terça-feira, 29 de abril de 2014

The fault in our stars, John Green

The fault in our stars

Meu livro favorito era, de longe, Uma aflição imperial, mas eu não gostava de falar dele. Às vezes, um livro enche você de um estranho fervor religioso, e você se convence de que esse mundo despedaçado só vai se tornar inteiro de novo a menos que, e até que, todos os seres humanos o leiam. E aí tem livros como Uma aflição imperial, do qual você não consegue falar — livros tão especiais e raros e seus que fazer propaganda da sua adoração por eles parece traição.

Não costumo ter muito preconceito com autores famosos e “modinhas”, mas desde que o John Green lançou The fault in our stars e o livro virou um sucesso passei a não ir com a cara dele provavelmente por ter visto muitas citações bregas de seus livros, e por outros motivos que inclusive nem sempre são culpa dele. Enfim, o fato é que eu li Let it snow e não gostei do conto dele, mas como não é um livro muito elogiado e é um conto pequeno, achei que teria que ler um romance para poder tirar conclusões mais exatas da obra do John Green. A minha suposição era de que ou eu ia amar e virar fã ou eu ia odiar. E não aconteceu nenhuma dessas coisas. Eu gostei, mas não achei tão incrível assim.

Acho que todo mundo já conhece a história, mas enfim: Hazel Grace é uma adolescente com câncer. Ela conhece Augustus Waters, que teve câncer, e os dois se apaixonam.

O livro trata o câncer de forma diferente de muitos livros, de modo mais sarcástico ou realista e menos lição-de-vida-preciso-fazer-o-bem. Mas isso não significa que o livro não seja reflexivo; ele é. Mas sobre a vida em geral, não sobre tanto sobre o câncer.

O meu problema com o livro é que eu não consegui me conectar com os personagens principais. Eles têm diálogos legais, algumas falas bem engraçadas de verdade, mas não me parece real. Não consigo ver uma pessoa falando desse jeito. Não consigo acreditar em uma Hazel Grace fora das páginas do livro, e ainda por cima não gosto dela nem de Augustus, acho-os pretensiosos e chatos. Isso não seria um problema se, principalmente na segunda parte do livro, a história não precisasse de uma conexão para emocionar. Mas o final trágico sugere que a gente deva ficar triste, e eu não consegui ficar triste porque sabia que eram só palavras sem vida e não conseguia fazer a ponte com pessoas de verdade. Sério, eu me emocionei mais lendo Divergente, e Divergente desenvolveu as mortes em três linhas cada.

É claro que identificação é algo muito pessoal, então não posso dizer que o livro é ruim porque eu não me emocionei até porque outras milhares de pessoas se emocionaram muito e amaram o livro. Mas achei que o romance e os personagens poderiam ter sido mais desenvolvidos, para que eu acreditasse nos personagens mesmo achando-os chatos, para que eu não achasse Hazel, Gus e Isaac muito parecidos entre si. Não sei, mas acho que o hype do livro também acabou tirando um pouco da graça dele. Eu já conhecia um monte de frases, e parecia que eu já conhecia os momentos mais impactantes de Hazel e Gus sem ter lido o livro. Por isso, o destaque para mim ficou com Peter Van Houten, personagem que eu nem sabia que existia. Eu ri lendo as cartas dele e ele é um dos personagens com mais profundidade, ainda que não seja tão explorado.

A leitura, então, teve seus altos e baixos. Gostei bastante do começo, quando a gente é apresentado ao estilo do livro e ao começo do romance. Não gostei muito do final por não ter me emocionado, embora tenha gostado de algumas reflexões e a leitura nunca tenha chegado a ser entediante. Não vou desistir dos outros livros do John Green, mas também não vou lê-los logo.

Ah, e uma última observação: eu li o livro em inglês, mas dei uma olhada na tradução e não gostei muito dela. Se possível, leia em inglês também.

Avaliação final: 3,5/5

Um comentário:

  1. Não sei se fiquei com muita vontade de ler esse livro... Talvez eu leia primeiro o Alaska. :)

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