quinta-feira, 4 de setembro de 2014

A volta ao mundo em oitenta dias, Júlio Verne

A volta ao mundo em oitenta dias

Sir Francis Cromarty não deixara de reconhecer a originalidade de seu companheiro de viagem, embora só tivesse podido observá-lo de cartas na mão e entre duas rodadas. Assim, tinha razões para perguntar-se se um coração humano batia sob aquele invólucro frio, se Phileas Fogg possuía uma alma sensível às belezas da natureza, às aspirações morais. Para ele, tratava-se de um enigma. De todos os personagens excêntricos que o general-de-brigada já conhecera, nenhum se comparava àquele produto das ciências exatas.

                                                                  (A volta ao mundo em oitenta dias, pp. 68-69)

Fiquei feliz quando vi que o Júlio Verne era um dos autores do Volta ao mundo em 12 livros. A volta ao mundo em oitenta dias está na estante de casa há muito tempo, e mesmo com minha irmã dizendo que o livro é legal, eu não tinha tanta vontade de lê-lo, por causa da preguiça que tenho tratando-se de clássicos em geral. Mas deixei a preguiça de lado esse mês, e até que me surpreendi.

O livro conta a história muito famosa do excêntrico Phileas Fogg, inglês que aceita uma aposta de dar a volta ao mundo em oitenta dias. Na companhia do seu criado Passepartout, ele viaja pela França, Índia, China e Estados Unidos, entre outros, usando como meios de transporte trens, barcos e até um elefante. Ao mesmo tempo, o policial Fix procura por um ladrão de banco que estranhamente se parece com a figura de Fogg, então ele passa a perseguir o inglês, buscando por um modo de prendê-lo, e entra junto na viagem.

O enredo do livro parece um pouco sem graça. E é, em alguns momentos, em que só são descritos os procedimentos da viagem: em tal horário, eles pegaram um barco para ir a tal lugar, e a viagem foi normal e eles chegaram no outro lugar, e pegaram um trem, etc. Mas mesmo assim eu fiquei curiosa para saber o que ia acontecer, se o Fogg ia ganhar a aposta e como a situação com o Fix se resolveria, então achei o livro envolvente. Além disso, o narrador é bem humorado, e alguns personagens, como Passepartout, são carismáticos, o que melhora a situação quando a história fica cansativa.

O complicado de ler alguns clássicos é se deparar com a visão de mundo da época ou do autor, mais racista e machista do que a de hoje, além de, nesse caso, ser bem eurocêntrica. Júlio Verne não poupa opiniões sobre os lugares por qual Fogg passa, dizendo que indianos fanáticos são “energúmenos” ou que o Japão e a China não são civilizações, além de retratar indígenas norte-americanos como bandidos selvagens. Acho engraçado que alguém que vá escrever sobre uma viagem no mundo não tenha uma cabeça aberta, mas suponho que ele não teria como ter uma cabeça aberta, já que escreveu seu livro baseado em pesquisas e provavelmente no senso comum, e não chegou a ir para a maioria dos lugares descritos.

A outra coisa que me incomodou na obra é o seu final. Eu achei meio inverossímil a questão do Fogg ter conseguido ou não ganhar a aposta, e o final pessoal de alguns personagens me incomodou.

De qualquer jeito, acabei gostando da leitura. Recomendo o livro para quem tem curiosidade em relação a esse clássico, e acho que é uma boa sugestão para leitores mais novos.

Avaliação final: 3,5/5

2 comentários:

  1. Que bom que você gostou e que esse não foi um livro nota 2,5 ;P

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  2. Tou com outro do Jules Verne aqui pra ler! O Viagem ao Centro da Terra! Só esperando uma folguinha nos desafios! Esse aí tbm tenho muita curiosidade! Só me decepcionei um pouco de saber desses preconceitos espalhados pelo livro. :(
    Ainda assim vou encarar.

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