sexta-feira, 23 de setembro de 2016

The Complete Polysyllabic Spree, Nick Hornby

 
(...) all the books we own, both read and unread, are the fullest expression of self we have at out disposal. (...) with each passing year, and with each whimsical purchase, out libraries become more and more able to articulate who we are, whether we read the books or not. Maybe that's not worth the thirty-odd quid I blew on those collections of letters, admittedly, but it's got to be worth something, right?
Eu tive uma fase muito Nick Hornby na vida. Foi quando eu descobri que existia literatura que falava sobre cultura pop, o que foi logo depois de ter descoberto que eu me importava com cultura pop. Eu e o autor passamos por momentos muito bons juntos, em que cheguei a colocá-lo entre os meus escritores favoritos, e outros nem tanto, quando percebi que qualquer um com uma obra mais extensa é capaz de decepcionar. Minha irmã comprou vários livros dele, com suas capinhas bonitinhas das edições em inglês, mas eu os deixei parados na estante por bastante tempo. Aí eu senti vontade de ler algo de não-ficção e peguei o The Complete Polysyllabic Spree. Não acredito muito em "momento certo" de leitura, mas mesmo assim digo que valeu a pena a espera. Ler um livro que fala tão honestamente e com paixão sobre leitura em um momento em que você está lendo mais por obrigação — porque é o que você sempre fez, não exatamente porque você quer — me fez me lembrar conscientemente do quanto eu amo ler.

O livro é uma compilação de artigos que o Nick Hornby escreveu para a revista Believer. Neles, ele lista as leituras e compras de livros do mês e comenta um pouco sobre o que achou, além de digressões, piadas e reflexões sobre literatura. A primeira coisa que chama atenção, depois da diferença entre a quantidade de leituras contra a quantidade de livros comprados (quem nunca?), é a variação de gêneros que Hornby lê. Tem ficção contemporânea, clássica, histórias em quadrinhos, livros-reportagem, poesia e estilos variados de não-ficção. Como uma pessoa fã especialmente de romances,  as leituras dele em geral não chamaram a minha atenção. De repente tem páginas sobre um livro de, sei lá, beisebol, e você fica um pouco decepcionada, porque tem tantos livros legais que podiam ser mais comentados! Ao mesmo tempo, é interessante sair da zona de conforto e ver alguém falando com tanto interesse sobre um livro de beisebol. E eu consegui acrescentar alguns livros na minha lista de desejo, então valeu a pena.

No entanto, o destaque não são os comentários específicos sobre os livros lidos, e sim quando Nick Hornby fala sobre leitura. Eu não sou daquelas pessoas que acha que literatura é a melhor forma de arte e que "como assim você não gosta de ler? Credo!", mas vê-lo falando com tanta sinceridade e carinho sobre o assunto é bonito demais (desculpa, sou brega). E ele consegue não ser elitista, o que também é bem legal. Além disso, ele tem um estilo de escrita muito gostoso de ler. Sabe quando você pensa "queria escrever desse jeito"? Se eu escrevesse metade do que o Nick Hornby escreve, essa forma leve, despretensiosa e divertida que é muito particular dele, eu já estaria feliz.

Eu acho que esse livro é para qualquer um? Não acho. O humor do escritor não agrada todo mundo e às vezes ele exagera. Além disso, por se tratar de textos que originalmente eram de uma revista, a quantidade de piadas com a Believer perde o contexto aqui. Contudo, se você está precisando relembrar o porquê do seu amor pela leitura, vale a pena dar uma chance para esse livro. 

Avaliação final: 4/5

sábado, 10 de setembro de 2016

Os (não tão) últimos filmes que eu vi #19

1- Será que? (Michael Dowse, 2013)
Eu assisti algumas entrevistas com o Daniel Radcliffe pós-Harry Potter e, apesar de não gostar muito da sua atuação com o menino que sobreviveu, simpatizei o suficiente com o ator para ter curiosidade em ver mais filmes com ele. Será que?, com a Zoe Kazan, é uma daquelas comédias românticas menos mainstream de que eu tanto gosto. O tema é: é possível homens e mulheres serem só amigos? A resposta não vai te surpreender... O filme é fofo, previsível e as partes cômicas são um pouco exageradas, como é típico de filmes desse estilo. O que me surpreendeu é o final feliz demais. Não achei o epílogo necessário, mas tudo bem. Avaliação: 3,5/5

2- Rede de intrigas (Sidney Lumet, 1976)
Decidi aleatoriamente por um filme dos anos 70 e que tivesse na Netflix para ser o clássico do mês. A história é sobre um canal de televisão, acompanhando um apresentador que desabafa ao vivo e diz que vai se suicidar, gerando um bafafá. O canal tem a escolha de abafar o caso ou de criar mais atenção para ele, e obviamente escolhem a segunda opção, percebendo que o sensacionalismo era tudo que eles precisavam para fazer sucesso. As críticas que o filme desenvolve são interessantes, mas um pouco batidas hoje: a gente já sabe quanto a TV nos manipula. A história em si também é interessante, mas sofre de um mal: são muitos homens brancos de meia-idade de terno e eu, que não sou a pessoa mais habilidosa em distinguir feições do mundo, só aprendi quem era quem lá pela metade do filme, o que deixou o começo meio confuso. Enfim, entendo a importância do filme, mas não o acho indispensável hoje. Avaliação: 3,5/5

3- Frank (Lenny Abrahamson, 2014)
Em uma palavra, Frank é estranho. Afinal, é sobre um homem  que usa uma cabeça de papel machê e se recusa a tirá-la. Não vemos o mundo, no entanto, pelos olhos de Frank — até porque seu campo de visão deve ser limitado com a cabeça falsa, risos —, mas por Jon, músico novato que entra na banda de Frank. É um filme interessante que discute questões como a comercialização da arte e o sofrimento do artista, tudo isso com músicas um tanto incomuns. Frank é uma estranheza que não vai agradar a todos, mas eu gostei. Avaliação: 4/5

4- A série Divergente: Insurgente (Robert Schwentke, 2015)
Acho que eu gostei mais do filme de Divergente do que do livro, então fiquei curiosa para ver a continuação. Só que aí tive preguiça de ver no cinema e perdi o ânimo, e decidi que só assistiria antes de ler Convergente para poder relembrar a história. Isso não adiantou muito, porque a adaptação muda bastante coisa em relação ao livro. A maioria das diferenças não passa de detalhe — a história e os dramas precisam ser enxugados para um filme de duas horas, afinal de contas —, mas a parte final é bem diferente, e me deixou em dúvida se a conclusão dos filmes será parecida com a da série ou se vão inventar mais. Não sei se é porque não gosto muito do segundo livro, ou mesmo se é porque não vi o filme no cinema, mas Insurgente me empolgou bem menos que o primeiro. Não cheguei a achar cansativo, mas também não achei divertido. Veremos o que vai acontecer com os próximos. Avaliação: 3/5

5- De repente 30 (Gary Winick, 2004)
Eu passei minha pré-adolescência desejando ser criança e parar de crescer. Por isso, não era muito fã desses filmes de adolescente, aos quais só assistia quando ia na casa das minhas amigas. É uma falha de caráter que estou tentando curar atualmente. É maravilhoso ver um filme desses em 2016, porque ele apresenta o que os anos 2000 têm de melhor (e de pior) e se eu visse na época que foi lançado ele simplesmente não teria o mesmo brilho. De repente 30, se vocês não sabem, nos apresenta a Jenna, uma garota com 13 anos recém-completados. Ela sonha em ser popular, mas é claro que seu melhor amigo é um loser. Depois de um desastre na sua festa de aniversário, ela deseja ter 30 anos e consegue realizar esse desejo. A partir daí, já sabemos o que vai acontecer — uma série de confusões com a vida adulta, a descoberta de que ela se tornou o que queria, mas não do jeito que queria, e a tentativa de resolver isso. É muito clichê, e é completamente adorável. Mark Ruffalo está ótimo como o melhor amigo dela versão crescida, e apesar de eu não ir muito com a cara da Jennifer Garner ela também convence. O filme tem cenas forçadas e totalmente inverossímeis, mas obviamente não assistimos De repente 30 em busca da realidade. Por que Hollywood não produz mais filmes com enredos batidos e mirabolantes como esse hoje? (ou produz e eu não estou sabendo?) Avaliação: 3,75/5

6- Depois do casamento (Susanne Bier, 2006)
Vi esse filme porque queria assistir algo com o Mads Mikkelsen no elenco. Eu não sabia sobre o que era antes de assistir, só a sinopse, que envolve um dono de um orfanato na Índia que volta para a Dinamarca. Foi ótimo saber só isso porque eu não fazia ideia de aonde o filme ia e a surpresa foi um fator importante para me fazer gostar do filme. Basicamente é um drama bem novelesco... E é isso. Não tem muito o que falar. Os atores principais estão bem e achei curioso como a câmera sempre pousava nos olhos ou na boca de alguém — não que eu saiba o que isso quer dizer além do efeito estético. Não me arrependi de assisti-lo, mas é um filme um tanto esquecível. Ah, e depois de tanto tempo vendo o Mads interpretando vilões, foi bom vê-lo sendo um mocinho para variar. Avaliação: 3,5/5

7- Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban (Alfonso Cuarón, 2003)
Eu assisti várias vezes esse filme e lembro que era um dos meus favoritos de Harry Potter. Ao revê-lo esse ano, não sei dizer por que gostava tanto. Quer dizer, a ambientação dele é bem legal, o clima sombrio, a trilha sonora, mas como adaptação ele não funciona tão bem. O roteiro não explica coisas importantes, como quem são os marotos, e fica tudo meio solto na trama. Além disso, toda hora eu ficava pensando "ah, no livro dava para entender melhor os sentimentos do Harry, dava para entrar melhor na história". É um filme gostoso para ver quando reprisa na TV, mas assistir pensando conscientemente sobre ele já não é tão divertido. Avaliação: 3,5/5

8- Califórnia (Marina Person, 2015) 
Eu nunca me recuso a ver um filme brasileiro sobre jovens. Califórnia se passa na São Paulo dos anos 80 e têm dilemas e clichês típicos do cinema adolescente — a primeira vez, a paixão pelo menino popular, as amigas fofoqueiras, o garoto novos na escola — e outros nem tanto, como a protagonista, Teca, tendo que lidar com a doença do seu tio. No geral o filme não apresenta grandes novidades, mas gostei da personagem principal e do JM, o garoto ~misterioso~. Tenho um pouco de preconceito com música dos anos 80, mas gostei bastante da trilha sonora. Ah, e filmes que se passam em São Paulo são especiais para mim porque reconheço algumas das paisagens. Aqui o destaque fica para uma citação ao colégio onde eu estudei. Avaliação: 3,5/5

9- Garotas (Céline Sciamma, 2014)
Garotas é da mesma diretora de Tomboy outro filme que recomendo — e retrata o processo de independência da protagonista, que começa mais tímida e submissa e se torna mais aberta, ou, nos vocabulários feminista atuais, empoderada ao se aproximar de um grupo de garotas similar a uma gangue. O filme discute questões como racismo, desigualdade social, machismo e violência, mas sem se tornar didático. Os temas são abordados porque fazem parte da vida das meninas, ponto. Também gostei de como as personagens principais nunca são julgadas pelo filme — seria fácil criar uma lição de moral para a história, mas não há respostas prontas no final. Avaliação: 4/5

10- G.B.F.  (Darren Stein, 2013)
O filme me chamou a atenção por ser uma comédia adolescente com protagonista gay, porque quão frequente é isso? GBF se refere a "gay best friend" e após o termo entrar na moda, as populares da escola do personagem principal passam a querer ter um também. É um daqueles filmes que exagera nos estereótipos no começo para depois subvertê-los. É um filme bem estilo série da MTV, com diálogos rápidos e cheios de referências à cultura pop, além de incluir no elenco alguns dos próprios atores de séries da emissora — além da atriz da Luna Lovegood interpretando uma religiosa fervorosa. Enfim, é um filme divertido, bem exagerado no cômico e no caricatural, e bom para matar o tempo, com o diferencial da temática LGBT.  Avaliação: 3/5

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Harry Potter and the Cursed Child, J.K. Rowling, John Tiffany e Jack Thorne

 
ALBUS: I'm just asking you, Dad, if you'll — if you'll just stand a little away from me.
HARRY (amused): Second-years don't like to be seen with their dads, is that it?
(...)
ALBUS: No. It's just — you're you and — I'm me and —
HARRY: It's just people looking, okay? People look. And they're looking at me, not you.
(...)
ALBUS: At Harry Potter and his disappointing son.  
Então eu li Harry Potter and the Cursed Child. Vou dizer que estava esperando ansiosa para o livro? Não. Eu estava até em dúvida se ia lê-lo logo ou se esperaria chegar a tradução, ou mesmo se só pensaria sobre ele quando chegasse um exemplar na biblioteca. Mas no meio do caminho havia o fandom de Harry Potter, e é claro que as pessoas não pararam de falar sobre o assunto. A opinião geral era de que a história parecia uma fanfic ruim, e quem sou eu para negar a leitura de uma fanfic ruim?

Se você não quer ter nenhuma informação sobre o enredo, sugiro que não leia a resenha. Não vou dar nenhum spoiler, mas tudo é spoiler para quem prefere ler o livro sem saber nada.

Enfim, vamos lá. Eu li a peça sabendo só da premissa, que envolvia os filhos da geração do Harry e viagens no tempo. E que as pessoas shippavam Albus e Scorpius. Achei o enredo um pouco estranho e certamente gostaria de ter visto mais cenas cotidianas. Dá para entender por que o foco é nas aventuras, mas sinceramente minha parte favorita em Harry Potter é o dia a dia de Hogwarts e como o relacionamento dos personagens vai evoluindo aos poucos. Não tem "aos poucos" nesse livro porque é uma peça só cheia de ação. Albus e Scorpius se conhecem, três minutos depois já são amigos e já vivem altas aventuras (isso não é uma crítica à peça, porque não é propriamente um defeito, é mais uma questão de gosto mesmo).

Li várias resenhas que diziam que não iam comentar nada sobre o formato, porque é uma peça e deveria ser vista no palco. Eu particularmente acho que a partir do momento em que sai um livro da peça a gente tem todo o direito de comentar a forma. O que mais me chamou atenção é o quanto as rubricas não são neutras: elas não servem só para guiar os atores, mas também demonstram o que a gente deve pensar. O caso mais óbvio é do Snape: SNAPE looks at him, every inch a hero (...). Eu gosto do Snape, mas para que ficar heroicizando o cara? Aliás, outra coisa que se destacou no livro, para o bem ou para o mal, é como parece haver um acerto de contas com personagens. Dumbledore e Draco, por exemplo, recebem tratamentos especiais e cenas emotivas como se a Rowling estivesse pedindo desculpas ou se justificando pelo tratamento deles durante a série.

Enquanto alguns personagens são mais aprofundados do que eu esperava, outros parecem até desvirtuados das personalidades anteriores. Rony apresenta apenas um traço na peça: ele é alívio cômico. Em algumas realidades paralelas, Hermione, Rony e até Cedrico agem de forma totalmente diferente do que qualquer um imaginaria, mesmo com todas as mudanças nos eventos.

Apesar de tudo isso, não posso mentir: achei Harry Potter and the Cursed Child bem divertido. Li em umas duas sentadas, morrendo de vontade em saber o que ia acontecer em seguida. O fato de tudo ser bem implausível só aguçou a minha curiosidade. Ou seja, pode até ser fanfic ruim, mas não é daquelas que a gente larga no meio.

Avaliação final: 3/5

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Retrospectiva: abril, maio, junho e julho

• Faz tempo que eu não escrevo aqui, né? O blog está devagar quase parando, mas pretendo revivê-lo aos poucos. No entanto, não sei bem como vou voltar. No ano passado, consegui manter razoavelmente bem essa coisa de resenhar praticamente todos os livros que lia. Agora não consigo mais. Sinto um desânimo na obrigação autoimposta de escrever resenhas e me parece que a blogosfera literária não é mais a mesma. Quase todos os blogs de livros que eu leio acabaram ou reduziram bem a frequência de posts. Mesmo minha animação em ler e comentar resenhas alheias diminuiu. É difícil admitir que algo que foi seu hobby por tanto tempo simplesmente não te interessa tanto agora, né? Ainda vou repensar bem sobre o que vou fazer, porque escrever sobre o que leio me ajuda a relembrar o que achei e a valorizar o momento da leitura. Provavelmente vou escrever mais comentários pequenos sobre livros e menos resenhas, mas ainda tenho que pensar no resto do conteúdo do blog. Não sei. Veremos.

• Além desse desânimo, teve também a já esperada greve na faculdade e o esperado fim de semestre fora de hora. Terceira greve em quatro anos e eu pensava que seria mais fácil, mas olha, fica cada vez mais difícil de suportar. Mas pelo menos já acabou e significa que a não ser que algo muito absurdo aconteça eu terei um semestre normal a partir de semana que vem e minha rotina voltará a entrar nos eixos.

Nesse período:  
Eu vi… muita coisa, não sei nem por onde começar? O destaque fica com a primeira temporada de My mad fat diary, uma série britânica adolescente maravilhosa.
Eu li… várias graphic novels, graças a minha irmã. E já completei meu Goodreads Reading Challenge, já li mais de 50 livros esse ano! Talvez por isso esteja sofrendo para escrever resenhas, não estou acostumada com esse ritmo.
Eu escrevi…  ficção! Tinha algumas ideias engavetadas mas o começo parece tão definitivo, né? Eis que umas pessoas sugeriram o Camp NaNoWriMo e eu decidi tentar. Criei uma meta pequena (10.000 palavras em um mês) e não bati nem um terço dela, mas sinceramente só o fato de já ter começado já foi uma vitória. 
 
No blog:
• O primeiro post foi a retrospectiva de fevereiro e março.

• Depois escrevi uma resenha de um livro lido no início do ano passado, Secret society girl.

• Como sempre, tem post comentando os filmes que eu vi — de distopias adolescentes a porcos falantes.

Brooklyn foi um desses livros que cresceu comigo depois da leitura. Recomendo muito!

•  Finalmente fiz meu diário de viagem para Porto de Galinhas.

A casa torta foi encontrado do lado do lixo e se tornou meu livro favorito da Agatha Christie.

•  Comentei sobre alguns livros curtos ou releituras que fiz.

• Resenhei A sociedade literária e a torta de casca de batata, um livro que me surpreendeu positivamente.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

A sociedade literária e a torta de casca de batata, Mary Ann Shaffer e Annie Barrows

Quando a guerra terminou, também prometi a mim mesma que nunca mais iria falar sobre ela. Eu tinha passado seis anos falando sobre a guerra e vivendo a guerra e estava querendo prestar atenção em outra coisa — qualquer coisa. Mas isso era como querer ser outra pessoa. A guerra agora faz parte da história de nossas vidas, e não há como esquecê-la.
Esse é um daqueles livros que dá vontade de ler só pelo título: A sociedade literária e a torta de casca de batata. Tem uma sociedade literária! Tem uma torta de casca de batata! As duas coisas não parecem ter a menor ligação! Fascinante, não é? Mas a capa é um pouco brega, e quando eu descobri que era um livro sobre a guerra fiquei um pouco desanimada. De qualquer jeito, ele chegou a mim por vontade alheia, ou seja, minha tia emprestou e eu aceitei.

O livro é um romance epistolar e sua protagonista é Juliet, uma escritora. Ela troca cartas com seu editor e suas amigas, e um dia recebe uma carta de um homem, Dawsey Adams, que encontrou seu nome e endereço na folha de rosto de um livro de Charles Lamb. Eles logo entram em contato e Juliet descobre a sociedade literária de Guernsey, uma ilha britânica que fora ocupada por nazistas durante a guerra. Procurando um assunto para seu próximo livro, Juliet logo se envolve com as pessoas de Guernsey.

No começo, a quantidade de personagens e de cartas assusta bastante e demora um pouco para entender exatamente o que está acontecendo e quem é quem, mas aos poucos os personagens principais são delimitados e a gente consegue compreender quem é importante e quem não vai aparecer de novo. Achei os personagens carismáticos, mas um pouco parecidos entre si — talvez por isso fique difícil reconhecê-los no começo —, com a exceção da Isola, que sem sombra de dúvidas é a personagem mais divertida do livro.

No geral, A sociedade literária e a torta de casca de batata funcionou para mim no momento da leitura: achei interessante, divertido e prendeu a atenção. No entanto, não foi um livro marcante e, assim como compreendo elogios ao livro, também entendo quem não goste. Ele não se aprofunda muito em nenhum dos tópicos que aborda e nada empolga de verdade, sabe? E se a gente parar para pensar, é tudo muito inverossímil. Mas eu consegui esquecer disso enquanto lia, então acho que tudo bem.

Avaliação final: 3,5/5

terça-feira, 28 de junho de 2016

Comentários sobre livros #5

1- The catcher in the rye, J.D. Salinger

Foi uma releitura. Li pela primeira vez para a escola e reli... Para a faculdade. Não me lembro do que achei na primeira leitura, em que era mais nova que Holden, e meus sentimentos continuam variados, tanto que não consegui escrever uma resenha sobre o livro. No geral, compreendo quem ama o livro mas também entendo quem odeia. Gostaria de saber o que eu acharia se não fossem as influências acadêmicas e as aulas sobre isso, mas não dá para se ter tudo. Avaliação: 4/5

2- A vida do livreiro A.J. Fikry, Gabrielle Zevin

Esse livro foi queridinho de muitos, porque que leitor não cai de amores por uma história sobre livros? No entanto, gostei mas não me apaixonei. Os personagens são carismáticos, porém pouco aprofundados e sinto que o livro é curto demais para tantos acontecimentos. Prendeu a atenção, mas foi do tipo li-e-logo-esqueci. Avaliação: 3,5/5

3- Tormento, John Boyne

Tormento é um infantojuvenil e como é bem curtinho, do tipo de menos de 100 páginas, e é do John Boyne, decidi pegar um dia na biblioteca. Eu vi uma resenha bem elogiosa, mas acabei me decepcionando com o livro. De novo, curto demais para os elementos que ele tenta explorar. São vários personagens com seus próprios problemas tratados de forma rasa e o final se resolve de repente demais. Não funcionou comigo. Avaliação: 2,5/5

4- Wunderkind, Carson McCullers

Essa coleção de livros pequenininhos estava com desconto na Livraria Cultura e minha irmã comprou uns quatro, de autores que a gente queria conhecer, como é o caso da Carson McCullers, ou livros que simplesmente pareciam interessantes. Comecei por esse só porque caiu no sorteio da minha TBR jar. O livro é formado por quatro contos e nenhum me pegou. O negócio com contos é que eu nem sei explicar por que eu gosto de alguns, a magia acontece ou não. Não aconteceu aqui, embora seja inegável que a autora escreva muito bem e que eu continue curiosa para ler seus romances. Avaliação: 3/5

5- O caso da estranha fotografia, Stella Carr 

Li para a escola quando estávamos aprendendo sobre narrativas de enigma. Não gostei muito, sou mais O gênio do crime ou O mistério do cinco estrelas. Relendo uns dez anos depois, mantenho a minha opinião. Li em uma sentada, mas o final é um pouco frustrante, talvez pelo motivo do crime ser genérico e adulto demais em um livro de crianças(?). E também é do tipo que joga fatos aleatórios no meio da narrativa para ser educativo, como a irmã falando sobre biologia marinha, e eu morro de preguiça disso. Avaliação: 3/5

terça-feira, 7 de junho de 2016

A casa torta, Agatha Christie

— Sim, realmente nunca se sabe ao certo, não é mesmo? As pessoas são capazes de surpresas terríveis. Forma-se uma impressão acerca de alguém e ela às vezes resulta totalmente errada. Nem sempre... mas às vezes, acontece.
Eu nunca tinha ouvido falar de A casa torta, e provavelmente continuaria sem conhecer se as circunstâncias certas não tivessem se alinhado e eu e minha irmã não tivéssemos encontrado o livro entre uma pilha de livros abandonados do lado da cesta de lixo do meu andar do prédio. Minha irmã decidiu resgatar o livro, velho mas em plenas condições de ser lido, e ele ficou na estante por muito tempo intocado, até que ela leu e eu decidi ler também porque a gente tem livros demais e livros de mistério são bons para se passar para frente: quando a gente já sabe o final não tem tanta graça reler, né?

A casa torta, como o título bem indica, se passa em uma casa torta, local do envenenamento de Aristide Leonides, o patriarca da grande família que vive lá. Quem investiga o crime não são os detetives famosos da autora, mas Charles Hayward, jovem apaixonado por uma das netas de Leonides e filho do comissário da Scotland Yard. Assim, Charles está em uma posição de nem-da-polícia-e-nem-exatamente-da-família, o que o deixa mais confortável para investigar. Porém, com sua falta de experiência, é fácil deixar alguns detalhes passarem...

Não sei se foi porque eu não gosto tanto assim da Agatha Christie e por isso as expectativas estavam baixas ou se foi porque eu estava com saudades de romances policiais, mas acabei me surpreendendo com A casa torta. O final me deixou surpresa de uma forma agradável, e não com aquele gosto amargo da inverossimilhança que decepciona. É uma leitura bem rápida, li as duzentas e tantas páginas em dois dias, e apesar de terem vários personagens, a personalidade deles é marcante,  ou seja, logo a gente consegue diferenciar um do outro.

No geral, não é um livro que se destaque muito entre os romances policiais, mas é um mistério competente, pelo menos para mim que não sou fissurada no gênero. Virou o meu favorito da autora.

Avaliação final: 3,75/5

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Diário de viagem: Porto de Galinhas

Estou postando no final de maio o diário da viagem que fiz em dezembro e acho que isso é um bom resumo do estado de abandono do blog. Eu gosto de ler diários de viagens alheios, mesmo aqueles bem pessoais, então decidi fazer o meu. Precisava publicar? Não, mas eu não tenho um caderninho de coisas pessoais e aqui é o melhor lugar mesmo. Sei que tem poucas fotos, mas, além de não sermos a família mais ligada à fotografia do mundo, tivemos um problema com a máquina fotográfica que levamos e só usamos o celular para fotos.

Dia 1
A ida sempre me deixa apreensiva — será que vou esquecer alguma coisa? Não vou passar mal no caminho? E se tiver um acidente? E se a gente perder o avião? Saímos de táxi com antecedência para o aeroporto e no caminho um carro bateu no táxi. Não foi uma batida forte, mas é claro que ficamos nervosos. Ainda assim, tínhamos tempo de sobra e ficamos lá esperando no aeroporto, até porque o avião atrasou uma hora e meia! O mais chato não é nem o atraso, e sim não saber quanto tempo vai demorar, o motivo, enfim, ter que ficar de olho para saber quando o avião ia partir.

No avião, gastei meu tempo assistindo Friends e jogando Who wants to be a millionaire?, mas não consegui ganhar o milhão nenhuma vez. Chegamos em Recife e fomos de van para Porto de Galinhas, já cansados da viagem. Chegamos no hotel às 22 horas e descobrimos que nosso hotel tinha música ao vivo toda noite, e naquele dia ainda tinha um cara no microfone dirigindo aquelas brincadeiras de dança, de trocar de par e tal. Ficamos um pouco assustados com o barulho, mas já estava no fim. Jantamos petiscos no bar do hotel e tomamos o primeiro suco de cajá de muitos da viagem. Vimos um gato fofinho e fomos dormir.

Dia 2
O dia estava reservado para conhecer os arredores, então não precisamos acordar tão cedo. O café da manhã do hotel era bom e eu adorei o croissant. Fomos à praia em frente ao hotel e entrei no mar depois de quase três anos sem nadar. Gostaria de dizer que foi maravilhoso, incrível e tal, mas a verdade é que o mar era bravo demais para o meu gosto, tinha alguns buracos e eu fiquei com medo. Fomos andando até a vila para almoçar —o hotel fica a uns dois quilômetros da cidadezinha e dá para ir andando pela praia. Escolhemos um restaurante pequeno e bonitinho para almoçar e acertamos em cheio. Comi carne de sol com feijão verde, queijo coalho e arroz e depois tomamos sorvete por quilo, que é uma das coisas que eu amo fazer quando viajo. Dessa vez, os escolhidos foram de fruta: cajá, tangerina, mirtilo... Não era um sorvete incrível, mas a variedade sempre compensa. Andamos na vila, bem turística, e voltamos para o hotel. Passei a tarde na piscina, jantei misto-quente no bar, que aliás tinha sanduíches com combinações do
tipo frango com a abacaxi e hambúrguer com banana. Por que misturar fruta com carne? Porque colocar essa mistura no sanduíche? À noite, o barulho do show surpreendentemente não incomodou, mas as brincadeiras noturnas das crianças em compensação... Claro que não acabaram tarde, mas na praia a gente tende a dormir cedo, né? 21 horas e a gente já está de volta no quarto, cansado.

Dia 3
Fomos conhecer as piscinas naturais, o grande atrativo de Porto de Galinhas. São muito bonitas, e têm peixinhos, mas não diria que é um passeio imperdível para quem já foi às praias nordestinas em um passado recente. Como eu só fui quando era criança, achei bem legal toda essa experiência praiana. O problema de uma cidade turística é que toda hora alguém fica abordando a gente tentando vender coisas, programas, comidas, e isso enche o saco. Eu claramente pagaria mais do que o necessário se viajasse sozinha porque não sei pechinchar. Almoçamos em um restaurante mais chiquezinho e não me lembro direito da comida, mas lembro que tinha uma família com irmãos chamados Lorenzo e Valentina e achei tão engraçado? O futuro deles é claramente o Masterchef Kids (eu não conheço muitas crianças, então achei curioso constatar que nomes da moda são realmente nomes da moda). Outro comentário relevante: vimos um baiacu morto na areia da praia! 

Dia 4
Esse foi o dia do passeio de buggy, outro passeio típico das praias nordestinas. Passamos por Maracaípe, onde fizemos passeio de jangada pelo mangue, e por Muro Alto, que é a praia que eu mais gostei: parece uma piscina! Vivemos momentos emocionantes quando vimos buggies atolados e o nosso quase atolou na areia, mas resistimos. Almoçamos no mesmo restaurante do dia 2.
 
Dia 5
Ficamos na praia e na piscina do hotel, porque minha tia ia nos visitar à tarde.Quando almoçamos na cidade fomos visitar o Projeto Hippocampus, de conservação de cavalos-marinhos. É um passeio bem rápido, visto que são basicamente uns três corredores de aquário, mas vale a pena.

Dia 6
Nesse dia fomos na praia com os parentes — a família de um primo mora perto de Cabo de Santo Agostinho e minha tia e família foram visitá-los. Ficamos na praia de Porto de Galinhas mais perto da região das piscinas naturais, e deu para ver peixinhos diferentes mesmo nos recifes do raso. Jantamos coxinha e bolo pois somos deveras saudáveis. Inclusive saudades dessa coxinha e desse bolo, queria que esse café abrisse em São Paulo.

Dia 7
O dia da volta. Também esperamos um monte no aeroporto. Mas pelo menos minha mãe fez algo de útil com a espera e comprou bala de coco, que, logicamente, estava com aquele preço inflacionado de aeroporto, mas era muito gostosa (saudades!). Voltei para casa apreensiva também: vai que teve um incêndio no prédio? E se o apartamento foi invadido? E se foi inundado? Nunca aconteceu nada disso, mas uma vez eu não fechei o freezer direito sem querer antes de viajar (acho que fui eu, mas não tenho certeza) e quando voltamos demos de cara com água na cozinha e carnes estragadas #traumas.
E foi isso a viagem! Escrevi só o que fizemos mesmo, sem muitas sensações, o que pode dar a impressão de que eu não gostei tanto. Mas o que importa mais para mim na hora de viajar é ficar de bobeira, descansar e olhar lugares novos, e Porto de Galinhas foi ótima para isso.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Brooklyn, Colm Tóibín

Aqui ela não era ninguém. Não era só por não ter amigas e família; mais que isso, ela era um fantasma naquele quarto, nas ruas a caminho do trabalho na loja. (...) Nada aqui era parte dela. (...) Fechou os olhos e tentou pensar, como fizera tantas vezes na vida, em alguma coisa que ela desejava muito, mas não havia nada. Nem a coisa mais ínfima. Nem mesmo a chegada do domingo. Nada, a não ser talvez dormir, e ela nem tinha certeza se queria mesmo dormir.
Logo depois de ver o filme, decidi ir atrás do livro, porque deu vontade, eu tinha tempo e havia um exemplar disponível na biblioteca. Foi uma boa oportunidade para eu conhecer o Colm Tóibín, de quem ouço falar há um bom tempo.

Em Brooklyn, conhecemos Eilis, uma jovem irlandesa que acaba indo morar em Nova York para ter uma condição melhor de vida, deixando sua mãe e sua irmã na Irlanda. Ela tem que aprender a se adaptar em um lugar novo, onde não conhece ninguém. Quando finalmente está mais acostumada com sua vida nova, um acontecimento a obriga a retornar para Irlanda por um tempo, e Eilis se divide sobre o que deverá fazer então.

Muita gente, ao comentar o filme, diz que é uma história de uma garota dividida entre dois amores. Eu mesma, ao escrever o resumo acima, coloquei a dúvida da personagem como parte importante do livro. Mas, para mim, Brooklyn é principalmente sobre uma jovem tendo que lidar com uma situação nova em um local novo. É uma narrativa de imigração, especificamente sobre a imigração irlandesa para os Estados Unidos. A maioria dos contatos de Eilis em Nova York é irlandesa também, há uma comunidade fortemente unida e o livro explora bem essa questão cultural.

A minha maior questão do livro é em relação a Eilis. Ela é uma personagem bem passiva: vai para os Estados Unidos porque é o que a irmã diz que é o melhor para ela, depois volta para Irlanda porque precisa e quando tem que tomar a decisão de ficar ou não, ela simplesmente empurra isso com a barriga até ser inevitável e a decisão estar praticamente tomada por ela — um pouco diferente do filme, no qual ela parece ser mais dona de si no final. Eu não sabia como lidar com uma personagem tão não-protagonista, então mesmo que tenha gostado bastante da escrita do autor e da história em si, não tinha entendido bem o que era para tirar do livro. 

Mas aí, com o tempo depois da leitura, essa questão foi desaparecendo e eu fui valorizando mais o livro na minha cabeça. Porque eu, de certa forma, sou bem parecida com a Eilis, evitando decisões e aceitando o que os outros dão para mim. Ou seja, embora no meu comentário sobre o filme eu tenha escrito que não tenha os conflitos da protagonista, no livro eu acabei me identificando com ela em questão de personalidade...

Enfim, recomendo para quem gostou do filme e para quem gosta de histórias cotidianas e sem grandes acontecimentos. Pretendo ler mais do Colm Tóibín no futuro.

Avaliação final: 3,75/5

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Os (não tão) últimos filmes que eu vi #18

1- Thelma & Louise (Ridley Scott, 1991)
Foi o  filme da vez dos 1001 filmes para ver antes de morrer. Eu não tinha grandes expectativas, porque tenho um pouco de preconceito com esses novos clássicos hollywoodianos, mas, ou talvez justamente por isso, acabei gostando bem mais do que esperava. É um road movie bem feminista, focado na amizade entre Thelma e Louise e em como elas fazem para escapar das situações em que se meteram porque ousaram desafiar o patriarcado — ou algo do gênero. Você vai encontrar sotaque sulista, tiros e belas paisagens. Achei que o filme poderia ser um pouco mais curto, mas ainda assim vale muito a pena. O discurso do filme infelizmente é relevante até hoje e mesmo eu já sabendo como a história terminaria, não deixei de me impactar. Avaliação: 4/5

2- Pacto sinistro (Alfred Hitchcock, 1951)
Eu gosto muito do Hitchcock, mas até que vi poucos filmes dele. Assisti Pacto sinistro só porque era a indicação do clube do filme da minha irmã e, infelizmente, ele não entrou na minha lista de filmes favoritos do diretor. A história, que envolve um homem sugerindo a outro o crime perfeito — um assassinaria quem o outro quer ver morto, de forma que ninguém suspeitaria, porque eles mal se conhecem e não teriam motivos para o crime —, é interessante, e as imagens criadas pelo Hitchcock, o modo que ele filma, é de fato incrível, mas o filme não me empolgou. Não tive o menor interesse pelo tenista, preferiria ver mais do homem que sugeriu os assassinatos. Faltou emoção, o título em português engana bem dando a entender que alguma coisa vai ser sinistra, mas ainda assim é um bom filme. Avaliação: 3,5/5

Não sou das maiores fãs de filmes biográficos, mas quando o biografado me interessa eu fico mais curiosa. Eu não sabia quase nada da história do Brian Wilson, do The Beach Boys, então foi bom descobrir mais de sua trajetória pelo filme. O enredo é dividido em dois: temos a fase mais jovem, em que Brian é interpretado pelo Paul Dano, mostrando a criação do Pet Sounds (também conhecido como um dos melhores álbuns da história da música) e os seus desentendimentos com o resto da banda, e a fase madura, em que ele é John Cusack, retratando um romance e a luta com seu psiquiatra, que tentava se aproveitar dele dopando-o. Apesar de a história ser interessante, o que brilha mesmo no filme é a música. Fiquei com as harmonias da banda na cabeça por dias e sinto que passei a gostar mais de Beach Boys depois do filme. A cinebiografia não foge muito do convencional em relação ao gênero, mas às vezes o convencional é tudo o que a gente quer. Avaliação: 4/5

4- Frances Ha (Noah Baumbach, 2012)
Finalmente vi esse filme, queridinho de muita gente. É um longa sobre ser jovem, naquela fase em que nada parece dar certo e a vida dos outros parece estar mais encaminhada que a sua, mas a Frances consegue ir em frente e buscar o seu caminho. Na teoria, não parece ir além de vários outros filmes indies ou de séries como Girls, e de fato não é uma história inovadora. Mas é muito bem-feita, com uma bela fotografia e bons atores. Não me identifico totalmente com a Frances — minha timidez me impede de falar metade das besteiras que eu penso —, mas ela é uma personagem muito mais carismática que as de Lena Dunham e companhia, e de fato torci por ela durante sua trajetória. Avaliação: 4/5

5- Babe: o porquinho atrapalhado (Chris Noonan, 1995)
Eu não sei se vi esse filme quando era menor, mas como não me lembrava de nada vou fingir que estou vendo pela primeira vez. Eu tinha uma pelúcia do Babe que meu pai comprou nos Estados Unidos, então talvez eu fosse fã; ao mesmo tempo, ele estreou quando eu tinha só um ano, então se eu vi foi bem depois. Mistérios. Quando vi a lista dos 1001 filmes para ver antes de morrer, achei bem estranho um filme de animais falantes na lista, por isso a curiosidade para (re?)ver. O veredicto é que... é um filme de animais falantes. É interessante comparar com A revolução dos bichos porque tem algumas mensagens semelhantes — não como alegoria política, mas aquele papo de "alguns animais são mais animais que outros". Mas não sou fã de animais falantes de "verdade", prefiro que sejam animados, porque é difícil levar a sério as vozes agudas dos bichos. E o que dizer dos ratinhos esganiçados? Enfim, é um bom filme de sessão da tarde: envolve, diverte e emociona. Mas não faz muito mais que isso, então não entendi qual o apelo para os críticos. O que Babe tem que outros filmes de animais falantes não têm? Avaliação: 3/5

6- Digimon Adventure tri. Saikai (Keitaro Motonaga, 2015)
Na época em que eu voltei a assistir animes, revi o primeiro episódio de Digimon. Apesar da curiosidade em rever meus momentos favoritos da série, o foco nas batalhas me deixou com preguiça, então não continuei a acompanhar. Mas aí estreou essa continuação da série clássica, e achei que seria bom conferir para pelo menos uma vez na vida ficar por dentro do universo otaku. O resultado foi... chatinho. Não é um filme insuportável, e ele tem lá seus momentos brilhantes nas partes cômicas, mas no geral não é grande coisa. Não entendi a motivação do Tai e todo o seu conflito é um tanto idiota: "não vou usar meu Digimon para evitar que o inimigo destrua a cidade porque a batalha vai destruir a cidade!", além de ser simbolizado por uma cena de um celular caindo, o que piora tudo: "se eu lutar, os celulares vão quebrar!". A metade final do filme foca em batalhas, é claro, e ainda tem várias cenas de digievolução repetitivas. Eu odeio essas partes de transformação que repetem todo episódio, o que foi outro motivo para eu desistir de rever a série antiga. Vou ver a continuação do filme porque sou trouxa, mas não o recomendo se você não for fã número um ou fã do tipo nostálgico do anime. Avaliação: 3/5

7- Adeus, Lênin! (Wolfgang Becker, 2003)
Uma vez o meu pai estava vendo esse filme e rindo muito. Desde então fiquei curiosa. O enredo é bem pitoresco: para não causar um infarto na mãe que despertou do coma, o filho não conta para ela que o muro de Berlim caiu, e por isso tem que esconder dela tudo que mostre as influências capitalistas na cidade. A ideia é bem divertida e o filme é bom, mas não sei se é porque eu tinha expectativas altas ou porque não entendo muito da história dessa época, acabei não sendo completamente cativada. Avaliação: 3,5/5

8- Jogos vorazes (Gary Ross, 2012)
Revi o filme para fazer um trabalho na faculdade sobre ele. Não tenho muitas ideias formadas sobre o filme desde a primeira vez que eu vi, acho difícil de avaliá-lo, mas vou tentar explicar isso. Como adaptação, Jogos vorazes é eficaz: entrega os pontos principais da história e mantém o enredo, com poucas mudanças. Mas eu não vejo muito brilho, ele não me empolga. Será que é porque para mim é uma história que depende muito do suspense para funcionar, e conhecê-la pelo livro já acaba com essa possibilidade? Será que é porque os outros motivos de eu gostar do livro envolvem as críticas sociais, e obviamente o filme não tem mérito nisso? Não é que eu não goste do filme, mas sempre me esqueço da existência dele — eu ainda não vi as continuações, mesmo que elas sejam bem elogiadas, sabe. Avaliação: 3/5

9- Cinco centímetros por segundo (Makoto Shinkai, 2007)
Essa é uma animação japonesa bem conhecida entre fãs de animes, mas só vi agora porque sempre deixava para depois. Eu não sabia sobre o que o filme era, só que a animação era bonita. De fato, os cenários são impressionantes. Mas a história, sobre um amor de infância que não deu certo por causa da distância, não me emocionou. O filme é dividido em três episódios. O primeiro foca no menino e no relacionamento à distância dele, e abusa daquele monólogo interior poético que eu particularmente detesto, Já me basta em Shigatsu. O segundo episódio mostra a menina que gosta do protagonista, mas que obviamente não é correspondida, porque ele está preso no seu relacionamento passado. Esse foi o meu episódio favorito. A última história, a mais curta, conclui rapidamente o filme, incluindo uma música meio brega. Enfim, não sei o que eu esperava, mas me decepcionei. A história não parece ter começo, meio e fim, e não consegui me importar com o protagonista. É para ser uma história triste, mas não consegui sentir nada. Avaliação: 3/5

Bom, já está óbvio que eu tenho um fraco por filmes de jovem alternativos e hipsters que não fazem a menor ideia do que estão fazendo com suas vidas. A história do filme é sobre Clara, interpretada por Clarice Falcão, e suas dúvidas sobre a vida. Ela faz faculdade de medicina, mas mata aula todos os dias e não sabe o que fazer. Junto com seu novo amigo Guilherme, ela vai em busca de seus talentos e testando suas qualidades. O filme é bonitinho, engraçadinho e curtinho, e achei legal a forma que ele trata a diferença de gerações. No entanto, é até desconfortável ver o quanto a Clara é privilegiada, porque expõe como eu sou privilegiada também — nós duas podemos, em certa medida, não ter a menor ideia do que estamos fazendo com a nossa vida. Enfim, é um filme para a classe média alta brasileira e compreendo que quem não seja parte desse grupo não goste do filme. Avaliação: 3/5

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Secret society girl, Diana Peterfreund

Now that I was on the inside, Rose & Grave seemed to hold little in common with its formidable and mysterious reputation. Okay, so there were dead bodies (skeletons, at least) in this tomb. So what? They had them in the biology lab as well. And divested in their hoods and freaky-ass makeup, the other knights looked less like a satanic cult and more like a bunch of college kids playing dress-up.
Secret society girl foi um dos primeiros YAs que eu vi fazendo sucesso aqui, na época de ouro da Galera Record. Eu tinha curiosidade em conhecer o livro, mas acabei deixando passar e só fui lê-lo no começo do ano passado no abandonado clube do livro do qual eu participava.

Como o título bem indica, o livro fala sobre sociedades secretas. Amy estuda em uma faculdade da Ivy League e espera entrar na sociedade secreta dos escritores. No entanto, ela recebe o convite para entrar na Rose & Grave, a sociedade mais famosa e que antes só aceitava membros homens. Eles têm ritos estranhos e membros importantes, e de repente a estudiosa mas não exatamente popular Amy precisa lidar com todas as novidades.

Esse é o primeiro volume de uma série de quatro livros e, sinceramente, não é daqueles livros que funcionam sozinhos. Tentei resumir a história deixando claro qual seria o conflito, mas não tem um conflito principal, e sim uma sequência de pequenos problemas e suspenses. O livro não parece ter um grande clímax, funcionando mais como uma introdução para o resto da série.

Acontece o mesmo com os personagens: são muitos para um livro só, então pouquíssimos deles são bem trabalhados. Faz sentido ter um núcleo desse tamanho para uma série, é claro, mas lendo um livro só fiquei com a impressão de que eles foram mal aproveitados.

Mas, apesar dessas impressões ruins, ainda foi uma leitura divertida, rápida e que prendeu a atenção. O problema é que eu cheguei ao fim com aquele sentimento de "é só isso?". De alguma forma eu esperava mais: uma sociedade secreta mais interessante, personagens mais desenvolvidos e um ritmo que funcionasse a história toda. Não tenho planos de continuar a série, mas quem gostar de sociedades secretas talvez se envolva mais. O livro foi bem elogiado tanto lá fora quanto aqui, então quem sabe valha a tentativa.

Avaliação final: 2,5/5

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Retrospectiva: fevereiro e março

• Juntei dois meses de novo porque não fiz nada de interessante em fevereiro. É incrível como a rotina suga nosso tempo e disposição, né? Já estou desejando férias de novo, embora a perspectiva mais próxima seja de greve na faculdade mesmo.


• Para não dizer que foram meses completamente inúteis, algumas coisas não podem passar em branco: em março eu conheci pela primeira vez pessoas da internet (da Revista Pólen)! Eu fiquei meio nervosa porque quase não falei nada, mas aí me lembrei de que simplesmente sou péssima em conversas em grupos grandes mesmo com amigos íntimos e me senti melhor comigo mesma. Achei que minha mãe ia dar aquelas recomendações do tipo "você tem certeza que eles são reais?" até perceber que ela já conheceu muita gente pela internet. Minha mãe, rainha dos orkontros. Pois é.

• Ainda no tópico Pólen, escrevi um texto sobre procrastinação na edição sobre futuro e fiquei muito feliz porque ele fez mais sucesso do que eu esperava — e um pouco triste por bastante gente se identificar, porque ninguém merece esse sofrimento. Apesar de eu ter procrastinado bastante na área ~criativa~, ou seja, nos textos que escrevo por lazer, o começo do ano foi razoavelmente bom na questão da produtividade acadêmica, ou pelo menos foi melhor do que no ano passado. A única parte que está sofrendo bastante é o meu estudo de japonês, que está renegado ao dia de véspera da aula e não está funcionando nada bem. 

Em fevereiro e março:  
Eu vi… vários primeiros episódios. Comecei a ver Jessica Jones, tentando dar uma chance para os super-heróis com uma série pouco típica de super-herói, Master of None, uma comédia que eu queria amar mas ainda não rolou, Kogepan, um anime fofo e doidinho, entre outros. Assisti a primeira temporada de Jane the Virgin e adorei, mas a segunda está um pouco repetitiva. E estou acompanhando também MasterChef Brasil, que ainda não está muito empolgante (e tenho a impressão de que menos gente está assistindo, o que significa que a minha timeline não fica tão engraçada).

Eu li… Pride and prejudice pela primeira vez! Não gostei muito de Razão e sentimento, por isso minhas expectativas para outras obras da Jane Austen eram baixas. Continuo achando que a autora não é bem minha praia, mas apreciei bem mais a leitura sobre o casal Bennet e Darcy, por motivos que explicarei melhor na futura resenha.

Eu ouvi… pouquíssima coisa nova, de novo. Não consigo fazer obrigações com música ao fundo, e esses meses foram cheios de tarefas, então...

Eu escrevi…  minha primeira newsletter! Como dá para perceber pela data, ainda não entrei no ritmo certo, mas tenho planos de escrever quinzenalmente.

Eu comi… chocolate! Nos últimos anos não ganhei muita coisa de Páscoa, mas nesse eu até ganhei um ovo (vantagens de trabalhar em um escritório) e vários doces. Agora não sei o que fazer para acabar com o vício. Dicas?

Eu fui… para Santos conhecer o novo apartamento dos meus tios. Passei uns três anos sem ir para a praia e de repente eu viajei duas vezes em três meses. Não gosto muito de praia, mas a viagem foi legal.


Eu (não) comprei… nenhum livro nesse ano!!! Fico muito feliz, mas é claro que a minha irmã lembrou que esse ano tem Bienal e já estou pensando em tudo que vou comprar.

Eu fiz… fichamentos, resenhas, papers, lições de casa. Definitivamente não vou sentir falta dessa rotina de tarefas quando me formar na faculdade.
 
No blog:
• Comecei fevereiro com a resenha de Por que Indiana, João?, um YA brasileiro bom, mas que tinha potencial para ser melhor.

• Em seguida, fiz a retrospectiva de janeiro.

• Resenhei O crime de padre Amaro, livro que li para a aula de Literatura Portuguesa na faculdade.

•  Iniciei uma seção de comentários sobre CDs para falar um pouco de música de vez em quando.

• A próxima resenha foi de Eles eram muitos cavalos, outra leitura para a faculdade.

• Vi alguns filmes do Oscar desse ano e comentei sobre eles. A maioria é de animação, nas categorias principais eu mal sou capaz de opinar.

• Escrevi sobre Dash & Lily Book of Dares, um YA fofinho e natalino.

• Tirando o atraso, finalmente fiz a resenha do anime Shigatsu wa kimi no uso. É um daqueles casos de coisas que eu gostaria mais se as pessoas não amassem tanto. Superestimado, eu diria.

• Por fim, resenhei Antes de dormir, um suspense eficiente, mas pouco marcante.

quinta-feira, 31 de março de 2016

Antes de dormir, S. J. Watson

Não tenho memória. Nada. Não há uma só coisa nesta casa que eu me lembre de ter visto antes. Nem uma única fotografia — sejam as que rodeiam o espelho, sejam aquelas no álbum à minha frente — me desperta lembrança de quando foi tirada, não há nenhum momento com Ben de que eu me recorde, a não ser os que compartilhamos esta manhã. Minha mente parece totalmente vazia.
Não precisa de muito para me fazer ler um livro de mistério. Um enredo com algo novo para mim já é o suficiente. Por isso Antes de dormir, sobre uma mulher com amnésia, estava na minha lista há tempos.

Christine, a protagonista, acorda todos os dias sem saber quem é e onde está. Seu marido, Ben, explica a situação: ela teve um acidente e por isso sofre da perda de memória. Como ela consegue se lembrar dos acontecimentos do dia enquanto está acordada, seu médico a encoraja a escrever um diário, para ela ler todos os dias e ir somando as memórias. No entanto, algumas peças do quebra-cabeça da sua identidade não parecem se encaixar. Será que Ben está mentindo? Em quem Christine pode confiar? São essas questões que ficam na mente do leitor durante a leitura.

A primeira parte do livro chama "Hoje" e começa com um dia normal da vida da Christine, ou seja, com ela completamente confusa. Essa parte é interessante por nos colocar na mente de uma amnésica e assim tentamos entender como é o seu cotidiano. Depois passamos para o diário dela, que corresponde a grande parte do livro. No início, achei legal essa parte, mas depois de um tempo ficou um tanto repetitivo e fiquei me questionando quando é que algo emocionante ia acontecer, porque no começo a gente nem sabe quais são as perguntas para serem respondidas, mal sabe o que está estranho na história. Afinal de contas, ela não se lembra das coisas e passa muito tempo sem nem desconfiar de nada.

Aí chega a parte final, que volta ao tal "Hoje". Temos a revelação, que achei bem razoável: não é completamente óbvia nem surpreendente do tipo de ser completamente inverossímil. Ela se encaixa no que a história pretende ser, embora se pensarmos melhor sobre isso acabe ficando um pouco irrealista, é bem verdade.

Os personagens são bem construídos, mas eu não liguei para nenhum deles. Achei inclusive que alguns foram retratados de forma positiva demais, considerando que *insira spoiler aqui*. Não me importei com o núcleo familiar da Christine, que tem um tom de melodrama que não é meu estilo.

Por fim, apesar de não ser um livro perfeito, é um suspense muito eficaz para leitores ocasionais do gênero, como eu. As quatrocentas páginas passam rápido mesmo nas partes mais tediosas. A adaptação para o cinema não parece ter feito muito sucesso, mas pretendo assistir algum dia.

Avaliação final: 3,5/5

quinta-feira, 24 de março de 2016

Anime: Shigatsu wa Kimi no Uso

Depois de um tempinho sem postar nada, pelos motivos de sempre — aquela falta de ânimo causada pela falta de tempo —, eu volto com uma resenha de um anime que vi no ano passado, porque sempre tem resenhas atrasadas para publicar.


Shigatsu wa Kimi no Uso conta a história de Kousei, um jovem prodígio do piano que abandonou os estudos do instrumento após sua mãe morrer. Quando ele conhece Kaori, uma violinista, ele é obrigado a encarar novamente seu passado e volta a tocar.

Em resumo, a história é uma mistura de Whiplash, com a busca incessante pela perfeição, com As variações de Lucy, tratando dos dilemas com o instrumento e os traumas do passado. Fiquei interessada pelo anime por causa da música, mas infelizmente ele trata de outros elementos também: é claro que tinha que haver romancinho e drama na história. E para mim eles realmente não funcionaram.


A Kaori é pouco desenvolvida e fica naquele estereótipo de personagem-feminina-livre-e-feliz-que-servirá-apenas-para-o-protagonista-se-desenvolver, estilo manic pixie dream girl. E o fato é que eu não me importei com ela, e inclusive gostei bem mais da Tsubaki, amiga de infância do Kousei que gosta dele — quem não se apaixonaria também por alguém tão sem carisma? —, porque ela é bem mais real, chegando a ser bem irritante às vezes.

O ritmo do anime é bem irregular. Eu fiquei bem interessada nos episódios que focavam nas competições,  mostrando os antigos rivais do Kousei e mais sobre o seu passado como "metrônomo humano". Cheguei a assistir quatro episódios em seguida, o que é bastante para mim, que não sou grande adepta das maratonas. Mas o anime também tem episódios arrastadíssimos e que eu queria que acabassem logo. Vi o anime, de 22 episódios, em 243 dias, o que é mais lento do que minha média para séries desse estilo.

A arte é boa, mas tenho um pouco de preguiça desse estilo de cenas bonitas com monólogo interior. Vi algumas pessoas reclamando da parte cômica do anime, enquanto eu particularmente achei os momentos leves muito melhores do que os dramáticos, que chegam a ser bregas. Minhas cenas favoritas foram as da infância e eu adoraria um anime que só focasse nisso.

Enfim, acho que parte do meu problema com Shigatsu é que o anime é muuuito elogiado e ver as pessoas se emocionando tanto só me deixou com pontos de interrogação na cabeça (e um pouquinho de raiva, admito), porque não senti nada disso. É um anime ruim? Não, mas o melodrama não me pegou — e para não dizer que eu tenho algo contra melodrama, eu adoro AnoHana

Em resumo, não é um anime que eu recomende vivamente, mas também não é ruim, e os fãs dele me incomodam mais do que a série em si.

Avaliação final: 3/5

quinta-feira, 3 de março de 2016

Dash & Lily's Book of Dares, Rachel Cohn e David Levithan

You could be standing a few feet away — Clara's dance partner, or across the street taking a picture of Rudolph before he takes flight. I could have sat next to you on the subway, or brushed beside you as we went through the turnstiles. But whether or not you are here, you are here — because the words are for you, and they wouldn't exist if you weren't here in some way. This notebook is a strange instrument — the player doesn't know the music until it's being played.
Eu gostei bastante de Nick & Norah - uma noite de amor e música, então quando soube que os autores haviam lançado mais livros nesse estilo fui correndo colocar na listinha para ler. Demorou, mas um dia bateu aquela vontade de ler um YA, não tinha nenhuma leitura obrigatória para fazer ah, a liberdade de não participar de nenhum desafio literário... — e peguei o Dash & Lily's Book of Dares da estante. 

O livro segue a mesma lógica de Nick & Norah: o David Levithan escreve pelo menino, Dash, e a Rachel escreve a parte da menina, a Lily. Eles não se conhecem até que Dash encontra um caderno na sua livraria favorita com um desafio para cumprir. Ele resolve o desafio e decide continuar jogando, deixando novas dicas para quem encontrar. Assim, sem se conhecerem pessoalmente, Lily e Dash vão trocando mensagens e desafios e se conhecendo melhor, sempre se perguntando se a outra pessoa que escreve é como imaginam que ela seja.

É importante dizer que é um livro natalino. O Natal está presente em toda a história, com a contraposição forte entre Lily, que ama a data, e Dash, que odeia. Essa diferença entre os dois se acentua com outros aspectos da personalidade deles: Dash tem jeito de hipster, é sarcástico e tenta ser cool, enquanto Lily é mais ingênua, fofa e feliz. Enquanto eles estão apenas trocando mensagens, gostei bastante de ambos os lados. Não são personagens que eu amei, mas eles têm lá a sua simpatia e a escrita é boa o suficiente para prender a atenção. Mas quando eles se juntam, senti que não era bem isso que eu esperava. Faltou química, acho, ou melhor: faltou que eu sentisse a química. Eu, que torcia tanto para vê-los juntos, fiquei decepcionada quando isso aconteceu, ou por causa da forma que aconteceu.

Então posso dizer que não é um dos meus YAs favoritos. É bonitinho, uma boa leitura para momentos de tédio, mas alguma coisa não se encaixou. Faltou sentimento, não sei. Pelo que vi no Goodreads, o livro aparentemente vai ter uma continuação, que talvez eu até leia algum dia. Mas continuo preferindo Nick & Norah, até pela temática: sou muito mais fã de música do que do Natal.

Avaliação final: 3,5/5