quarta-feira, 27 de setembro de 2017

TAG: Patinação

Como imagino que dê para perceber em alguns dos meus posts mais atuais, ando viciada em patinação artística no gelo. Acompanhei um pouco do final da temporada anterior e agora estamos no início da temporada olímpica. Decidi responder essa tag porque seria interessante contrastar a minha visão no início da temporada com a do final. Sou uma pessoa que prefere programas interessantes à qualidade geral de patinação, então minha opinião sobre um patinador pode mudar muito dependendo dos seus programas. Copiei as categorias da minha irmã mas, assim como ela, retirei ou alterei algumas coisas que não consigo responder.

- Patinador favorito (em geral)
Foi o Shoma Uno que, de certa forma, me trouxe de volta para a patinação. Não foi de primeira que eu gostei dele — me lembro de quando vi o mundial de 2016 e fiquei meio "???" porque ele era o queridinho da minha irmã (não ajuda o fato de que, bom, eu preferia esquecer o desempenho do Shoma nessa competição) —, mas aos poucos eu fui conquistada pela sua musicalidade, pela presença no gelo e pelo contraste entre sua personalidade intensa patinando com o jeito tímido e perdido fora do gelo. Estou bem decepcionada, admito, com suas escolhas para essa temporada, mas o Shoma continua sendo o único patinador que eu realmente acompanho fora do gelo, por notícias, pela fan fest do Golden Skate, por Tumblr de fãs e afins.

Shoma também é habilidoso nos dardos! (fonte)

 - Homem sênior
Shoma Uno, vide resposta acima.

- Mulher sênior
Não tenho uma grande favorita, mas escolho a Wakaba Higuchi.

- Par sênior
Sui/Han ou Savchenko/Massot. Na temporada de 2016/2017, o programa longo de S/M me deixou impressionada, assim como o curto de S/H. Considerando que os chineses vão de Turandot no longo, em um caminho mais previsível, diria que estou pendendo mais para preferir os alemães, mas ainda não vi os programa novo de nenhum deles.

- Dupla de dança sênior
Papadakis/Cizeron. Eles fazem programas longos parecidos? Fazem sim, mas não se mexe em time que está ganhando (ou em segundo lugar, hehe) e acho tudo lindo.

Papadakis/Cizeron (fonte)

- Homem júnior
Donovan Carillo, pelo pouquíssimo que acompanhei da categoria júnior. Só vi o programa longo dele no JGP da Austrália, mas já fui conquistada.

- Mulher júnior
Anastasiia Gubanova porque sou óbvia. Gosto de várias japonesas também, mas não o suficiente para escolher uma.

- Par júnior
Não assisto o suficiente, mas torço pelos australianos Alexandrovskaya/Windsor só porque acho legal ver gente de federação pequena no topo.

- Dupla de dança júnior
Carreira/Ponomarenko por causa da dança livre deles.

- Disciplina favorita
É uma questão. Sou mais emocionalmente ligada aos competidores principais do masculino, mas a categoria júnior é a mais chata de assistir. Amo a dança livre e acho uma tristeza que pouca gente se importe com essa categoria, mas não faço questão de ver todas as danças curtas. As mulheres são em geral mais interessantes, mas a previsibilidade do primeiro lugar na categoria sênior me fez perder um pouco do interesse. Ou seja, todas menos pares, talvez? Mas até gosto bastante de pares, acho que os que estão no topo atualmente têm estilos variados e estão inovando um pouco nos elementos.

- Pódio dos sonhos no masculino
Todo mundo ganha! Eu gostaria de medalhas para o Patrick, o Yuzuru, o Shoma e o Javier (ele pode ficar com bronze porque a medalha seria mais pela importância de uma medalha para a Espanha do que por eu querer que ele ganhe, risos). Mas também não odeio ninguém e aceito Nathan ou Boyang no pódio. Só quero que todos patinem bem e fiquem satisfeitos com as performances.

- Pódio dos sonhos no feminino
Queria uma medalha para a Satoko e uma para a Wakaba, mas a gente nem sabe se elas vão conseguir entrar na equipe japonesa. Acho que o único pódio que eu não gostaria é um com mais de uma garota treinada pela Eteri (e é bem possível que aconteça). Por exemplo, ficaria satisfeita com Evgenia, Satoko/Wakaba e uma americana ou canadense.

- Pódio dos sonhos nos pares
Sui/Han, Savchenko/Massot, James/Cipres, não sei a ordem ainda.

- Pódio dos sonhos na dança
Papadakis/Cizeron, Shibutani/Shibutani e Gilles/Poirier, mas aceito os pódios mais prováveis também com Virtue/Moir no topo.

- Pódio dos sonhos na competição por equipes
Canadá, Japão, China. Quero muito que o Canadá ganhe ouro, o resto não importa. Mas seria bem interessante que não fosse a tríade óbvia Canadá, Rússia e Estados Unidos.

- Mulheres para a equipe olímpica russa (3)
Quem eu quero: Evgenia Medvedeva, Anna Pogorilaya e... Elena Radionova? Não sei.
Quem eu acho que vai: Evgenia, Alina Zagitova e... Não sei, não estou por dentro das meninas russas.

- Mulheres para a equipe olímpica japonesa (2)
Quem eu quero: Satoko Miyahara e Wakaba Higuchi.
Quem eu acho que vai: Satoko se estiver saudável e na forma anterior e Mai Mihara, a não ser que de repente a Wakaba fique bem consistente.

Satoko e Wakaba (fonte)

 - Mulheres para a equipe olímpica americana (3)
Quem eu quero: Karen Chen, Mirai Nagasu e Ashley Wagner, nessa ordem de preferência.
Quem eu acho que vai: Karen, Ashley e Mirai, se o triple axel estiver consistente. Ou a Mariah Bell. Mas não duvido nada que alguma delas flope nos nacionais e alguém meio aleatório consiga a vaga (Bradie Tennell talvez?).

- Homens para a equipe olímpica americana (3)
Quem eu quero: Adam Rippon, Nathan Chen e Jason Brown, nessa ordem de preferência.
Quem eu acho que vai: Nathan Chen, Vincent Zhou e Jason/Adam. Ou Max Aaron, pelos quádruplos.

- Programa que você está mais empolgado para ver
O longo de Papadakis/Cizeron. Não estou muito feliz com a suposta escolha deles (Sonata ao luar), mas estou curiosa para ver como será. E, bom, eu meio que já vi a maior parte dos programas agora que os challengers já começaram.

- Escolha musical que você menos gosta
São tantas... A trilha sonora de Moulin Rouge está sendo usada demais nessa temporada, mas até aceito alguns programas se a pessoa consegue vender bem o drama. It's a man's man's man's world é usada demais e é um tanto ridículo que os patinadores não se importem com a letra dela (ou até concordem?). Também não gosto de algumas músicas bregas específicas de O fantasma da ópera ou de Os miseráveis, mas não sei dizer quais agora. E todos os repetecos, sem exceção, especialmente quem não vai apresentar nenhum programa novo (olá, Ashley, olá, Yuzuru).

- Warhorse favorito
Eu costumo gostar de tangos, de músicas do Abel Korzeniowski e do Ludovico Einaudi. Não são exatamente warhorses, mas é só assistir um Junior Grand Prix para ver o quanto elas são usadas. Em questão de warhorses, diria que gosto das músicas mais clássicas, mas tem exceções, tipo As quatro estações (olá, Shoma).

- Que patinadores/países que ainda não tem vaga você quer ver nas Olimpíadas?
Feminino: Isadora Williams (Brasil)
Masculino: Julian Yee (Malásia), Donovan Carrillo (México) e gostaria que o June Hyoung Lee conseguisse a vaga para a Coreia do Sul mas preferiria que quem fosse para as Olimpíadas fosse o Jinseo Kim ou o Jun Hwan Cha.
Pares: Ryom/Kim (Coreia do Norte) e Alexandrovskaya/Windsor (Austrália)
Dança: Muramoto/Reed (Japão)

Julian Yee (fonte)

Amanhã começa o Nebelhorn, que decidirá as vagas restantes. Quem sabe antes das Olimpíadas eu retorne a essa tag para ver o que aconteceu como eu queria e o que deu errado. Já estou ansiosa!

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Love, loss, and what we ate, Padma Lakshmi

It's funny to me that most of the cooking in the world is done by women, and yet when you look at modern Western cuisine, it's largely based on what a few dead Frenchmen have opined to be the correct way of doing things. (...) Cooking was something women did to nourish and nurture their families, whereas for men it was something they did professionally to gain money and status.
Love, loss, and what we ate foi uma leitura feita para o Ler além, na categoria biografia de mulher não branca. Descobri a existência do livro por acaso, em um e-mail de promoções de e-books, e achei que seria uma boa escolha para o desafio, visto que não tinha muitas opções em mente. Simpatizava o suficiente com a Padma como apresentadora do Top Chef, meu reality de culinária favorito, e o pouco que sabia de sua vida pessoal envolvia seu casamento com o escritor Salman Rushdie.

É claro que Padma entrega o ouro logo no começo, e inicia o livro falando do relacionamento com Salman: sobre como eles se conectaram de primeira e logo se apaixonaram, o drama de estar namorando alguém casado, como ela se sentia ao redor dos amigos escritores e intelectuais dele, e o que aconteceu para tudo dar errado. Não é surpreendente que a imagem apresentada de Rushdie é de alguém arrogante e egoísta, ainda que charmoso; minha parte favorita é quando ela diz que ele ficava aguardando ansioso o anúncio do Prêmio Nobel de Literatura e depois, ao não ganhar, dizia coisas como "gênios como Proust e Joyce nunca ganharam também". 

Após o término do relacionamento deles, a história retorna mais ou menos ao começo da vida de Padma: temos capítulos sobre sua infância na Índia e a mudança para os Estados Unidos, recheados por memórias gustativas e (poucas) receitas. Gostei da abordagem culinária, mas quem não tem muito conhecimento sobre comida indiana como eu pode sofrer um pouco para imaginar os sabores descritos — o que é um problema meu, não do livro.

Para quem é fã de Top Chef, Padma acrescenta aqui e ali pequenas curiosidades ou fatos sobre o programa, mas ele está mais como pano de fundo dos acontecimentos pessoais do que como foco de algum capítulo, por exemplo. Quem esperar muito sobre o bastidores pode ser decepcionar.

Após o relacionamento com Salman Rushdie, Padma esteve envolvida com dois homens: o rico Adam Dell e o ricaço Teddy Forstmann. Temos então novos dramas, como os desentendimentos com Adam, pai da filha dela, e a morte de Teddy (a tal da "loss" do título). Não é a parte mais interessante da biografia, mas, como o resto do livro, é fácil de ler.

Muitas resenhas sobre esse livro apontam para Padma como "metida" ou "reclamona". Eu particularmente não fiquei com essa impressão. É verdade que ela não reconhece tanto seus privilégios e falar sobre as discriminações que sofreu na vida (como mulher indiana, como modelo com uma cicatriz grande no braço) pode dar a impressão de que ela se vê como coitadinha — a comparação entre a família de Salman, de ricos, com a dela, de classe média, por exemplo, dá a impressão de que ela se acha pobre, quando o simples fato da sua mãe ter se mudado para os Estados Unidos nos diz que ela não é tão pobre assim. O fato é que ela teve sim uma vida bem diferente da imagem da celebridade americana média e não vejo por que isso não deveria estar exposto.

Por outro lado, também entendo a opinião de quem não gostou da figura de Padma exposta no livro: são suas memórias, e não há como escapar de momentos egoístas ou erros cometidos. A autora vende uma imagem mais acessível, mais humana — ainda que sem excessos —, em oposição à figura de uma mulher modelo e inspiradora pela qual poderia se esperar de uma autobiografia. 

Como não costumo ler biografias, é difícil de avaliar esse livro dentro do gênero. No geral, achei o formato um pouco irregular — às vezes os capítulos iam e voltavam no tempo, tornando a leitura confusa. O conteúdo é mais ou menos o esperado: muito sobre os relacionamentos de Padma, alguma coisa sobre a família e a juventude e um pouco sobre a carreira. Tudo isso, é claro, temperado pelas memórias culinárias. Não é, enfim, um livro que mudou minha vida, mas algumas observações o fizeram valer a pena para mim.

Avaliação final: 3/5