quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Os (realmente não tão) últimos filmes que eu vi #23

1- The hunting ground (Kirby Dick, 2015)
O documentário discute a questão dos estupros nas universidades americanas. Eu o assisti na época do estupro coletivo de uma jovem carioca e é um filme muito importante para quem acha que só país de terceiro mundo sofre com a cultura de estupro ou que a impunidade só ocorre no Brasil. É doloroso ver quanto os abusos sexuais são comuns e como as autoridades evitam criminalizá-los, abafando o casos, para que as universidades não fiquem com má fama. O formato do documentário é bem tradicional, com entrevista com sobreviventes, psicólogos e autoridades. Para quem não vê muito do gênero, como eu, pode ser um pouco cansativo, mas vale a pena para quem quer se informar e, em decorrência disso, sofrer com o machismo do mundo. E é triste também pensar que embora de forma diferente, visto que a estrutura universitária brasileira não é igual à americana, muita coisa se aplica ao Brasil: não temos fraternidades nem ídolos do esporte universitário, mas temos atléticas e festas e o mesmo medo de manchar instituições de renome. Avaliação: 3,5/5

2- Blow-up: depois daquele beijo (Michelangelo Antonioni, 1966)
Vi um pedaço desse filme na escola, enquanto a gente aprendia sobre metalinguagem(?), e fiquei protelando por séculos para assisti-lo inteiro. A sinopse parece a de um filme de mistério: um homem descobre um homem morto ao ampliar uma fotografia que tirou. Mas é um filme de arte, e muita coisa parece não fazer sentido ou é simbólica, e eu honestamente não entendi muito bem. Ainda assim, foi uma experiência interessante, porque é um filme bem diferente do que estou acostumada a ver. Avaliação:3,5/5

3- Jogos vorazes: em chamas (Francis Lawrence, 2013)
Não gostei especialmente do filme de Jogos vorazes, por isso demorei tanto para ver a continuação. Mas, como muita gente já tinha dito, Em chamas é superior ao primeiro filme, e me fez voltar a sentir aquele mal-estar típico de distopias que o livro me trouxe em alguns momentos. Fiquei angustiada no começo do filme e gosto do fato de metade da história se passar fora da arena — não que isso seja mérito do filme, mas enfim. A curiosidade para ver as sequências ficou aguçada. Avaliação: 4/5

4- Os excêntricos Tenenbaums (Wes Anderson, 2001)
Esse é o quinto filme do diretor que eu vejo e é também um dos mais famosos. Como o título sugere, o filme conta a história da família Tenenbaum, que tem personagens excêntricos — como esperado de uma obra de Wes Anderson. O filme prende a atenção, é esteticamente agradável de ver e todos os membros da família são interessantes, mas sinto falta de algo que dê sentido ao filme e que eu possa compreender. Não sinto que eu entendo de verdade a proposta do cinema do diretor, apesar de normalmente aproveitar os filmes dele. Avaliação: 3,5/5

5- Growing up and other lies (Darren Grodsky e Danny Jacobs, 2014)
Às vezes a gente coloca filmes na lista da Netflix só porque a descrição parece interessante, sem termos nenhuma referência. E quando não dá vontade de ver nenhum filme conhecido da lista, sobram esses filmes: já que não há expectativa, não há como vê-los no momento errado, não é? Esse filme foca em um grupo de amigos formado por homens héteros (é importante ressaltar) que se conheceram na faculdade. Quando um deles decide se mudar para outra cidade para morar com o pai, eles se reúnem de novo para andar pro Nova York e o convencer a ficar lá. Sinceramente, é um filme bem qualquer coisa. Todos os personagens são um pé no saco e é um filme bem hétero mesmo, no estilo moderninho hipster nova iorquino. Não considero que tenha sido um desperdício do meu tempo, mas não recomendo. Às vezes existe um motivo para alguns filmes não serem tão conhecidos mesmo. Avaliação: 2,5/5

6- Para sempre Alice (Richard Glatzer e Wash Westmoreland, 2014)
Vi o filme só porque ele ia sair do catálogo da Netflix, o que significa que a distância entre eu ter lido o livro e visto o filme foi menor do que eu gostaria. No geral, é uma adaptação relativamente fiel, que muda detalhes e mantém o essencial. Achei que ia me emocionar bem mais vendo a história do que lendo, mas, talvez por já saber o que acontecia, talvez porque eu sabia claramente que o filme é de ficção, isso não aconteceu. Por ser mais rápido, recomendaria ver o filme em vez de ler o livro, mas para mim não é um filme indispensável. Avaliação: 3/5

 7- Casa grande (Fellipe Barbosa, 2014)
O filme estava em cartaz mais ou menos na mesma época que Que horas ela volta? e vi várias comparações entre os dois, porque eles abordam a mesma temática. A diferença é que enquanto o filme da Anna Muylaert foca na vida da empregada, Casa grande, como indica o título, retrata os patrões. O filme acompanha a vida de Jean, jovem filho da casa grande que está em colapso mas tenta esconder isso. Os pais dele, com claros problemas financeiros, tentam manter a sua posição social enquanto o filho vai descobrindo quem ele é. Casa grande discute bem a questão dos privilégios e desigualdades, embora às vezes opte por um caminho explícito demais, como na discussão escolar sobre cotas. No geral, achei interessante, mas não me conquistou por completo. Avaliação: 3,5/5

8- Qual seu número? (Mark Mylod, 2011)
Tinha uma época em que assistia a comédias românticas frequentemente. Eu ainda vejo bastante, mas em geral são filmes adolescentes ou com cara de independentes, fazia muito tempo que não via uma comédia romântica hollywoodiana bem padrão. E honestamente podia ter passado mais tempo sem ver essa. A premissa é interessante: a personagem de Anna Faris lê em uma revista algumas estatísticas sobre quantos parceiros a mulher média já teve e fica chocada com o número. Para não aumentar sua própria contagem e dessa forma diminuir a chance de se casar, ela decide fazer sua lista e reencontrar seus ex-namorados, pois vai que algum deles era mesmo o amor da sua vida? A sua busca pelos ex é feita ao lado do vizinho galinha interpretado por Chris Evans, e acho que todo mundo sabe o que vai acontecer a partir daí. Não faço a menor ideia do que eu estava esperando quando fui ver o filme, porque ele entrega exatamente o que promete, mas eu fiquei tão frustrada. É tudo tão óbvio, tão sem graça. Eu gostei da Anna Faris em A casa das coelhinhas (sério), mas a personagem dela aqui é sem sal. E não ligo para o Chris Evans, desculpa, sociedade. Enfim, não gostei. Avaliação: 2/5

9- Rubber (Quentin Dupieux, 2010)
Às vezes a vida nos dá coisas maravilhosas, como um filme sobre um pneu assassino com poderes telecinéticos. Parece trash, e é trash, mas há uma filosofia por trás: a de que as coisas acontecem por nenhum motivo. Se a vida não faz sentido, por que um filme precisa fazer? Como minha irmã já tinha visto o filme antes, já sabia que ele não seria tão ruim, o que acaba um pouco com o impacto de esperar algo e se deparar com outra coisa, completamente diferente. Mesmo assim, a metalinguagem me surpreendeu logo no início, quando aparecem os espectadores aguardando para ver Rubber. O filme sabe que não há como ele ser realista, então ele brinca com isso desde o início. Para quem não assiste tanta coisa estranha, foi uma bela surpresa. Avaliação: 3,5/5

10- A garota de fogo (Carlos Vermut, 2014)
Fiquei interessada pelo filme pelo seu título original: Magical girl. Mas, diferente do que esse nome indica, a história não é bem sobre uma garota mágica que luta pelo amor e a justiça. A tal garota não é mágica, mas gostaria de se tornar a Magical Girl Yuriko, e como está doente seu pai sente a necessidade de cumprir todos seus desejos, mesmo que para isso precise de métodos escusos. O foco da trama é mais no pai e no que ele fará, além de termos outros personagens que parecem perdidos no início mas depois vão se encaixando no enredo.O filme é um drama misturado com suspense que me deixou com um gosto amargo na boca. Me lembrou um pouco a obra de Almodóvar, mas o fato de ambos diretores serem espanhóis deve ter influenciado na minha comparação. Uma pena que o filme teve pouco espaço aqui, passando somente em mostras. Avaliação: 4/5

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