quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Cabeça de vento, Meg Cabot

Dr. Holcombe estava certo sobre uma coisa: eu estava começando a notar que algumas coisas pareciam diferentes do que eram antes do acidente.
E não apenas o fato de eu não gostar mais de sorvete. Isso era o menos importante nesse momento. O mais estranho até agora era o modo como a minha família estava agindo perto de mim... Como se eles não me conhecessem.
Era quase como se — e sei que isso parecia loucura — eu fosse outra pessoa.
Eu gosto bastante de alguns tropes bem forçados e clichês, como o de namorados-de-mentira-que-se-apaixonam-de-verdade, o de o-que-aconteceria-se-eu-não-existisse e o de troca de corpos. Então é óbvio que eu tinha vontade de ler Cabeça de vento desde que soube da sua existência — uma estudante que troca de corpo com uma modelo famosa é o tipo de coisa que grita "diversão!" para mim. E de fato o livro cumpriu seu papel.

Em mais detalhes, o livro foca em Emerson Watts, adolescente nerd que acredita "não ser como as outras garotas". Ela despreza as meninas populares, que sabem de tudo sobre as celebridades e que querem ser líderes de torcida. Só que, ao acompanhar sua irmã em um evento para ver o cantor sensação Gabriel Luna, Em sofre um acidente junto com a top model Nikki Howard. E quando certa manhã Em acorda de sonhos intranquilos, encontra-se em sua cama metamorfoseada em Nikki. Ou algo assim. Isso rende as confusões típicas da troca de corpo, como a dificuldade de se reconhecer no corpo alheio e de lidar com a nova vida; no caso, a vida de celebridade.

Assim como em O diário de princesa, Meg Cabot foca no processo de mudança e tenta quebrar alguns estereótipos. O problema é que já estou saturada desse papo de menina nerd que se acha superior, então fiquei um pouco cansada do discurso da Em, mesmo quando ele é ironizado — porque, afinal de contas, já sabemos que ela está errada e vai amadurecer.

O segundo e maior defeito do livro é que ele não tem final. Não acaba em um cliffhanger, mas as situações não se resolvem, o que é MUITO frustrante. Eu pretendo ler as continuações, mas acho péssimo quando o livro termina como se estivesse inacabado, sabem? Não quero me sentir obrigada a ler as continuações, quero sentir vontade de lê-las porque gostei do primeiro o suficiente — o que talvez acontecesse com Cabeça de vento de qualquer jeito.

Enfim, apesar dos pesares, gostei bastante da história. Achei que a Em podia ter mudado mais na sua trajetória, mas entendo que a Meg por enquanto tenha ido mais para o lado cômico e menos para o moral. É uma leitura rápida, engraçada e que prende a atenção, tudo que uma história de troca de corpos precisa, mesmo que essa não seja tecnicamente uma troca de corpos nem transferência espiritual, porque é só de um lado. Se eu não tivesse outras leituras programadas, leria as continuações logo em seguida, mas infelizmente elas vão ter que esperar. Às vezes tudo de que a gente precisa é de uma história mirabolante e divertida e obrigada, Meg Cabot, por trazê-las para nós.

Avaliação final: 3,5/5

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