sexta-feira, 10 de julho de 2020

Lendo a estante: Maratona Asiática

O Buda no sótão, Julie Otsuka
Por que tenho: Minha irmã comprou na Festa do Livro da USP há uns bons anos.
Por que li agora: Eu decidi que era hora de acabar com essa pendência. O livro está na estante há tanto tempo que outro livro da autora, Quando o imperador era divino, comprado alguns anos depois, também já está juntando poeira na estante. Além disso, queria que a minha primeira leitura para a Maratona Asiática fosse um livro mais curto, ideal para iniciar o projeto com o pé direito.
O que achei: O livro é narrado por um coletivo de mulheres japonesas que imigraram para os Estados Unidos na esperança de bons casamentos. Partindo da jornada delas na longa viagem de navio até o período da Segunda Guerra Mundial, em que japoneses foram perseguidos e enviados para campos de trabalhos forçados nos Estados Unidos, a autora apresenta as mais variadas experiências de vida, sem focar em uma mulher por muito mais que uma frase. A ideia é interessante, mas o livro brilha mais no início, quando as mulheres são uma voz mais coletiva mesmo, do que quando o destino delas começa a se diferenciar demais e a narração parece mais uma lista de acontecimentos possíveis do que um romance.
Avaliação: 3,5/5 

O último homem na torre, Aravind Adiga
Por que tenho: Gostei muito dos outros livros do autor que li, O tigre branco e Entre assassinatos, então é claro que fiquei interessada no lançamento mais recente dele.
Por que li agora: Achei que a Maratona Asiática seria uma boa oportunidade para ler o livro, como representante da Índia.
O que achei: O livro mostra o cotidiano de moradores de um prédio em Mumbai. Eles recebem uma proposta generosa de compra de seus apartamentos por um gigante do ramo imobiliário e precisam decidir individualmente se vão aceitá-la. O último homem na torre, um professor aposentado e viúvo, não quer se mudar, e daí surge uma série de conflitos entre os moradores.
Gosto do fato do romance explorar um pouco de cada morador do prédio e mostrar os laços dessa vida comunitária — e  quais são os limites desses laços. No entanto, há momentos em que a leitura se torna cansativa com tantos personagens. São quatrocentas páginas para uma história simples e tinha dias em que eu pegava o livro e ficava grudada nele, querendo saber o que ia acontecer, e outros em que só queria que o livro acabasse. 
Aravind Adiga continua com sua crítica social mordaz, mostrando uma Índia em que a corrupção e a ganância imperam, mas infelizmente achei a história um tanto alongada demais.
Avaliação: 3,5/5

O melhor que podíamos fazer, Thi Bui
Por que tenho: Vi essa graphic novel sendo bem elogiada no lançamento lá fora e ela me chamou a atenção por ser uma história de imigração do Vietnã, país sobre o qual não conheço quase nada.
Por que li agora: Eu queria ler um quadrinho para a maratona, e fora autores japoneses essa era minha única opção na estante.
O que achei: A autora inicia a história mostrando o momento em que vira mãe para então refletir sobre o que é família e contar o passado dos seus pais. Eu preferia um foco em uma das coisas: ou na relação da autora com a família ou a história dos seus pais. Ou melhor, o problema não é tratar de passado e presente, mas de misturar os dois na narração. Fui capturada pelo início e fiquei decepcionada quando a autora começou a voltar para o passado. Gostaria mais de algo linear. Dito isso, gostei da arte e achei a voz da narradora bem honesta nas suas memórias. E é sempre interessante conhecer mais sobre um país diferente.
Avaliação: 3,5/5

Botchan, Natsume Soseki
Por que tenho: Minha irmã é fã do autor e sempre compra os lançamentos dele da Estação Liberdade na Festa da USP.
Por que li agora: Outro caso de "Marília, toma vergonha na cara!". Tinha quatro livros do Soseki na estante e não tinha lido nenhum até agora (ironicamente, li dois livros dele alugados na biblioteca). Tenho um caso crônico de preguiça de clássicos na estante. Mas aí chegou a maratona, e estava no fim do mês, e Botchan é um livro curtinho, que eu sabia que ia terminar a tempo: a oportunidade perfeita.
O que achei: Aqui temos Soseki na sua veia mais cômica, com a história de Botchan, um jovem que acaba virando professor de matemática em uma cidade do interior. Mimado pela antiga criada da família, ele julga tudo e todos e se envolve em confusões com os alunos e outros professores. É um livro cotidiano e engraçadinho, mas terminei sem saber bem o que fazer com isso. Sinto que não ter um conhecimento do Japão da época deixou mais difícil de entender quais são os alvos da crítica. 
Avaliação: 3,5/5

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