quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Retrospectiva: livros de 2015

O difícil de ser teimosa e só querer escrever uma retrospectiva depois que o ano terminou de fato é que só agora, já na metade de janeiro, estou escrevendo a retrospectiva literária e colocando um ponto final nisso, ao mesmo tempo em que já estou concentrada nas leituras de 2016. Mas tudo bem, isso que dá seguir meus princípios.

Em 2015, eu li 63 livros (ou 65 se considerarmos dois contos que não coloquei na lista oficial). É mais ou menos o que li no ano retrasado, e um número que me deixa satisfeita — qualquer número acima de 40 eu já acho bom, e se for maior que 50 eu fico bem feliz. Mas quantidade não é qualidade, e por algum motivo eu saí um pouco decepcionada com as leituras que fiz. Um resumo é que foi um ano de muitas três estrelas ou três estrelas e meia, o que é bom, mas não é ótimo. Olhando depois minha lista, vi que até tem bastante quatro estrelas, mas são poucos os livros que ficaram comigo.

Existem vários motivos possíveis para isso: eu estou ficando mais chata com as leituras, passo a ser mais crítica quando escrevo resenhas, escolhi mal os livros ou tive simplesmente azar nas escolhas. Acho que foi um pouco de tudo. Cheguei a conclusão que, ao alugar livros na biblioteca e fazer compras apenas em promoções, dou prioridade para livros que eu estou curiosa para ler, e não que eu sei que vou gostar. Por exemplo, tem três livros que eu quero muito ler e estão sendo muito comentados por aí: A amiga genial, Estação onze e Stoner. Eu não li nenhum desses livros simplesmente porque não tem nenhum deles (ainda) na biblioteca e eles não chegaram a um preço razoável — quando se pode comprar um livro minimamente interessante por dez reais, já não considero pagar outros sem um desconto mínimo de cinquenta por cento. É claro, esses três livros podem ser decepções, mas tem algo em ler um livro enquanto ele está sendo comentado que me atrai muito; afinal, quando leio depois, tenho que ficar procurando as resenhas que li anteriormente nos blogs e me lembrar quem falou de que livro, enquanto se eu ler enquanto está na moda, as resenhas vão cair no meu colo. Além disso, também acabei dando preferência para autores novos, que têm menos chances de dar certo comigo, em vez de voltar aos meus favoritos, o que é idiota também pelo fato de que tenho vários desses me esperando em casa há anos. Li mais Jonathan Safran Foer? Junot Díaz? Diana Wynne Jones? J. K. Rowling? Não, porque estava muito ocupada alugando livros da biblioteca e quando lia algo da estante dava preferência para leituras de desafios. Não vou dizer que vou mudar; eu sempre começo janeiro relendo uma série querida e livros da estante, mas lá para o meio do ano já estou perdida na biblioteca e nas leituras da faculdade. Nesse ano, imagino que não vai ser muito diferente, dada a quantidade de romances que já sei que precisarei ler para o curso — pelo menos estou estudando o que gosto, não é?

Minha irmã um dia me disse que talvez atualmente ela gostasse mais de ler sobre livros do que ler livros em si. No começo, concordei. Não me imagino mais sem os blogs que leio, sem essa curiosidade de querer ler um monte de coisa, muitas das quais já imagino que não vou gostar tanto, só porque as pessoas estão falando sobre isso. Não é que eu vá atrás de tudo que faz sucesso, mas quando pessoas legais elogiam alguns livros, a vontade de conhecer é grande. No entanto, seria mentira dizer que eu não gosto do processo de leitura. Eu gosto. É um dos meus passatempos preferidos. Então talvez fosse mais correto dizer que continuo amando ler livros, só acho mais difícil gostar deles individualmente, o que não é um problema até que eu veja a lista de leituras do ano e perceba que poucos se sobressaíram. Faz sentido? Provavelmente não, mas vamos em frente. Agora eu vou começar de verdade a falar sobre as leituras de 2015...

Comecei o ano lendo Uma casa na escuridão, do José Luís Peixoto, para a faculdade. Uma leitura interessante, mas não era o que estava esperando considerando minha experiência anterior com o escritor. Também li para o curso Levels of life, do Julian Barnes, O crime do padre Amaro, Esaú e Jacó e Iaiá Garcia. Todas foram leituras razoáveis, com pontos positivos e outros nem tanto. No geral, o sentimento em relação à faculdade foi o de que eu já tinha lido os melhores livros dados nas matérias. Estudei Memórias póstumas de Brás Cubas, The bell jar e The catcher in the rye mas, com a exceção do último, não os reli porque me lembrava bem o suficiente deles (e porque o tempo é pequeno, tem outras prioridades, etc).


A segunda leitura do ano foi uma das melhores. Nada é um livro impactante, ainda que curto, e fiquei com vontade de ler mais livros do estilo — às vezes é bom se sentir mal(?). 2015 foi um ano de muitos livros curtos, tanto que acabei me enrolando e não resenhei muitos deles (ainda), como Um, dois e já, da uruguaia Inés Bortogaray, Duelo, do David Grossman, e Tormento, do John Boyne. Por mais que eu tenha gostado deles, as leituras curtas precisam ser mais fortes para ficarem na memória. Eu dei quatro estrelas para Um, dois e já, mas não o considero um dos meus livros favoritos do ano porque eu me sentei, li o livro inteiro e pronto. Fim do processo. Então talvez eu me lembre melhor de um livro maior de que eu não tenha gostado tanto do que de um menor que eu adorei, mas que não apresentou muitas novidades.

Li vários YAs, de diferentes tipos. Comecei o ano com Codinome Verity, um livro bom, mas não do meu estilo. Li vários livros que fizeram sucesso faz tempo, como Secret society girl, Quem é você, Alasca? e Cabeça de vento, e outros menos conhecidos aqui como Faking Faith, Don't fail me now e Not if I see you first, um lançamento do final de 2015. Foi dos YAs também que saiu a pior leitura do ano, The summer prince, uma distopia que se passa em um Brasil futurista caricato com personagens pouco carismáticos e um ritmo ruim. Eu diria que essa questão de ritmo e de empatia com personagens é pessoal, o que é verdade, mas mesmo assim não recomendo The summer prince para nenhum brasileiro se você não quiser ficar revirando os olhos e pensando "americanos..." com desprezo (tudo bem, eu admito: fui ler o livro já sabendo que essa seria minha reação).

Falando em Brasil, conheci alguns autores novos em 2015. Li Contos de mentira, da Luisa Geisler e, mesmo que não tenha gostado muito, estou animada para conhecer seus romances. Também conheci a Celeste Antunes, o Danilo Leonardi no seu livro juvenil Por que Indiana, João?, o lindo trabalho dos irmãos Cafaggi, e a Socorro Acioli, com o ótimo A cabeça do santo. Voltei a alguns conhecidos e li mais Antonio Prata, com histórias de infância divertidas, e Vanessa Barbara, com o livro de crônicas O louco de palestra e seus textos deveras paulistanos.

Das leituras que fisgam, mistérios, thrillers e tal, os destaques ficam com Misery, Caixa de pássaros e Garota exemplar, última leitura do ano. Nenhum desses livros é perfeito, mas todos mostram o poder de um bom suspense.
 

Li poucos infantojuvenis marcantes, sendo Winnie Puff claramente o mais importante deles. Que livro fofo! Eu aluguei na biblioteca, mas fiquei com vontade de comprar um exemplar, porque é tão bonitinho e às vezes eu preciso mesmo de um livro engraçadinho e queridinho e todos os inhos do mundo para me sentir bem (P.S.: saiu uma notícia dizendo que o Puff na verdade é fêmea, mas obviamente a imprensa fez manchetes enganadoras para chamar atenção. Existiu uma ursa chamada Winnie. Ela inspirou o A. A. Milne, que criou O urso Winnie (aka Urso Eduardo). Por favor, sites, não espalhem mentiras e não acabem com infâncias em nome de uma história falsa) (mas bem que o Puff poderia ser fêmea, porque a única fêmea da turma dele é a dona Kan. Por algum motivo (qual será? Risos), mesmo quando criam personagens animais eles são todos machos).

Das leituras adultas™, ficção contemporânea ou como você quiser chamar, preciso falar da Ali Smith. Suíte em quatro movimentos é um livro com um enredo meio absurdo, mas a história é tão cativante! É estranho o suficiente para se diferenciar de outras leituras, mas ainda assim é uma delícia de ler, e de modo mais convencional simpatizamos com os personagens. Estou animada para descobrir mais da autora e gostaria que ela fosse mais conhecida no Brasil.


E se tem alguém que não precisa ser mais conhecida no Brasil, pelo menos no ~meio literário~ que eu stalkeio frequento, essa pessoa é a Chimamanda. Ela foi unanimidade entre os blogs, uniu todas as tribos, etc e tal. Eu li Hibisco roxo e achei maravilhoso. Em retrospecto, o livro diminuiu um pouco na minha avaliação, porque eu tive uma relação emocional forte com ele, me vi muito na timidez da Kambili, e o elo criado acaba desaparecendo depois que a gente termina de ler o livro. Ainda assim, é muito bom, foi a melhor leitura do ano e estou curiosíssima para conhecer Americanah e principalmente Meio sol amarelo.

Aqui acaba minha loooonga retrospectiva. Foi um ano bem confuso para leituras e isso se refletiu no texto, mas acho importante uma retrospectiva mais pessoal para lembrar do ano de forma geral.

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