O fato era que de uns meses para cá, talvez anos, havia se entregado ao vício das lembranças; como outros vícios, primeiro divertia e a longo prazo machucava e prejudicava.
(Diário da guerra do porco, p. 13)
Li este livro porque minha irmã o pegou na biblioteca e eu nunca tinha lido algo do Bioy Casares antes e estava curiosa para conhecer, além de servir para o meu projeto de volta ao mundo em 80 livros.
O livro é sobre um senhor aposentado, Isidoro Vidal, que vivia um vida pacata com seus amigos, mas um dia jovens começam uma onda de ataques contra pessoas consideradas velhas, a “guerra do porco”, e os velhos têm que aprender a lidar com isso.
Pela sinopse, o livro parece quase distópico ou fantástico. Mas tudo isso é narrado de forma simples e mundana. Vidal sofre com a situação, mas continua a sair com os amigos e jogar papo fora. O interessante é que esses ataques aos velhos dão espaço para reflexões sobre a velhice e a juventude, e nós leitores podemos pensar tanto sobre a situação atual dos idosos (por exemplo, um ministro japonês disse recentemente que os idosos deveriam se apressar para morrer) quanto sobre outros preconceitos violentos, como quando acontecem ataques homofóbicos.
A leitura é fácil, há muitos diálogos, mas não acontece muita coisa e os capítulos são curtos, então eu não achei muito envolvente, do tipo de precisar ler o próximo capítulo. Mesmo assim, gostei bastante do livro e fiquei com vontade de ler mais coisas do autor. E vou terminar com mais uma citação porque me identifiquei muito com ela:
A vida do tímido não é fácil. Nem bem se encaminhou ao quarto, compreendeu que mais ridícula do que a imagem de um homem entrando no banheiro era a de um homem se retirando porque lhe faltou a coragem de entrar. Havia vergonha maior do que deixar evidente que se teve vergonha?
(Diário da guerra do porco, p. 29)
Avaliação final: 4/5
Que bom que gostou do livro! Quando der, leia O Sonho dos Heróis também (que eu preciso reler um dia).
ResponderExcluirGostei do último trecho selecionado ;)