quarta-feira, 5 de julho de 2017

Retrospectiva: tv em 2016

Eu sei, eu sei. Não apareço no blog há séculos e quando finalmente tem coisa nova é para falar do ano passado. Marília, você não reparou que já passamos da metade de 2017? Acontece que por milhões de motivos eu parei de escrever e registrar minhas opiniões sobre livros/filmes/tv/etc. Aí quanto mais você vai deixando a bola de neve acumular, mais difícil fica de acabar com ela. Por um motivo misterioso, comecei a fazer esse post nos rascunhos do meu e-mail, escrevendo de vez em quando sobre uma série ou outra. A ideia, obviamente, era postar no começo do ano. Não deu certo e eu fui alterando o texto várias vezes porque algumas coisas mudaram. Mas nunca é tarde para nada, então vamos para meus enormes melhores do ano na categoria televisão de 2016!

O documentário: Às vezes a gente não quer se envolver em história nenhuma, só quer se distrair. E ver animais fofinhos. 72 cutest animals é para isso: uma lista das espécies de animais mais fofas, com critérios que causam estresse em quem leva listas muito a sério como eu (orangotangos estão acima de coalas e coelhos!!!). Tem espaço para certa variedade aqui: dos animais domésticos mais óbvios a uma variedade de pinguins, dos gigantes africanos às raridades da Austrália (afinal, o programa é de lá). Não é um grande documentário, com informações que vão mudar a sua vida nem nada, mas é fofo, e é isso o que às vezes eu quero ver de madrugada na Netflix quando já estou saturada de narrativas e ficção (existe a possibilidade de eu ter um e-mail nos meus rascunhos com nomes de animais para eu fazer minha própria lista. Não confirmo nem nego).

A série nostalgia: The O.C. foi a primeira série que eu assisti mais ou menos em ordem, naquela rotina de acompanhar diariamente pela televisão que praticamente quase ninguém mais faz. Comecei a rever a série um pouco depois da estreia na Netflix, quando as pessoas já estavam desanimando ou terminando a primeira temporada ou simplesmente parando de comentar — eu tenho péssimo timing para os assuntos do momento e acompanho tudo atrasada mesmo. Mas isso não me fez perder o interesse e lá fui eu para Califórnia de novo. A primeira coisa que a gente nota é o quanto a série envelheceu. Faz tipo QUATORZE anos que estreou e, bom, dá para perceber isso. A fotografia ensolarada, a trilha sonora e principalmente as roupas nos dizem que essa foi uma época que já passou, e que bom (ou não). O que importa é que, assistindo pré-adolescência ou pós-adolescência, uma coisa se mantém: o drama. E como The O.C. é dramático!!! Sendo sincera, inicialmente achei o desenvolvimento meio lento, porque estava vendo Gossip Girl antes e o nível novelesco nem se compara, mas o poder da série de transformar pequenos dramas em grandes é maravilhoso. Assim como é maravilhoso o poder de nos fazer empatizar com personagens meio sem graça interpretados por atores meio ruins (olá, Ryan e Marissa), de forma que minha irmã, por exemplo, relatou que estava torcendo muito para que o Ryan chegasse a tempo na festa do ano novo para confessar seu amor pela Marissa, mesmo sabendo que ele chegaria porque ela já viu a série antes. E a série faz a gente sentir tudo com muita intensidade: como não odiar Oliver Trask? Como não ter impulsos violentos causados por ele? (e, em alguns momentos, causados por Julie Cooper?)
Estou assistindo aos poucos para não enjoar e estou no começo da segunda temporada temporada. The O.C. não é nem de longe a melhor série que já vi, mas é uma das mais queridas por mim, e é isso o que importa.

A série episódica: Quando eu via muita televisão, Criminal minds era uma das minhas séries favoritas de pegar assim meio do nada, ver um episódio solto só para passar o tempo. Só que assistir desse jeito nos impede de ver o desenvolvimento dos personagens e alguns casos que duram mais de um episódio. Assim, comecei a assistir em ordem. Na verdade, eu só vejo faço questão de ver a série por motivos de Spencer Reid, mas já é o suficiente, né?

 
O reality show: Comecei a ver Terrace House: Boys & Girls in the City com um pé atrás. Sim, eu adoro reality shows, mas é preciso de uma boa dose de tédio para poder se viciar neles. Assistir voluntariamente na Netflix não parecia ser o jeito certo, e a coisa pode ter demorado um pouco para funcionar. Isso porque Terrace House é como um BBB japonês sem prêmio, e no início pouca coisa acontece. São seis pessoas que convivem juntas na casa, conversam, trabalham e seguem a vida, simples assim. Mas são jovens japoneses, e isso faz toda a diferença para nós ocidentais que assistimos. É muito interessante ver como eles se relacionam, e o estilo do reality é bem diferente da baixaria de BBB ou dos realities da MTV (nada contra, inclusive gosto também). Terrace House é formado por conversas constrangedoras mas sinceras, por discussões sobre assuntos domésticos em volta da mesa da cozinha e por uma dose de romantismo também porque ninguém é de ferro e quase todos lá querem um amorzinho para chamar de seu. Minha parte favorita da série foi quando alguns participantes comeram a carne especial que foi dada de presente a outro participante e ele fica indignado, chegando depois a chorar por causa do ~crime da carne~ (tudo bem, ele diz que chorou porque a carne foi a gota d'água e ele finalmente se liberta de todos os sentimentos guardados). O comportamento parece ridículo, mas é tão fácil de se identificar, sabe? Porque a gente está acostumada a ver séries cheias de dramas e acontecimentos grandiosos, mas às vezes eu preciso de gente chateada porque comeram a sua comida sem permissão, de conversas sobre cozinhar e lavar a louça ou de pessoas se apresentando ao grupo novo todas envergonhadas. Além disso, o reality tem um grupo de pessoas para comentar os acontecimentos, porque não basta a gente acompanhar a vida de umas pessoas aleatórias, ainda tem que ver os comentários de outras pessoas sobre a vida de pessoas aleatórias. Os comentaristas são muito engraçados, embora demore para se acostumar com o estilo deles e às vezes a gente só fique "¿¿¿humor japonês???".
Menção honrosa: Are You the One? e Are You the One? Brasil, meus fiéis companheiros. Como não amar um reality que mistura convivência com jogo de senha? (pelo menos é assim que eu vejo. E sim, eu anoto os casais e combinações para poder calcular e adivinhar também, esse é o tamanho do vício)

A série que eu finalmente terminei: Finalmente vi a última temporada de Hannibal! É uma série que fui assistindo com grandes pausas entre as temporadas, então o resultado é que fiquei muito perdida quando voltei a assistir. Mas aos poucos fui me acostumando e entrando na história de novo. Acho que a palavra que melhor define Hannibal é "pretensão", e isso mostra que nem sempre essa palavra deve ter uma conotação negativa.

O anime: Puella Magi Madoka Magica tem a fama de ser a subversão dos animes de garotas mágicas. Eu, como fiel fã de Sakura Card Captors e Sailor Moon, precisava dar uma chance a ele. E valeu a pena. Com apenas doze episódios, Madoka consegue apresentar um universo ao mesmo tempo kawaii e dark (risos), e mostra que com grandes poderes vêm grandes responsabilidades (e que não, nem sempre o poder do amor vai salvar o mundo quando tudo parecer perdido. Ou será que vai?). A animação nas cenas das bruxas é maravilhosa e na verdade todo o cenário é bem diferente e interessante. Mesmo sendo curto, o anime é bem impactante.
Menção honrosa 1: Kogepan conta histórias breves do protagonista homônimo, um pão queimado e ranzinza. São quatro minutos por episódio e é o que eu assisto quando preciso de algo que me deixe feliz.
Menção honrosa 2: Yuri!!! On ice foi sem sombra de dúvidas o anime mais comentado de 2016 na (minha bolha da) internet brasileira. Vi gente que eu nem sabia que gostava de anime acompanhando, sendo fangirl e shippando Victor e Yuri com todas as forças. Eu sinceramente não comecei a ver o anime por causa do ship: o meu interesse era a patinação no gelo. Minha irmã é do fandom do esporte e eu acompanho algumas coisas por tabela, assistindo às competições em horários bons na TV e até ficando mais fã na época da Olimpíadas de Inverno, por exemplo (observação: isso foi escrito faz um tempo. Atualmente eu me encontro no nível obcecada por patinação artística por motivos que eu nem mesmo sei explicar). Fui ver YOI em busca das referências e dos bastidores do esporte, e encontrei isso (embora gostaria de mais). No geral, minha opinião é essa: é bom, mas queria mais — mais desenvolvimentos dos personagens, tanto dos protagonistas quanto dos secundários, mais tempo mostrando os treinos, mais explicações sobre patinação dentro da trama, muito mais Axel, Lutz e Loop, as melhores trigêmeas do mundo, e até mais romance, olha só. Doze episódios de vinte e poucos minutos não são o suficiente para mostrar toda uma competição, e eu, tão fã dos momentos cotidianos, fiquei um pouco decepcionada em ver nos episódios finais tanta cena de apresentação (e com notas injustas. Otabek deserved better). É claro que isso pode se resolver na próxima temporada, pela qual estou aguardando com carinho — se ela vier.

A série brasileira: Eu estava ansiosa por 3%. Para falar a verdade nem sei bem o motivo, talvez só por ser do Brasil? Tá, e também porque o processo tem o mesmo esquema de reality shows, então eu já sabia que iria gostar. A série tem aquela estranheza de não saber se soa artificial porque a gente não está acostumado com produções brasileiras ou porque é ruim mesmo. Prefiro pensar que é por causa da primeira opção. 3% tem um ritmo irregular (o quarto episódio é o mais cheio de ação, enquanto o quinto muda totalmente de rumo para dar lugar ao drama), mas não acho que isso seja demérito. As críticas à meritocracia funcionam — embora haja momentos em que me incomodei com o quanto os discursos são explícitos (a cena em que Rafael explica como o mundo é injusto para Fernando, basicamente). Existe muita coisa para ser explorada ainda, e tenho esperanças de que a série aumente a qualidade na sua próxima temporada (ou temporadas?).

A série que eu só vi porque sou influenciável: (praticamente todas que eu vejo)
Eu não ligo para super-heróis.Ver Jessica Jones, portanto, não estava nos meus planos se não fossem os milhares de elogios e textões feministas sobre a série. Resolvi dar uma chance e saí bem satisfeita. É uma série que se baseia mais no psicológico da protagonista do que na ação, e a quantidade de cenas de lutas (vulgo: menos do que eu esperava) me agradou bastante, além dos mistérios e do suspense conseguirem prender bem o espectador. Já estou curiosa para a segunda temporada.

A novelona: Eu nem sei por que motivo comecei a ver Jane the Virgin, mas que bom que eu fiz isso. A série prende bem a atenção, tem personagens carismáticos, um narrador hilário e ainda zoa/homenageia novelas latinas! Vi a primeira temporada inteira naquele esquema meio maratona no começo do ano passado e parei no começo da segunda. Já sei de spoilers grandes, mas espero que isso não afete muito quando eu finalmente voltar a ver a série.

A série de comédia: A Netflix abre um mundo de possibilidades, e uma delas é ver Friends em ordem. Sério. Porque eu só assistia a Friends quando estava entediada e conforme as reprises na Warner, e isso significa que quase não acompanhei a série na ordem certa, no máximo metade de uma temporada em semanas de férias quando podia ligar a TV no mesmo horário todo dia. Como eu assisti mais as últimas temporadas, ver as primeiras foi uma experiência bem interessante, e acompanhar na sequência certa cria uma ligação com os personagens que é mais difícil de acontecer vendo fora de ordem (eu, por exemplo, pude odiar muito mais o Ross acompanhando o namoro dele com a Rachel). Estou vendo aos poucos, só quando realmente tenho vontade — e não porque é a única coisa decente que está passando na TV —, e isso faz uma diferença enorme: tenho gostado muito mais da série.
Menção honrosa: Eu não achei Master of None tudo isso. No entanto, desde que terminei de ver a série me via perguntando de repente: quando chega a próxima temporada? Acho que é o suficiente para incluí-la na lista (observação: já chegou a segunda temporada. Como ótima binge-watcher que eu definitivamente não sou, assisti só quatro episódios até agora).

A série de homens de terno: Comecei a ver Mad Men com minha família, em um esquema assistimos-a-cada-três-semanas-porque-sempre-tem-alguém-que-não-está-a-fim-de-ver (no final superamos isso e decidimos assistir separadamente. Uma decisão esperta. Minha mãe terminou a série faz séculos, enquanto ainda faltam três temporadas para mim). O fato é que Mad Men é de fato tão boa quanto falam. É uma série lenta, não é sempre que dá vontade de ver, mas o desenvolvimento dos personagens (não só dos homens de terno, das personagens femininas também!) vale a pena. E eu adoro ler as análises do AV Club depois de ver os episódios, eles sempre trazem boas observações.

A série de glamour e fofocas: Depois de ver episódios soltos quando a série ia ao ar e ler, sei lá, dez livros da série, foi só em 2016 que vi Gossip Girl seriamente. Porque às vezes a gente só precisa de personagens horríveis em dramas novelescos, sabe como é. A verdade é que uma das coisas que me levou a ver a série é justamente a revelação de quem é a Gossip Girl, spoiler que já sei e me deixou curiosa para ver esse absurdo se desenvolver. Eu espero que, por ter o conhecimento de que o final é ruim, eu fique menos decepcionada quando ela terminar, mas tenho minhas dúvidas. Assisti duas temporadas e parei para ver The O.C.. Não sei quando volto, mas às vezes sinto falta daquela necessidade de ver quatro episódios em seguida, como aconteceu com o final da primeira temporada.

 A série britânica: Eu tinha medo de não gostar de My Mad Fat Diary. Todo mundo ama tanto essa série, mas o possível tom de autoajuda me afastava um pouco dela. E se eu não gostasse e ficasse me sentindo uma pessoa ruim porque a série trata de temas importantes? Felizmente, isso não aconteceu, e eu entendi o motivo de todo o amor pela série. My Mad Fat Diary tem tudo do que uma série adolescente precisa — personagens carismáticos, uma ótima trilha sonora, dramas, romance e uma boa dose de humor —, abordando temas sérios e importantes sem subestimá-los ou se tornar didática. O fato da série ser tão curta, com apenas dezesseis episódios divididos em três temporadas, funciona muito bem: é o suficiente para aprofundar os personagens sem se perder em arcos que não funcionam. My Mad Fat Diary é a série que tem minha média mais alta no Banco de Séries por enquanto, porque todos os episódios mexeram muito comigo.

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