua anglófona. Outro dia estava lendo uma discussão em um blog de YA sobre tradução e a menina, filipina, dizia que embora entendesse a importância de traduções, ela preferia sempre ler o original (em inglês, óbvio). Fiquei um pouco triste ao constatar que muitas pessoas que comentaram o post também não eram americanas mas só liam livros em inglês. Acho engraçado que tem gente que prefere tanto ler em inglês, como se os livros tivessem uma qualidade extra, que acaba lendo mais livros traduzidos para o inglês (como os do Murakami) do que as traduções em português. É claro, nem toda a tradução brasileira é boa, mas a área está cada vez melhor, e acho legal incentivar o mercado editorial brasileiro. Tem livros, como YAs contemporâneos, que de fato prefiro ler no original, porque a fluidez da escrita, com gírias e referências a cultura pop, acaba se perdendo em outra língua, por mais bem traduzido que seja. Mas tem alguns que eu até prefiro ler em português, seja por preguiça de ler em inglês ou pela tradução ser bem feita. Como a Bárbara comentou, nós do Brasil estamos mais acostumados com livros estrangeiros. Eu cresci lendo muita tradução, e não vejo problema nisso. É claro que a gente sempre perde algo do original, mas às vezes até ganha outras coisas próprias do português (acabei me estendendo demais no comentário, hehe).

É isso. Obrigada se você leu minhas besteiras até o fim e desculpe pelo post gigante com poucas imagens. Como estou de férias, vou tentar escrever umas resenhas atrasadas para postar quando não tiver assunto. Aos poucos, o blog vai se recuperando do horror que foi junho (não sei, no entanto, se meu ritmo de leitura não vai diminuir drasticamente quando tiver aulas e estágio ao mesmo tempo. Veremos).

segunda-feira, 6 de julho de 2015

O último amigo, Tahar Ben Jelloun

O último amigo

Tânger é como um encontro ambíguo, inquieto, clandestino, uma história que esconde outras histórias, uma revelação que não diz toda a verdade, um ar de família que envenena a sua existência desde que você se afasta; e você sente, então, que tem necessidade dela sem jamais conseguir saber por quê.

Um dos fatores que me fez querer participar do Projeto Volta ao Mundo em 80 livros foi o fato de que minha irmã iria participar também. Assim, preguiçosa como sou, não teria que ir atrás de alguns livros, pois ela os selecionaria por mim. É o caso de O último amigo, do marroquino Tahar Ben Jelloun.

O livro conta a história de Mamed e Ali, amigos desde a infância que se separam graças a Mamed, que não explica o motivo do rompimento — ou melhor, explica, mas não de modo convincente. Vemos a visão de cada um sobre a amizade deles, que nos lembra que narradores em primeira pessoa não são confiáveis e que a memória não é a verdade universal — coisa que a gente esquece com frequência, né? Eu li o primeiro relato acreditando em tudo, e quando li o segundo comecei a estranhar que alguns dados não batiam… Até entender o que o autor queria dizer com isso.

Uma coisa curiosa é que eu acabo me lembrando do Brasil de algum modo lendo a maior parte de livros de países não tão desenvolvidos, se é que posso chamá-los assim. Mamed vai para o exterior, mas sente falta do ar de Marrocos, do jeito que as coisas são. Imagino que me sentiria assim se morasse fora, sentiria saudades até dos defeitos brasileiros. O autor consegue descrever bem Tânger, fazendo o leitor sentir os seus aromas, suas cores e suas imagens e entender a relação dos personagens com a cidade.

Eu não gostei muito do final da história, do motivo pelo qual os amigos se separaram. Achei um pouco forçado, estava esperando outra coisa. O livro é bem curto, com pouco mais de cem páginas, então não dá muito espaço para desenvolver melhor alguns aspectos do enredo. Talvez, se fosse um pouco maior, eu teria aceitado melhor o final. De qualquer jeito, não é um livro me envolveu emocionalmente e provavelmente mesmo se fosse mais longo continuaria sem me emocionar (e talvez eu chegaria a me irritar mais com os protagonistas, porque são homens meio chatos).

Como O último amigo é curto, para o bem ou para o mal, ele tem a vantagem da leitura rápida, mas também tem a desvantagem de ser um pouco esquecível. Para quem se interessou, porém, vale a pena conhecer. 

Avaliação final: 3,5/5