terça-feira, 22 de setembro de 2020

Lendo a estante: metrô, bomba atômica e a esposa perfeita

Zazie no metrô
, Raymond Queneau

Por que tenho: Não sei bem como conheci o livro, tenho impressão de que li um trecho em uma aula na escola, mas não tenho certeza. Só sei que fiquei curiosa e pedi para minha irmã comprar para mim no saldão da finada Cosac Naify
Por que li agora: Queria ler algo mais curto depois de Diga aos lobos que estou em casa e após gostar bastante de um livro achei que poderia aceitar melhor uma leitura possivelmente chata (convenhamos: livros que eu poderia ter lido na faculdade são leituras possivelmente chatas).
O que achei: É um livro diferente de fato, um tanto absurdo. Zazie é uma criança boca suja que chega em Paris e seu desejo é andar de metrô, mas o metrô está fechado por causa da greve. Ela então entra em altas confusões com uma galerinha do barulho em um enredo que não se parece nada com um filme da Sessão da Tarde. Queneau (em tradução de Paulo Werneck) escreve de uma forma bem particular, cheia de invenções linguísticas. Não é difícil de ler, mas às vezes é cansativo. Eu provavelmente teria gostado mais do livro se tivesse o lido para faculdade, estudando o contexto e ouvindo professores esmiuçando o brilhantismo do autor. Lendo-o sozinha não tive vontade de ir atrás de mais informações, mas valeu a experiência.
Avaliação: 3,5/5
 
Gen - pés descalços, volume 7
, Keiji Nakazawa
Por que tenho: Porque eu tenho a coleção inteira, oras. Não foi fácil comprar todos os volumes, demorou um tempo porque alguns estavam esgotados na época, mas após ler o primeiro decidi que queria ter todos.
Por que li agora: Costumo dar um espaçamento entre os volumes para não cansar do estilo, aí quando chega a vontade de ler um quadrinho já sei: é hora de continuar Gen.
O que achei: Nesse volume finalmente acontecem coisas tristes que já eram esperadas. São capítulos pesados, até por revermos a queda da bomba, dessa vez pelos olhos do personagem escritor, mas que volume de Gen não é pesado?
Avaliação: 3,5/5
 
O projeto Rosie
, Graeme Simsion

Por que tenho: Foi um livro bem comentado na época do lançamento, e achei a premissa inusitada: um pesquisador com Asperger busca a esposa perfeita através de um questionário. Acabei conseguindo o livro em uma troca no Skoob.
Por que li agora: Foi minha escolha para o tema Austrália, Nova Zelândia ou Canadá no desafio Around the year. Não sei bem por que demorei tanto para ler, talvez eu tenha visto críticas negativas e me desanimado com a história
O que achei: Às vezes esqueço como narradores masculinos podem ser irritantes. Don, nosso protagonista, é machista, e tive dificuldade de ter empatia com ele por causa disso. Rosie é meio manic pixie dream girl também, o que não ajuda. Mas ao mesmo tempo fiquei envolvida na história, não posso negar. O que digo é que, se compararmos histórias de pessoas com Asperger lidando com relacionamentos amorosos, The kiss quotient também tem uma premissa até que parecida e é muito mais divertido.
Avaliação: 3/5

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

The kiss quotient, Helen Hoang


Stella é uma econometrista bem-sucedida de trinta anos com pouca experiência em relacionamentos. Ao ouvir a mãe novamente dizendo que ela precisa se casar e formar família em breve, ela decide contratar Michael, um acompanhante, para ensiná-la a ser boa de cama, já que todas as relações sexuais que teve foram terríveis. Michael, que tem uma regra de não ficar com a mesma cliente mais de uma vez, se vê magneticamente atraído por Stella e acaba aceitando a proposta. E o que vai acontecer com os dois todo mundo já sabe.

The kiss quotient é um romance clichê em seu desenvolvimento, mas não tanto nos personagens: Stella tem Asperger e é a rica da relação, e Michael tem ascendência vietnamita (eu não leio muitos romances, mas até onde sei interesses românticos asiáticos são bem raros, especialmente com protagonistas brancas!). Os dois têm sua bagagem bem explicada, das dificuldades de socialização dela aos dramas familiares dele, de forma que conseguimos entender as motivações deles.

O que não é tão fácil de entender é a atração irresistível que eles sentem um por outro. E sinceramente? Nem precisa ser: é um livro de romance. Em geral não gosto de instalove, mas aceitei nesse caso justamente porque é o tipo de situação na qual os personagens não devem se apaixonar e sabem bem disso, e esse é o impedimento para eles ficarem juntos desde o início. Gostei bastante de como eles vão se aproximando e ficando mais íntimos aos poucos, cheio de cenas fofinhas e açucaradas que me deixaram sorrindo sozinha. Quando eles de fato ficam juntos, no entanto, as coisas ficam mais desinteressantes. As cenas de sexo, que eram importantes para mostrar a evolução dos dois, acabam ficando repetitivas e quase exageradas. Em mais de um momento pensei "parem com a pegação, vocês dois, que momento inapropriado para isso!" — especialmente considerando o fato de a Stella ser uma pessoa mais reservada. Mas é aquela coisa: isso pode ser problema meu, que torço horrores para um casal até eles ficarem juntos e depois já não ligo tanto para o que acontece em seguida. Se você quer ler um livro cheio de cenas quentes, garanto que o livro tem mais cenas quentes do que se espera pela capinha ilustrada.

Os conflitos no relacionamento de Stella e Michael são um tanto previsíveis e até chatinhos, mas, de novo, quase ninguém lê um livro de romance pelos conflitos. The kiss quotient apresenta toda a doçura que um bom romance deve ter. Só que açúcar demais pode dar diabetes, e talvez seja o caso desse livro.

Avaliação: 3,5/5

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Lendo a estante: um livro curtinho e outro comprido

A taste of the unexpected, Roald Dahl
Por que tenho: Minha irmã comprou há muuuito tempo, em uma época em que o dólar era barato e dava para comprar livros em inglês sem criar um rombo na carteira.
Por que li agora: Já tinha planejado ler Diga aos lobos que estou em casa em seguida, então quis algo curtinho, e como são contos pude ler no período em que ouvia o audiolivro de Red, white & royal blue. Ou melhor, nos momentos em que não estava a fim de ouvi-lo mas queria ler algo. Não sei por que demorei tanto para ler esse livro, acho que esqueço de livros muito antigos na estante e quando penso na próxima leitura costumo focar em romances.
O que achei: Os três continhos do livro são no estilo de escrita do Roald Dahl para adultos: humor negro e um pouquinho de suspense e tensão. É uma leitura divertida e rápida.
Avaliação: 3,5/5

Diga aos lobos que estou em casa, Carol Rifka Brunt
Por que tenho: Esse livro ficou bem popular na época do lançamento, tantos nos blogs daqui (quando meio mundo tinha parceria com a Novo Conceito e lia todos os lançamentos deles) quanto nos gringos. Acabei comprando em uma promoção depois de um tempo, na época do meu vício em fuçar sites de livrarias e procurar livros por menos de quinze reais.
Por que li agora: Demorei para ler porque morro de preguiça de livros muito compridos, confesso. Acabei tirando o livro da estante porque achei que depois de ler livros mais curtos podia ter uma leitura mais demorada, e também ia usar o livro para o Around the year para um tema específico.
O que achei: Quando paro para pensar sobre o que é a história, sobre uma menina que era apaixonada pelo tio e depois fica amiga do namorado dele, não consigo não achar estranho. Mas, ainda que eu ache que alguns aspectos dos relacionamentos entre os personagens poderiam ser diferentes, o fato é que gostei bastante do livro, um drama familiar escrito de forma muito sensível.
Avaliação: 4/5