quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Considerações sobre a segunda temporada de MasterChef Brasil

(ou: tudo que eu poderia ter dito no Twitter mas não disse)

Eu sou uma pessoa muito influenciável. Desde que retornei a acompanhar obsessivamente minha timeline do Twitter, passei a não gostar de ficar por fora de memes, do ~assunto do momento~ e coisas assim. O fato é que eu gosto bastante de reality shows, e adoro Top Chef, mas não gostei dos poucos episódios das versões gringas de MasterChef que vi por aí. Eu tinha uma birra semelhante à que tenho do Cake Boss aff como odeio esse cara, possivelmente porque todo mundo ama MasterChef mas ninguém liga para Top Chef. Mas aí estreou a segunda temporada de MasterChef Brasil e já que todo mundo parecia estar se divertindo tanto, por que não conferir também? Eu passei por várias fases durante a temporada: no início, achei sensacional. Era tudo muito engraçado, como os cozinheiros não sabiam cozinhar? Depois fui começando a me cansar um pouco das fórmulas, da looooooonga duração do programa e da Ana Paula Padrão. Terminei satisfeita. Ainda não sei se vou assistir a versão com as crianças. O meu eu racional diz que não, mas o meu eu emocional sabe que vou começar a ver por curiosidade e acabar viciada. Enfim, ninguém quer saber e estou bem atrasada na pauta, risos, mas vou fazer minhas considerações sobre o programa aqui:

• Eu continuo não gostando da forma do programa. Eu gosto muito das provas de Top Chef, que costumam ser mais variadas e mais criativas. As provas de MasterChef focam muito na técnica. Qual é a graça em ver vinte pessoas fazendo o mesmo prato? Ao mesmo tempo, isso se justifica com o fato de serem cozinheiros amadores. A graça em ver vinte pessoas fazendo o mesmo prato é que cada uma vai cometer um erro diferente (ou todas vão deixar o frango cru). Conforme o nível dos participantes aumenta, no entanto, essas provas vão se tornando cada vez mais cansativas de assistir. Esse formato de ter duas provas por programa também é bem cansativo, mas também não sei se seria melhor se separassem em dois dias, porque daí ficaria muita encheção de linguiça. Ou seja, o ideal seria que editassem melhor para ficar mais curto. Desculpa, eu não estou interessada em saber todas as dificuldades da Sabrina, ainda mais narradas no presente. O que me leva ao próximo ponto:

• Por que é narrado no presente? A gente sabe que os participantes estão gravando o depoimento depois, então por que raios usar o presente? Eu nunca tinha reparado nisso em outros reality shows, então não sei nem se de fato a maioria usa o passado, mas é muito forçado. Repensem, por favor.

 Paola  (quando falta pouco para terminar o programa e começam a vir intervalos enormes)

• Como MasterChef é de amadores, as provas acabam sendo pouco meritocráticas. Os chefs ajudam quem pede, às vezes dão tempo extra e por aí vai. Eu acho isso um pouco injusto, mas entendo que sirva para ensinar os cozinheiros. Azar de quem tem vergonha na cara e não pergunta para os jurados. Além disso, essa história do líder da equipe perdedora ter a oportunidade de se salvar ou de salvar outra pessoa também é bem coisa de trouxa. Por que o líder dos perdedores merece se salvar? Mas é tipo lições da vida real, se você só se importar com si mesmo você vai para frente. MasterChef ensina a lidar com o mundo contemporâneo, olha só.

• A Ana Paula Padrão é dispensável, mas não a odeio tanto quanto a maioria das pessoas. Só cheguei a ficar bem irritada em uns três episódios, e só mais para a metade final da temporada. Dada a qualidade dos jurados apresentando, como quando o Fogaça explica as provas naquele tom monótono, até entendo o papel dela no programa.

• Sobre os jurados, minha opinião também varia durante os episódios. Acho que eles são desnecessariamente escrotos na maior parte do tempo, mas também tem momentos ótimos. Não gosto dessa coisa de superioridade, tipo quando o Jacquin falou para Jiang que ela não podia falar que não gostava de queijo porque isso era falar mal do prato do Fogaça(???). Isso não é falar mal do prato do cara, gente. É questão de paladar, não misturem privado e público, por favor, obrigada (na verdade, é simples: não falem mal da Jiang, por favor). A mesma coisa quando falam que o Jacquin não gosta de pimenta. E daí? Um bom jurado deveria ser capaz de julgar a comida sem levar para o gosto pessoal. Enfim: Jacquin — tem momentos escrotos mas é bem engraçado às vezes; Fogaça — tem momentos escrotos, não sabe fingir e é isso que o torna engraçado às vezes (mas para mim poderia trocá-lo por outra pessoa) e Paola — a chef mais legal dos três. Ainda acho que distribui patadas mesmo quando não precisa, mas é a que mais se importa com os participantes e a mais profissional, e tem os melhores flertes as melhores expressões experimentando a comida, como aqui:

Marcos

• É legal ver que a maior parte dos participante parece ser gente boa e o programa não é uma disputa de egos. Claro, tem alguns vilões, mas acho que o programa conseguiu dosar bem a qualidade — embora essa seja bem pior do que eu imaginava, mesmo para uma competição amadora — e o carisma dos participantes. Agora, uma análise  muito aprofundada e séria sobre cada um, como se eu tivesse experimentado a comida deles e os conhecesse de verdade, para fingir que eu sou uma blogueira dedicada:

Patrizia: a primeira a sair. Simpatizo com ela porque ela quis fazer sobremesa na prova da repescagem e eu torço para quem gosta de sobremesa.
Cássia: muito engraçada e carismática, pena que não parecia cozinhar muito bem. Mas é muito nova, com certeza vai melhorar com o tempo.
Larissa: saiu muito cedo para eu lembrar quem é.
Rodrigo: só sei que saiu na prova do chocolate, o que é heresia.
Hamilton: era engraçado como ele defendia o prato a qualquer custo, por pior que estivesse. O seu doce parece mais ou menos o que sai quando eu cozinho:

Hamilton (mas Hamilton defendeu dizendo que estava gostoso. Eu entendo, Hamilton, minhas gororobas também são gostosas!)

Gustavo: cara de bom garoto, razoável na cozinha.
Murilo: achei de mau gosto a piada com o coelho que ele fez para entrar, mas durante o programa fui pegando o gosto por ele. Acho-o um cara sincero, que sabe o seu lugar sem ser completamente arrogante. Fiquei bem brava com o Jacquin quando ele começou a brigar com o Murilo na primeira prova em grupo e achei a postura do Murilo bem razoável. Além disso ele parece ser o mais próximo da Jiang, e é muito importante levar isso em consideração, né? Podia ter durado mais no programa, mas o que seria de um reality show sem algumas injustiças para a gente ficar bravo?
Iranete: uma das cozinheiras caseiras da competição. Também gostei da postura dela durante a competição e durante a intriga com o Cristiano. Fiquei um pouco incomodada com as piadas que fizeram com ela sobre a mousse de chocolate, porque acho um pouco elitistas. E também  não gostei de como a imagem dela está muito ligada à de doméstica. A Ana Paula Padrão fala da patroa dela como se fosse da família e às vezes eles usam um tom condescendente com ela (#problematizando MasterChef).
Carla: parecia ser uma boa cozinheira, e sua postura na competição foi bem profissional. Podia ter ficado mais tempo também.
Marcos: durou mais do que devia, por sorte e por saber jogar bem o seu flerte.
Aritana: todo mundo ama odiar a Aritana, mas só fiquei verdadeiramente irritada com ela na primeira prova em equipe, em que ela repetia a cada cinco minutos "Não quero perder". Miga, alguém quer? Não a achei uma cozinheira tão ruim, mas poderia ter sido menos mostrada durante as edições.
Sabrina: é tão sortuda que não sei nem dizer. Não era para você ter durado até aqui! Por algum motivo, também foi mostrada demais durante as edições e acabou me irritando. Nada contra a sua pessoa, eu juro, só contra a edição do programa.
Lucas: era um desses que tinha potencial de chef, com as suas invencionices. Como pessoa no programa achei-o bem chatinho, ele e o Fernando juntos é o paraíso dos esquentadinhos (tá mais para inferno, né). Ele se perdeu um pouco no meio do caminho, mas pelo menos soube fazer humor disso:

Fernando: o odiado número um. Brigão, arrogante e sei lá mais o quê. Mas cozinhava bem, e mereceu a sua quarta posição.
Cristiano: o odiado número dois. Causou intrigas desnecessárias e é muito vingativo. Diz que é um jogo mas depois se irrita com quem joga contra ele. Mas não dá para não sentir nada quando ele começa a chorar; dá para ver o quanto o MasterChef significa para ele.
Jiang: RAINHA. DIVA. MARAVILHOSA. Acho que eu nunca torci por alguém em reality show como torci para a Jiang. Gostei dela desde o primeiro episódio porque sou dessas que torce para os asiáticos que fazem comida asiática, por motivos culturais e familiares. Fiquei incomodada no começo por todo mundo tratá-la como “chinesa”, como se ela não tivesse nome, e por zoarem do sotaque (pastel de flango, que engraçado, kkkkkkk, só que não. É racista), mas Jiang é uma pessoa tão incrível que conseguiu usar isso a seu favor. Sinto que os jurados não gostam tanto dela, talvez por não saberem julgar comida chinesa com propriedade ou por ela não fazer drama à toa. Mas o que importa é que o coração dos telespectadores a Jiang ganhou de lavagem.
Raul: não fedia nem cheirava no começo. Passei a me irritar no final porque o cara ri demais. Mas não acho a postura informal totalmente errada, eu quero é que quebrem as formalidades e as hierarquias mesmo.
Izabel: no começo eu gostava bastante dela. A Izabel tinha jeito de chef e eu já imaginava que ela iria continuar no programa por bastante tempo. Mas, no meio do caminho, cansei da insegurança dela, que foi me parecendo cada vez mais falsa modéstia. Mereceu ganhar o título? Possivelmente. Mas o título dos nossos corações sempre será da Jiang.

Um resumo: Top Chef melhor que MasterChef. Jiang melhor que qualquer um. O programa poderia ser mais curto. E o mais importante: Viva Embalixo!

2 comentários:

  1. Adorei o post! Realmente, Top Chef é bem melhor que Masterchef, mas não tem todas as piadas e memes, infelizmente.
    A Jiang é amorzinho demais ♥

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    1. Mas Top Chef não precisa de memes para sobreviver, o que também é bom. Aff, saudades Top Chef, mas não sei se tenho ânimo pra assistir pela internet, se nem os animes e as séries eu consigo ver regularmente...

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