quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Colmeia, Gill Hornby

E é claro que gostava das pessoas. Certo: da maioria. St. Ambrose, afinal de contas, era famosa pelas pessoas. Era conhecida em todo o país pelo seu número do "somos uma grande família feliz". Todos apoiavam uns aos outros em St. Ambrose; sentiam orgulho disso. Bem, pelo menos alguns. E Rachel instintivamente sempre fizera questão de se envolver com aquela gente o mínimo possível que a boa educação permitia, muito obrigada.
Colmeia é um dos raros livros atualmente que tive vontade de  ler só por causa da capa. Encontrei-o na livraria, li a sinopse e coloquei na lista do Skoob. Nunca tinha ouvido nada sobre ele e a situação continuou a mesma quando o comprei em uma promoção na Amazon. Na época, eu nem sabia que a Gill Hornby era irmã do Nick Hornby, só achei legal eles terem o mesmo sobrenome. O que me interessou no livro? A capa não deixa claro de que gênero é — parece chick lit, mas não segue exatamente os modelos mais conhecidos do gênero. A sinopse mostra que é uma história de mães de alunos de uma escola primária, presas em um modelo de hierarquia muito semelhante aos do ensino médio, e eu adoro narrativas estilo escolares, de panelinhas e de pessoas em busca de popularidade. Além disso, a palavra "assustador" na frase do The Times na capa dava a impressão de que não seria apenas uma história engraçada.

E o livro me entregou mais ou menos o que ele prometia: é uma sátira do comportamento dessas mães, um Meninas malvadas versão adulta — o filme é inspirado em Queens Bees e Wannabees, e Gill Hornby também se utilizou desse livro para criar sua história. O livro foca em algumas personagens, que apresentam comportamentos diferentes em relação à tal panelinha: temos Rachel, que finge não se importar com popularidade, mas que se sente excluída depois que a tal abelha rainha, Bea, a deixa de lado; Heather, que quer fazer de tudo para entrar no grupo; Georgie, que despreza a panelinha, mas sempre participa dos eventos, e Bubba, nova na escola, louca para se mostrar. Algumas personagens são mais sensatas, outras são caricatas, o que cria uma mistura estranha: tem horas em que você se importa de verdade com o que está acontecendo e em outros momentos você sente que está lendo uma piada na qual é impossível se envolver de verdade. Acho que a autora poderia ter humanizado mais algumas personagens, sem ficar nessa divisão de pessoas interessantes contra pessoas sem noção. 

A metáfora de colmeia realmente funciona, mas é usada explicitamente demais. A mãe de Rachel cria uma colmeia e vai explicando as fases um pouco antes delas acontecerem no próprio livro. Acho que isso podia ter ficado de fora — o título do livro e uma rápida explicação já teriam dado conta, não precisava de mais de uma cena com isso.

Alternando momentos mais envolventes e outros tediosos, cenas dos personagens sozinhos e os eventos da escola, Colmeia é uma leitura curiosa. O livro recebeu uma nota baixa no Goodreads, de 2,79 estrelas, e tem vários defeitos, mas vale a pena para quem se interessar por histórias de donas de casa, popularidade e maternidade.

Avaliação final: 3,5/5

Nenhum comentário:

Postar um comentário