quarta-feira, 15 de julho de 2015

Misery: louca obsessão, Stephen King

Misery louca obsessão

Em vez disso, ele sentiu resignação — precisara de remédio, e de alguma forma conseguira escapar do quarto para obtê-lo. Se fosse haver consequências, punição, ele poderia enfrentar tudo sabendo que não poderia ter agido de outra forma. E de tudo o que Annie lhe fizera, tal resignação certamente era um sintoma do pior: ela o transformara em um animal alquebrado de dor, incapacitado para tomar quaisquer escolhas morais.

Eu não tinha planos de ler Misery para o Desafio Literário Skoob, só o peguei na biblioteca, no final de junho, porque ele estava disponível e normalmente é concorrido. No entanto, em uma dessas coincidências do destino, percebi que o livro se encaixa perfeitamente no tema inverno.

Uma sinopse simples e sem suspense, porque sou péssima com resumos: Misery conta a história do escritor Paul Sheldon, que sofre um acidente de carro e é resgatado pela sua fã número um, Annie Wilkes. Com seu próprio jeitinho carinhoso e psicopata, ela cuida dele, dando remédios que o deixam viciado, prendendo-o em um quarto e obrigando-o a reviver Misery, a personagem que deu sucesso a Paul mas que ele odeia.

Vivi, assim como Paul Sheldon no livro, uma série de emoções diferentes e conflitantes durante a leitura. Em um momento, não queria parar de ler; em outros, queria só que o livro tivesse cem páginas a menos. Às vezes, me sentia completamente desconectada emocionalmente dos personagens; no final, cheguei perto de sentir a intensidade da história e um horror genuíno.

Misery é a minha segunda experiência com o Stephen King e posso dizer que não sou a maior fã do estilo de escrita dele. Ele usa no livro alguns recursos semelhantes aos de Carrie, a estranha, como o fluxo de pensamentos sem pontuação ou entre parênteses e a narração onisciente seletiva em terceira pessoa. Não é que a escrita seja propriamente ruim, só não é meu estilo, e me desagradou ver que ele manteve a mesma forma de escrita nos dois livros que li, como se Paul Sheldon e Carrie White, apesar das personalidades tão distintas, se expressassem da mesma forma.

Mas, apesar disso, Stephen King realmente sabe como conduzir os elementos da trama. No livro, Paul Sheldon fala bastante a respeito do trabalho do escritor, e sobre como seus livros comerciais fazem sucesso porque ele consegue criar um suspense que torna as pessoas vidradas, querendo mais. Não foi sempre que senti isso, acho que às vezes King é prolixo demais; porém, de fato compreendi o tal do “deixeuver” sobre o qual Misery fala. Deixeuver o que vai acontecer agora, deixeuver se o Paul Sheldon vai sair vivo dessa, deixeuver como acaba a história…

O livro mostra alguns capítulos do livro que o Paul escreve. Como na maioria dos livros que têm uma história dentro da outra, eu não gostei muito da história de dentro. No começo, até fiquei curiosa para entender melhor o mundo da personagem Misery, mas no final estava quase pulando essas partes. Entendo que deva ter vários paralelismos e coisas do tipo, mas que história sem noção e estranha. No mundo real, eu certamente não seria fã da Misery.

Enfim, no final o saldo de leitura foi positivo. Pretendo ler outros livros do Stephen King ainda, mas não sei se tenho tanto fôlego para o estilo de escrita dele. Se achei que um livro de trezentas páginas poderia ter sido mais curto, imagina um de mil?

Avaliação final: 3,5/5

2 comentários:

  1. O parágrafo que você fala da escrita de King retrata bem A Coisa, também. E lá a narração é focada em vários personagens. Estou lendo ainda, já que tem 1100 páginas e não é um gênero que estou acostumada. E ele enrola demais.
    Apesar disso, fiquei bem curiosa com esse Misery. Veremos se vou animar!

    Ah, adorei o novo layout do blog e o pinguim ali no favicon! <3
    Adoro cinzas! :D

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    1. Obrigada pelo elogio! :) Fiquei procrastinando para mudar o layout porque não manjo nada de HTML mas acabou sendo bem mais fácil do que eu pensava, haha.
      Misery vale a pena, acho que quando você superar as 1100 páginas de A coisa, as trezentas de Misery vão ser bem rápidas

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