quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Trash, Andy Mulligan

Trash

Meu nome é Raphael Fernández e sou um garoto do lixão.
(...)
(...) passar a vida remexendo o lixo, respirando aquele fedor, dormindo ao lado dele — bom... Talvez um dia você encontre "alguma coisa legal". Ah, sim.
Um dia eu encontrei.

Conheci Trash olhando a estante de infantojuvenis da biblioteca. Estava na seção de novidades, e fiquei curiosa para saber sobre o que era. Mas, com essa vida de preciso-ler-livros-que-todo-mundo-comenta, acabei deixando-o de lado por um tempo, até que saiu o filme, com o Selton Mello e o Wagner Moura e pude entender um pouco mais da história pelo que a crítica comentou do longa. Ainda demorei bastante para ler o livro após isso, porque ele não era uma das prioridades na interminável fila da biblioteca. Mas o dia chegou e pude acabar com minha curiosidade.

Eu tinha a impressão de que o livro focaria na vida cotidiana dos meninos do lixão, e era isso que tinha me dado a vontade de ler, mas na verdade é uma história de investigação, e o lixão é o pano de fundo e de onde a aventura começa. Mesmo assim, como minhas expectativas não eram altas, acabei gostando mais do livro do que esperava: foi uma leitura divertida e que prendeu a atenção.

Trash traz um tom forte de crítica social, tratando de desigualdades sociais e de corrupção —  não é à toa que fizeram o filme se passar no Brasil. Achei as críticas pertinentes, mas às vezes falta profundidade e elas beiram a ingenuidade: quase um maniqueísmo pobre-bom/rico-ruim.

O trabalho gráfico, como é esperado de um livro da Cosac Naify, é interessante, com uma fonte diferente para cada narrador (vou fingir que não reparei isso só na metade do livro), mas a grande quantidade de narradores, embora importante para a história, não é muito distinta entre si. No geral, é um livro mais de acontecimentos que de personagens.

Enfim, Trash é uma aventura juvenil interessante que se passa em um ambiente menos convencional. Tem alguns aspectos que me incomodaram na obra, mas recomendo a leitura para quem se interessar. Ainda não vi o filme, pretendo assistir algum dia para ver de que modo o Brasil é retratado na história.

Avaliação final: 3,5/5

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