sexta-feira, 11 de abril de 2014

O castelo nos Pirineus, Jostein Gaarder

O castelo nos Pirineus

Não dissemos uma palavra no caminho. Sobre aquilo, digo. Falamos de tudo, mas daquilo não. Tal como antigamente. Não fomos capazes de nos posicionar quanto ao acontecido. E assim nós fomos para o brejo, talvez não você enquanto você, nem eu enquanto eu, mas nós dois enquanto nós dois.

                                                                                            (O castelo nos Pirineus, p. 7)

Tenho uma relação quase de amor e ódio com o Jostein Gaarder. Amo O dia do curinga, gosto bastante de outros três ou quatro, mas achei O mundo de Sofia e Mistério de Natal chatinhos. Gosto de como ele escreve e das histórias em si, mas não gosto de como todos livros dele têm que ter algum aprendizado claro, de como ele apresenta um monte de informações sobre algum assunto no meio do livro, às vezes de modo desnecessário ou forçado.

Como na verdade faz muito tempo que não lia nada dele e o último que li foi justamente O mundo de Sofia, estava com baixas expectativas para O castelo nos Pirineus, também por ter visto várias pessoas falando meio mal dele. Minha irmã o leu antes de mim e não gostou, falou que tinha partes muito chatas. Acho que isso ajudou para que eu gostasse um pouco mais do livro, por estar esperando algo pior, mas também seria errado dizer que eu gostei do livro. Não foi um sofrimento nem uma alegria.

O livro conta a história de um antigo casal que se reencontra trinta anos depois da separação no mesmo lugar que causou o rompimento deles. Eles então começam a trocar uma série de e-mails para discutir a sua relação, como estão hoje e sobre o que causou a tal separação, um acontecimento estranho que eles tinham prometido nunca mais comentar. É este acontecimento que leva a um monte de discussões filosóficas sobre vida e morte, ciência e religião, racionalidade e espiritismo.

A história do livro, por ser contada em forma de e-mails, não é cronológica, e demora um pouco para a gente entender toda a história do casal, mas isso é bom para manter o interesse na narrativa. Eu diria inclusive que a parte final é mais interessante que o começo, em que há bem mais discussões filosóficas e explicações cosmológicas do qualquer outra coisa. Eu particularmente não gostei muito do modo de narração por e-mails porque achei forçado. Você não escreve um e-mail de dez folhas explicando a origem do universo, né? Ou se escreve, escreve tudo de uma vez, não faz pausas para o outro responder e comentar alguma aleatoriedade sobre o tempo ou sobre o que a pessoa está fazendo agora isso claramente para dar uma pausa para o leitor poder respirar. E eles falam tantas coisas do tipo “Está aí agora?” que parece que estão falando por MSN ou algo do tipo, sem entender que a graça do e-mail é que dá para demorar séculos antes de responder. Mas enfim, também sei que a intenção desse livro não é necessariamente ser verossímil…

Achei a história do casal interessante, assim como o debate entre a visão de mundo deles e como ele se encaixa bem na história. No entanto, acho que a discussão filosófica foi longe demais muitas vezes. Se o livro focasse mais no casal, no passado e no presente deles com suas novas famílias e a filosofia ficasse em segundo plano, eu teria aproveitado bem mais a leitura.

Para concluir, devo dizer que grande parte do que eu disse é questão de gosto. Se você gostou de O mundo de Sofia, por exemplo, ou não tem problemas com livros que jogam dados na sua cara no meio da narrativa, provavelmente é um bom livro para você.

Avaliação final: 2,5/5

Um comentário:

  1. Para mim o pior do livro foram as explicações cosmológicas do cara no meio da conversa. Eu até me interesso pelo assunto, mas achei meio sem noção aquele trecho ._.
    Preciso ler ou reler um Jostein Gaarder bom para desfazer a má impressão que esse livro me causou.

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