quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Os últimos filmes que eu vi #17 - edição especial Oscar

O Oscar, como outras coisas da minha vida, só caiu no meu gosto graças ao mundo cibernético. Antes eu via as indicações pelo jornal, torcia se tivesse algo de que eu gostava, e pronto, segue a vida. Acho que foi em 2014 que me rendi a assistir a apresentação dos prêmios. Em 2015, não só acompanhei a premiação como tive vontade de ver quase tudo, fazendo uma promessa mental de que em 2016 eu veria os indicados a melhor filme junto com as outras pessoas, porque não é maravilhoso ver todo mundo comentando o mesmo assunto? Só que aí chegaram as indicações e... ¯\_(ツ)_/¯

Eu tenho curiosidade em ver todos os indicados a melhor filme, justamente para comparar as opiniões com quem se deu ao trabalho de assistir tudo. Mas curiosidade não é a mesma coisa que vontade genuína, e também não é a mesma coisa que disposição. Além disso, já imagino que não vou gostar muito de quase nenhum dos que ainda não vi da categoria principal. Talvez quem sabe algum dia eu veja quando passar na televisão, mas ter que me movimentar para isso seria esforço demais só para poder dizer que cumpri algo que queria. Então finalizei minha maratona: assisti três filmes indicados a melhor filme e todos(!) indicados a melhor animação, visto que só faltavam três para completar a lista. 

Indicados a melhor filme

1- Perdido em Marte (Ridley Scott, 2015)
Não sou a maior fã de filmes espaciais e grandiosos. Nada contra, mas tenho preguiça — são filmes longos, e têm cenas longas de ação. Então o fato é que eu não tinha dado bola para Perdido em Marte até ele ser muito elogiado por aí e indicado para o Oscar. Ainda não seria um filme que eu veria no cinema se não tivesse passado no cinema do CCSP, sempre maravilhoso e que custa um real. No começo eu estava apreensiva, justamente por não ligar para filmes do gênero, mas aos poucos o filme foi me envolvendo e cativando, e de repente me vi torcendo muito para que a NASA resgatasse o Matt Damon, mesmo sabendo que o final não poderia ser outro — se fosse, estaria na categoria de drama no Globo de Ouro (embora a classificação como comédia seja discutível). Não curti muito as cenas de ação propriamente dita, mais para o final do filme, mas gostei do clima mais leve e do bom humor durante toda a história, e também achei a proporção entre cenas do protagonista e cenas de fora bem equilibrada. Enfim, é um filme eficaz no que se propõe a fazer, e para não dizer que é só entretenimento preciso confessar que entrei numas reflexões erradíssimas sobre viagens espaciais, o custo que isso tem, desigualdade, o que é ser humano e essas coisas divertidas (mas sugiro que não façam isso também). Avaliação: 3,5/5
E o Oscar? O filme foi indicado para sete categorias, mas não acho que leve nenhuma que não seja técnica. Achei as indicações válidas, mas também não estou torcendo por ele.

2- Brooklyn (John Crowley, 2015)
Eu também não tinha planos concretos de ver Brooklyn, mas pensei que entre os que eu não tinha tanto interesse esse era o que poderia me agradar mais: uma produção menor, uma história simples e convencional. Depois que eu terminei de assistir, fiquei pensando em que tipo de filme ele se parecia, até chegar na conclusão óbvia: com Educação, que também tem roteiro do Nick Hornby. E assim como em Educação, faltou algo em Brooklyn para me deixar próxima do filme. Eu não tenho os conflitos da protagonista, Eilis, então não consegui me aproximar dela. Não é que não dê para simpatizar com ela, mas sempre fiquei meio distante, algo não funcionou com a conexão, especialmente depois que ela voltou para a Irlanda — e isso é pessoal, porque tem gente que se identificou demais com a personagem. A história prende fácil o espectador e é interessante o suficiente para me fazer ter vontade de ler o livro, que já está em mãos, a Saoirse está bem no papel e os figurinos dos anos 50 são maravilhosos (saí desejando o guarda-roupa da Eilis? Saí sim, e olha que nem sou uma pessoa ligada em moda). Provavelmente não é um filme que vai mudar dramaticamente a vida de ninguém, mas também não é isso que ele pretende fazer. Avaliação: 3/5
E o Oscar? O filme foi indicado para melhor filme, atriz e roteiro adaptado. Acho que é um daqueles casos em que a indicação é o próprio prêmio, porque muita gente foi atrás dele só por causa disso, como eu.

3- O quarto de Jack (Lenny Abrahamson, 2015)
Eu gostei muito de Quarto, o livro; de Temporário 12, com a Brie Larson, e de Frank, dirigido pelo Lenny Abrahamson. Então eu estava com bastante vontade de ver o filme, tendo expectativas de que a adaptação me agradaria. E não me enganei. Não tenho muito o que falar além de que tudo está muito bom. O filme prendeu a minha atenção, me emocionou, e, não sei, não pareceu ter nada de errado? Em questão de sentimentos, ainda prefiro Temporário 12, que me impactou de verdade, mas talvez isso seja porque já conhecia a história de O quarto de Jack pelo livro. Avaliação: 4/5 
E o Oscar? Brie Larson é a favorita para o Oscar de melhor atriz, o que me deixa bem satisfeita. As outras indicações são menos prováveis, mas se eu pudesse votar tendo visto só três filmes meu voto seria dele (não que isso conte alguma coisa).

Indicados a melhor animação

 1- O menino e o mundo (Alê Abreu, 2013)
Comentei sobre o filme aqui. Avaliação: 4/5
E o Oscar? Meu comentário foi um pouco desanimado, talvez porque eu goste mais do que o filme representa em termos de animação do que dele em si. Quer dizer, eu amo a estética, mas não amo a história. Dito isso, preciso falar que fiquei realmente emocionada quando vi a indicação, e que minha torcida é completamente para ele, mesmo as chances sendo ínfimas. É por patriotismo mesmo, mas não para mostrar para os americanos como o Brasil é bom, e sim mostrar para os brasileiros quanto potencial a gente tem em questão de animação. E acho que a indicação ao Oscar já fez isso, espero de verdade que essa área seja mais incentivada a partir de agora.

2- Quando estou com Marnie (Hiromasa Yonebayashi, 2014)
Comentei sobre o filme aqui. Avaliação: 3,5/5 
E o Oscar? Fiquei um pouco surpresa com a indicação, porque não é um filme tão grandioso do Studio Ghibli. E também está longe de ser um dos meus favoritos deles. Fico feliz com outra animação 2D não americana ser indicada, e em questão de estética também sou fã, mas peguei birra do filme, por motivos até externos a ele — então recomendo que assistam para tirar suas próprias conclusões e não se deixem levar pelo meu mau humor.
 
3- Shaun: o carneiro - o filme (Mark Burton e Richard Starzak, 2015)
Eu acompanho há um tempo os trabalhos da produtora Aardman, de Wallace & Gromit e A fuga das galinhas, mas normalmente só de ficar com vontade de ver o lançamento da vez e deixar para lá. Por causa do Oscar, fui atrás de Shaun e lembrei por que eu gosto dessas animações. A história do filme é bem simples: Shaun vive em uma fazenda e, cansado da rotina, decide tirar um dia de folga. Só que as coisas dão terrivelmente errado e ele terá que ir para a cidade grande resgatar seu fazendeiro. A ideia remete bastante ao filme das galinhas, por ser sobre um grupo de animais de fazenda que precisa bolar planos para resolver determinada situação. A principal diferença é que os carneiros, e todos os outros personagens do filme, falam uma linguagem incompreensível para nós. É um filme mudo, praticamente (assim como O menino e o mundo!). Ele não é tão inspirado quanto as produções mais famosas da Aardman, mas é bem divertido e a animação mantém a qualidade. Avaliação: 3,5/5
E o Oscar? As chances são pequenas, mas gostei da indicação.

4- Anomalisa (Duke Johnson e Charlie Kaufman, 2015)
Eu li duas críticas de jornal e uma resenha em um blog antes de ver o filme e acho que isso acabou me influenciando negativamente, porque os três textos faziam praticamente a mesma análise. Com isso, já fui ao cinema sabendo o que pensar em questão do que o filme quer dizer, o que, paradoxalmente, me deixou sem saber o que pensar do filme em questão de opinião. É uma animação bem diferente do que eu costumo ver, com temas adultos e filosóficos: a dificuldade de se relacionar com outras pessoas, a solidão, a subjetividade, o desejo, a modernidade e outras abstrações. Sei que há muito material para reflexão no filme, mas talvez por ter ido com uma análise pronta na cabeça não fiquei com vontade de ir atrás disso e pensar nas minhas dúvidas. Entretanto, o filme é muito bem feito e a experiência vale a pena. Avaliação: 3,5/5
E o Oscar? Eu li algum lugar dizendo que era o filme que tinha mais chance depois de Divertida mente, mas acho que o filme da Pixar é quase unanimidade, então a probabilidade dele ganhar é pequena. Seria interessante um filme adulto vencer o prêmio, mas também não é minha torcida.

 5- Divertida mente (Pete Docter e Ronnie Del Carmen, 2015)
Minhas expectativas eram misturadas: por um lado, o filme é considerado um dos melhores da Pixar. Por outro, eu não sou tão fã da Pixar hoje e nem de animações em computação gráfica. No final, fiquei bem satisfeita. Achei a ideia do filme ótima e adorei a central em ação — é tipo um jogo de The Sims. Aí o filme foi pelo caminho que eu não queria: para a aventura. Alegria e Tristeza tem uma jornada juntas nos outros lugares da mente. Achei várias partes da aventura engraçadas e interessantes, por nos lembrarem de como nossa mente funciona, mas também achei um pouco cansativo esse negócio de estamos-conseguindo-ops-deu-algum-problema-falhamos. Queria ver mais conflitos entre as emoções na central e a resolução foi rápida demais para o meu gosto. Enfim, acho que o filme tinha todo um potencial que não foi explorado, mas também entendo que não dava para abarcar tudo. Avaliação: 3,75/5
E o Oscar? Vai ser uma grande surpresa se não ganhar o Oscar de melhor animação. Eu podia torcer o nariz porque sempre a mesma coisa filme americano animação 3D e blablablá, mas acho a provável vitória merecida nesse caso. O filme também foi indicado para roteiro original, mas acho que as chances de vencer são menores.

P.S.: agora tenho uma newsletter! Relutei muito antes de entrar na moda, mas acho que é uma boa forma de escrever coisas mais pessoais que ficariam um pouco deslocadas no blog. Prometo não encher sua caixa de entrada!

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