domingo, 30 de junho de 2013

Afluentes do rio Silencioso, John Wray

Afluentes do rio Silencioso

Afluentes do rio Silencioso é um livro que eu tive vontade de ler quando saiu no Brasil. Porém, não vi muita gente falando sobre ele ou comentários muito positivos, então perdi um pouco o ânimo. Mas, já que era uma opção possível na biblioteca e possivelmente se encaixaria no tema do mês do Desafio Literário, finalmente o li.

E realmente o livro não é muito bom do tipo que vale a pena ter (estantes cheias, sabe como é), mas valeu a pena ter pego na biblioteca para matar a curiosidade. É a história de William Heller, um jovem com esquizofrenia. Ele acredita que o mundo vai acabar mas que ele pode salvá-lo, então foge da clínica psiquiátrica onde estava. Enquanto ele vaga por aí, ficando principalmente no metrô, o detetive Ali Lateef e a mãe de William tentam encontrá-lo.

O livro é basicamente uma mistura de thriller com romance psicológico, mas não faz nenhuma dessas coisas com profundidade. Não há muito suspense e emoção na parte thriller (embora uma revelação no final tenha me surpreendido) e os personagens também não são tããão explorados psicologicamente. É claro que essa opinião pode ter sido influenciada pelo fato de o último livro que eu li foi Precisamos falar sobre o Kevin, e não há comparação entre a atmosfera pesada deste com a narração quase descontraída de Afluentes.

A minha expectativa é que o livro fosse mais parecido com O estranho caso do cachorro morto, mas não achei que Afluentes tratou tão bem a doença mental. Talvez por não focar tanto na doença, talvez pela doença em si ser mais “desorganizada”. Não sei. Mas se você já sabe alguma coisa sobre esquizofrenia, não é um livro que vai acrescentar sobre esse assunto.

No entanto, não nego que gostei do livro, ele prendeu a atenção boa parte do tempo e gostei do fato do foco narrativo se dividir entre William, sua mãe e Ali (embora seja narrado em terceira pessoa, cada parte tem o olhar de um destes personagens).

Portanto, esse livro pode não ser o livro da minha vida, mas vale a pena ser lido.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Precisamos falar sobre o Kevin, Lionel Shriver

Precisamos falar sobre o Kevin

Eu tenho Precisamos falar sobre o Kevin há um tempão, mas só agora tive disposição para lê-lo. O fato de ele ser grosso me fez ficar com uma preguiça… Só o Desafio conseguiu me animar para lê-lo. E não me arrependi.

A história, que provavelmente todo mundo já conhece, é a de um menino, Kevin, que cometeu uma chacina na escola. O livro é formado por cartas da mãe dele, Eva, ao marido tentando entender a situação, então o foco é na criação do Kevin, na vida dele e de sua família pela visão da mãe.

O tema é muito atual e pouco comentado na literatura. Gostei do foco na mãe, pois é uma visão diferente. Quantas vezes não se pensa na mãe dos assassinos como culpada do que aconteceu? O livro levanta muitas questões sobre psicopatia, mas não é um assunto que eu conheça bem, então não vou discutir sobre isso.

O foco na mãe também traz uma discussão interessante sobre a vida familiar. Afinal, o pai de Kevin, apesar de ser bonzinho até demais com o filho, não o é com Eva. Ela ganha mais no trabalho e não se dá bem com o bebê, mas é ela que tem que parar de trabalhar para cuidar dele, porque esse é o papel das mães. É o pai também que decide que eles vão se mudar, sem nem consultar Eva.

Mas, apesar do livro me deixar com especial raiva do pai, todos os personagens têm grandes defeitos. Eva, por exemplo, tem um sentimento de superioridade por ser armênia e um desprezo dos americanos (do qual Kevin espertamente zoa). Os personagens principais, com a exceção de Kevin por motivos óbvios, parecem extremamente reais. É isso de que eu mais gostei no livro.

Para mim, fora algumas questões do enredo que acho que foram pouco exploradas, o único defeito do livro é ser um pouco cansativo. É um tipo de cansativo que não tira os méritos do livro, porque no final você sente que realmente conhece os personagens e a história justamente por causa da repetição de algumas coisas. Ou seja, até os defeitos do livro são ambíguos…

Enfim, Precisamos falar sobre o Kevin é denso e polêmico, o livro que mais mexeu com as minhas emoções em um bom tempo.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

A Obscena Senhora D, Hilda Hilst

A Obscena Senhora D

Miudez, quentura, gosto. Mover-se pouco. Não dizer. As mãos na parede. Pensar o corpo, tentar nitidez. Hillé menina tateia Ehud menino. Dedos dos pés. Se a gente mastigasse a carne um do outro, que gosto? e uma sopa de tornozelo? E uma sopa de pés? Na comida não se põe pé de porco? Por que tudo deve morrer hen Ehud? Por que matam os animais hen? Pra gente comer. É horrível comer, não? Tudo vai descendo pelo tubo, depois vira massa, depois vira bosta. Fecha os olhos e tenta pensar no teu corpo lá dentro. Sangue, mexeção.

(A obscena senhora D, p. 42)

O tema do Desafio Literário de junho é romance psicológico. Eu acho bem complicada a definição de romance psicológico, mas acredito que esse livro se encaixa no tema.

Li A obscena senhora D porque um professor falou sobre ele em uma palestra e fiquei curiosa com a estranheza do enredo: após a morte de seu amor, uma senhora de sessenta anos passa a viver no vão da escada procurando pelo sentido da vida. Já que o livro é curto, eu queria pegar alguma coisa na biblioteca e ele se encaixa no desafio, decidi lê-lo agora.

Eu tinha medo de ser um livro muito difícil, totalmente maluco e que eu não fosse entender nada. Bom, em parte eu estava certa. O livro não tem o vocabulário mais fácil do mundo e não é exatamente linear, além das falas dos personagens se confundirem. Mas isso faz parte e é o esperado do fluxo de consciência, né?

O livro tem uma linguagem poética e uma densidade psicológica excelentes. Fiquei me imaginando lendo o livro depois de estudar psicologia ou mesmo só ler análises sobre ele.

Como o título já diz, o livro é um pouco pesado e obsceno. Não é um livro para quem quer se distrair com a história, é para refletir junto (e sobre) a senhora D.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

TAG: Encontre o livro

Sempre curti ler tags alheias, mas nunca tive paciência para fazer as minhas e postá-las no blog. Mas, como eu sempre digo que vou postar no blog, consegui reunir ânimo (depois de muuuito tempo) para postar essa tag.
A tag foi criada pela Sarah e traduzida para o português pelo Psychobooks. Originalmente era feita em vídeo, mas não tenho coragem de mostrar a cara e nem a capacidade de fazer um vídeo bom. Então tirei fotos dos livros (que não ficaram muito boas, mas isso não importa).
Como sou indecisa e queria ter mais motivos para falar dos meus livros sem escrever resenhas, decidi escolher mais de um livro para cada categoria, tentando diversificá-los um pouco.

1- Encontre um livro com a letra Z no título/autor.
P1030404Escolhi três com palavras/nomes que começam com Z (porque eu não sabia se podia ter Z no meio). Não foi fácil encontrar palavra com Z, só encontrei Compramos um zoológico mesmo. Ainda não li e não é meu, é emprestado da minha tia, mas como está na minha estante (ou melhor, no meu armário), vale, né? O segundo livro é uma antologia com 12 contos e uma das autoras é a Zadie Smith. Ainda não li também, mas comprei porque tem alguns autores que eu gosto (Nick Hornby, Roddy Doyle) e outros que eu tenho curiosidade em conhecer (Irvine Welsh, Dave Eggers). O último é Eu sou o mensageiro, do Marcus Zusak. Não tenho muito o que falar sobre ele, só sei que eu curti muito quando eu li.

2- Encontre um livro clássico.
P1030409Esse foi fácil, tenho vários clássicos, principalmente herdados da minha família. Escolhi As aventuras de Tom Sawyer porque deve ter sido um dos primeiros clássicos que li e gosto muito dele. Achei que deveria ter um representante da literatura brasileira, então peguei também Memórias póstumas de Brás Cubas, primeiro (e único até agora…) romance do Machado que li. E um dos melhores livros que eu já li na minha vida. Por fim, escolhi Madame Bovary só porque eu gostei muito quando li e não queria pegar outro clássico anglófono ou lusófono.

3- Encontre um livro com uma chave na capa.
P1030413Esse tema foi bem difícil, não consegui encontrar nada de primeira, tive que olhar os livros com cuidado. Harry Potter dispensa apresentações, né? O segredo do violinista é infanto-juvenil. Eu não gostei muito dele, tanto que tá na lista de livros para serem doados e eu tive que resgatar do saquinho para tirar a foto. Já As coisas eu ainda não li. Comprei (ou melhor, pedi de aniversário) porque saíram boas críticas dele, mas tenho medo de ser difícil demais para mim.

4- Encontre alguma coisa na sua estante que não seja um livro.
P1030415Um porta-lápis cheio de marcador de livros! Não tenho muitos badulaques bonitos na estante…

5- Encontre o livro mais velho da sua estante.
P1030417Esse livro encapado é Grandes esperanças, do Charles Dickens. Ele é de 1942 e era do meu avô (e não sei por que veio parar em casa). Eu ainda não li e nem sei se vou ler nessa edição, acho mais legal ler no original. Já Naná é de 1946 e, como dá para ver pela foto, está caindo aos pedaços (mas é só a capa). Ele foi comprado num sebo.

6- Encontre um livro com uma garota na capa.
P1030424Como não tenho muitos YAs, não achei tão fácil assim. Queria encontrar mais capas com fotos, mas tenho mais com ilustrações mesmo (o que é bom, porque acho mais bonito). A escada dos anos tem resenha aqui. Adeus tristeza é um graphic novel que eu ganhei de aniversário ano passado. Ainda não li, mas parece ser bem legal. E foi Coraline que me apresentou ao mundo do Neil Gaiman, e continua sendo um dos meus preferidos dele.

7-Encontre um livro que tenha um animal.
P1030426Esse foi bem fácil, tenho muitos livros com animais na capa, mesmo que eles nem sempre sejam o assunto do livro. O pio da coruja é um infanto-juvenil bonitinho e eu só o escolhi porque acho essa capa uma gracinha. Já Norwegian Wood não tem relação direta com as borboletas da capa e é o único livro do Murakami que eu li por enquanto. O incrível livro de hipnotismo de Molly Moon também é infanto-juvenil. Eu li pela primeira vez quando eu tinha uns dez anos, e continuo gostando dele até hoje. Essa cadelinha na capa é a Petula.

8- Encontre um livro com um protagonista masculino.
P1030454De primeira eu pensei que fosse fácil, que eles fossem a maioria na minha estante. Mas até que eu tenho vários livros com protagonistas mulheres ou com protagonistas dos dois sexos. Enfim, escolhi O menino que odiava mentira, que li esse ano e gostei, mas não sei se vale tanto a pena assim(?), Indignação, que li para a escola e gostei também, e Alta fidelidade, que é um dos mais famosos do Nick Hornby, mas não é meu favorito dele (e precisa urgentemente de uma releitura minha).

9-Encontre um livro com apenas letras na capa.
P1030437Olha que legal, ainda não li nenhum dos livros que eu escolhi! Eu li The secret garden em português só, numa edição provavelmente emprestada de uma biblioteca. Como essas edições da Penguin são baratinhas, minha irmã comprou esse e The little princess, mas ainda não os li em inglês. A Nova antologia do conto russo foi comprada no fim do ano passado e não sei quando vou ler, só sei que simpatizo bastante com a literatura russa e quero ler aos poucos (de preferência quando/se eu estudar literatura russa). E eu coloquei Cabeça tubarão aqui só porque esse desenho de tubarão é feito com letras! Esse livro parece ser bem estranho, estou ao mesmo tempo curiosa e com preguiça de lê-lo…

10- Encontre um livro com ilustrações.
P1030444Eu amo livros com ilustrações! Escolhi Faca porque ele não é infanto-juvenil (e porque eu gostei bastante dele: resenha aqui). Ainda não li Wildwood e confesso que só quis lê-lo por causa das ilustrações… E A girafa, o pelicano e eu é um dos livros que eu mais li na minha vida. Abaixo, um exemplo das ilustrações de cada livro, na ordem da foto (e dois de Wildwood).
P1030446P1030442
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11- Encontre um livro com letras douradas.
P1030430Mal dá pra reparar na foto que os livros têm letra dourada… Não tem muito o que falar sobre eles, eu queria pegar coisas diferentes, mas só achei eles (e os outros Crônicas de Nárnia. Escolhi esse porque é o meu favorito).

12- Encontre um diário (real ou ficção).
P1030451Só encontrei dois (mas minha irmã acabou de ganhar outro: Éramos jovens na guerra). Não gosto muito de nenhum desses livros, O diário de Susie é bem educativo e bobinho e O diário de Anne Frank é o diário de uma menina com a qual não consigo simpatizar (desculpa aí, sociedade). Tenho dó dela e tal, mas não é porque ela escreveu um diário (chatinho, por sinal), que ela vai ser superior a todas as outras vítimas da guerra.

13- Encontre um livro escrito por alguém com um nome comum (por exemplo Smith).
P1030456Escolhi A espada na pedra, do T. H. White, um livro bem legal sobre a história do rei Arthur, O menino sem imaginação, um livro juvenil brasileiro que eu considero acima da média (tenho preconceito com juvenis brasileiros lidos em escola, aquela literatura meio educativa, sobre temas polêmicos, sabem?) e Retalhos, do Craig Thompson, que tem resenha aqui. O meu critério foi pegar sobrenomes que pelo menos mais alguém que eu conheço tem.

14- Encontre um livro que tenha um close up.
P1030464Achei esse tema difícil… Nenhum desses livros é meu nem fica no meu quarto, mas foi o que eu achei. As feiticeiras de East End é um YA pelo qual eu não tenho especial apreço… Não sou muito fã de YA de fantasia. Já A caminho do verão é um YA fofo. Não sou apaixonada pela Sarah Dessen, mas a considero bem acima da média no mundo YA. E Lolita é muito bom, mas não me marcou especialmente (resenha aqui).

15- Encontre o livro da sua estante em que a história se passa no período mais remoto.
P1030443P1030435Primeiro eu tinha pensado que era Ilíada, que provavelmente se passa por volta do século XIII antes de Cristo. Pensei em Histórias da pré-história, mas achei que as histórias não tinham data específica. E elas não têm mesmo, mas em geral há indicação de tempo nelas: há mais de um bilhão de anos… Não tem como competir com isso (e esse livro é uma graça!).

16- Encontre um livro Hard Cover sem a jacket (não vale tirar!).P1030462
Não tenho muitos livros de capa dura no geral. Escolhi Esto no es todo, que tem tirinhas do Quino, Arquivo Artemis Fowl, para Artemis Fowl, uma das minhas séries favoritas, aparecer por aqui, e Daytripper, que tem resenha aqui.

17- Encontre um livro Turquesa/Teal.
P1030433Esse tema foi difícil! Turquesa é uma cor linda, mas não é muito comum nas minhas capas. Até verde musgo é mais comum! Então peguei O castelo animado, que tem o céu meio turquesa, A roupa suja, que é da série do Manolito, uma daquelas crianças engraçadas que protagonizam livros fofos, e A gruta gorgônea, que só tem a lombada turquesa.

18- Encontre um livro com estrelas na capa.
P1030459Não foi fácil também. Tirando A estrela mais brilhantes do céu, em que as estrelas são óbvias, os outros eu tive que pegar por detalhes. O mistério da estrela é outro dos meus Neil Gaiman preferidos e acho O mundo de Sofia superestimado, apesar de gostar muito do Jostein Gaarder.

19- Encontre um livro que não seja do gênero YA.
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Como eu gosto de contrariar as regras, escolhi 3 YAs, porque eles não são maioria na minha estante. Eu nem sei se A irmandade das calças viajantes é considerado YA, já que foi lançado antes da explosão do gênero. Só sei que é meu preferido do gênero. Nick & Norah é daquelas leituras fofas e rápidas e, pra ser sincera, eu não entendi muito bem Submarino. O protagonista é um enigma para mim…