quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Se eu ficar, Gayle Forman

Se eu ficar

(…) acredito que é verdade. Ouço as palavras da enfermeira de novo. Sou eu quem está no comando. Todos estão esperando por mim.

Sou eu quem deve decidir. Agora sei.

E isso me aterroriza mais do que qualquer outra coisa que aconteceu hoje.

Gosto de música, mas não sou fanática por nenhuma banda a ponto de querer ler biografias ou coisas do tipo. Mesmo assim, acho interessante ler livros que tenham a música como parte fundamental do enredo. Meu plano não era ler Se eu ficar para o DL do Tigre, porque eu achava que não tinha música suficiente no livro, mas de repente todo mundo estava falando sobre essa história por causa do filme e eu fiquei curiosa para ler.

A história é sobre Mia, uma jovem violoncelista que sofre um acidente de carro com a sua família. Seus pais morrem e ela acha que morreu também, porque não parece ferida, mas percebe que na verdade ela saiu do seu corpo, e o seu corpo está em coma. Para ficar mais fácil de entender, é como se ela tivesse virado um fantasma sem ter morrido. Ela vai ao hospital, seguindo o seu corpo, e vê as pessoas ao redor, sua família, sua amiga, seu namorado Adam, reagindo ao acidente. Depois ela descobre que tem controle sobre sua saúde, que deve decidir entre ficar ou ir embora, viver e voltar ao seu corpo ou morrer. Por isso, Mia acaba refletindo também sobre momentos marcantes da sua vida.

Não acredito muito nesse poder de decisão de Mia do ponto de vista científico não que eu saiba algo a respeito disso, só costumo ser cética mesmo , mas achei a ideia do livro interessante, retratar a decisão entre a vida e a morte quando já se perdeu muita coisa. Isso destaca o livro de outros vários YA contemporâneos que lidam com os mesmos assuntos: o futuro, o amor, a música…

O livro tem a narração dividida entre o presente, que é constituído dos momentos no hospital após o acidente, e o passado, que são as partes que Mia relembra relacionando-as com o seu presente. Gostei da narrativa ser desse jeito porque deu para conhecer melhor os personagens, sabendo do presente e de como eles fizeram parte da vida da protagonista. Vi algumas pessoas que acharam o livro entediante, reclamando que não acontece nada na história, mas a narração da Mia me prendeu e não achei cansativo em nenhum momento. É um pouco repetitivo às vezes, mas como o livro é curto, isso não chegou a me irritar.

Mesmo tendo achado a leitura envolvente, tive vários probleminhas pessoais com algumas coisas. Primeiro, achei Mia e Adam um pouco entediantes, faltou carisma. Não consegui me conectar com ela ou com vários outros personagens, possivelmente porque muitos deles são perfeitos demais. As partes do livro que mais me emocionaram foram em relação aos avós dela, porque sou bem sensível tratando-se de avós. Além disso, achei estranho que a Mia não descreve a reação de ninguém ao acidente como um todo, e por isso parece que a parte viva da família só se importa com a Mia e que não perdeu outras pessoas no mesmo dia se eu descrevesse a sala de espera no hospital, faria questão de dizer que tinha gente chorando, porque afinal de contas, eles perderam filhos, irmãos… Não é possível que só gostassem da Mia ou que todos estivessem em estado de choque.

Achei interessante o livro tratar de música e de diferenças musicais Mia é da música clássica, seu namorado e sua família são roqueiros , mas revirei os olhos sempre que Mia achava que ela era muito esquisita por gostar de música clássica ou que violoncelo não combina com rock. É curioso, porque ela me parece madura na maior parte do tempo, mas tem seus momentos de grande insegurança. Aliás, justamente por isso que achei Mia sem graça ela é a típica garota de YA normal e insegura. Não é uma falha da autora, só que depende muito do leitor se ele vai se identificar com a personagem. Eu me identifico com várias garotas normais e inseguras, mas não deu certo com a Mia.

Outra coisa que me incomodou foi o final rápido demais. Terminei o livro com aquela sensação de “esse é o fim?”. No fundo, achei o final esperto, mas mesmo assim queria mais explicações. Se eu ficar tem uma continuação narrada pelo Adam que me chamou a atenção pelo trecho que eu li. Talvez eu encontre o carisma pelo qual estava procurando na continuação. Talvez não. De qualquer jeito, Se eu ficar foi uma leitura rápida e que me prendeu, mesmo que eu não tenha conseguido me conectar emocionalmente do jeito que eu queria.

Avaliação final: 3,5/5

2 comentários:

  1. Fiquei curiosa para ler, embora a premissa do livro me pareça meio breguinha :P

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  2. Como meu pai comprou esse livro, vou acabar lendo. Mas por agora tou meio cansada desse "morreu-ou-não-morreu". Acho que vou dar um tempo antes de ler.

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