quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Love is a mix tape, Rob Sheffield

Love is a mix tape

I have built my entire life around loving music, and I surround myself with it. I’m always racing to catch up on my next favorite song. But I never stop playing my mixes. Every fan makes them. The times you lived through, the people you shared those times with—nothing brings it all to life like an old mix tape. It does a better job of storing up memories than actual brain tissue can do. Every mix tape tells a story. Put them together, and they add up to the story of a life.

Conheci Love is a mix tape: life and loss, one song at a time por aí, em algum blog. A história de um homem que conta sobre o seu amor por música e por uma mulher me lembrou de Alta fidelidade, então fiquei curiosa para ler.

Rob Sheffield, jornalista musical, conta a história da sua vida no livro. Desde os anos de criança e adolescente, quando se preocupava em fazer as mix tapes para os bailes da escola, até a vida adulta, quando se casou com Renée e alguns anos depois se tornou um jovem viúvo, Rob sempre se importou com música. Os capítulos do livro começam com mix tapes que Rob ouviu em algum momento da vida, e a partir disso ele desenvolve suas memórias e suas reflexões sobre música. Há desde capítulos mais cronológicos, em que o autor narra o que estava acontecendo com ele na época e a mix tape é um simples pretexto para isso, até capítulos mais soltos, como o que ele fala sobre as fitas que gosta de ouvir ao lavar louça e como ele lavava louça depois de brigar com a esposa, o que o leva a listar os motivos de briga entre eles.

Em uma autobiografia, é comum que a gente não goste exatamente do peso que cada coisa recebe na história. Eu senti falta de um maior desenvolvimento de Renée. É um livro sobre amor, mas embora Rob repita constantemente o quanto ama sua mulher e o quanto ela fez dele um homem melhor e fale sobre a vida de casados, ele raramente deixa a esposa brilhar sozinha e eu não sinto que a conheci como possivelmente era a intenção de Rob ao escrever o livro. Mas isso não chega a ser um grande problema porque a estrela desse livro é realmente a música.

Há partes do livro bem universais, que falam sobre qualquer um que goste minimamente de música e sobre como ela faz parte da nossa história pessoal. Outras são mais específicas, e o problema disso é que, como não sou tão fanática por música hoje e sou da geração CD ou da MP3, eu não conhecia muitas das referências que aparecem no livro e nem posso me relacionar com a emoção de fazer uma mix tape, visto que nunca fiz uma. Acho legal conhecer músicas novas, mas ao mesmo tempo é difícil conciliar a leitura com a pesquisa pelas músicas bem na hora que elas são citadas. De qualquer jeito, não considero que isso defeito do livro; só faltou uma bagagem musical maior para mim, o que acabou prejudicando um pouco a minha leitura e diminuindo a minha avaliação pessoal. E eu recomendo muito a leitura para quem gosta de mix tapes e do movimento musical dos anos 80 e 90 — uma pena que o livro não tenha tradução para o português.

Love is a mix tape é um livro muito gostoso de ler, e o autor narra com uma sinceridade que faz que a gente vá se envolvendo mais e mais na história dele — por mais que eu tenha achado que Renée poderia ter sido mais explorada em vida, algumas partes após sua morte chegaram a me emocionar, porque Rob é muito honesto sobre seus sentimentos e é fácil de se identificar com ele em vários momentos. Às vezes, mesmo quando ele falava sobre músicas que eu nunca tinha ouvido falar, eu continuava achando a leitura deliciosa, porque esse é o poder de quem escreve bem e escreve sobre coisas que ama. Nesse sentido, acho que acertei com a comparação com Alta fidelidade.

Vou deixar mais um trechinho, sobre a morte do Kurt Cobain, porque eu achei o capítulo sobre isso muito bom e  ele une bem os temas do livro o amor e a música:

The Unplugged music bothered me a lot. Contrary to what people said at the time, he didn’t sound dead, or about to die, or anything like that. As far as I could tell, his voice was not just alive but raging to stay that way. And he sounded married. Married and buried, just like he says. People liked to claim his songs were all about the pressures of fame, but I guess they just weren’t used to hearing rock stars sing love songs anymore, not even love songs as blatant as “All Apologies” or “Heart-Shaped Box.” And he sings, all through Unplugged, about the kind of love you can’t leave until you die. The more he sang about this, the more his voice upset me. He made me think about death and marriage and a lot of things that I didn’t want to think about at all. I would have been glad to push this music to the back of my brain, put some furniture in front of it so I couldn’t see it, and wait thirty or forty years for it to rot so it wouldn’t be there to scare me anymore. The married guy was a lot more disturbing to me than the dead junkie.

Avaliação final: 3,5/5

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