sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

O oceano no fim do caminho, Neil Gaiman

O oceano no fim do caminho

Fui para outro lugar em minha cabeça, para dentro de um livro. Era para onde eu ia sempre que a vida real ficava muito difícil ou muito inflexível. Joguei no chão um monte de livros antigos da minha mãe, de quando ela era criança, e li as aventuras de garotas estudantes das décadas de 1930 e 1940. Elas passavam a maior parte do tempo enfrentando contrabandistas, espiões ou quinta-colunas, o que quer que fosse isso, e eram sempre corajosas e sempre sabiam exatamente o que fazer. Eu não era corajoso e não tinha a menor ideia do que fazer.

Acho muito difícil responder qual é meu escritor favorito. Ou eu não li livros suficientes de alguém para poder dizer que é favorito, e não que só amei um ou dois livros dele, ou eu li bastante mas não amo de paixão todos os livros de tal escritor. Esse é o caso do Neil Gaiman. Eu adoro Coraline, Deuses americanos e Stardust, mas Anansi boys e The graveyard book não me encantam tanto — não que eu não goste deles, só são livros esquecíveis para mim.

Então, não é surpreendente que eu fique adiando livros de autores de que gosto, com medo de decepção (ou só de preguiça às vezes, tem isso também). O oceano no fim do caminho recebeu muitas críticas positivas, o que aumentou minhas expectativas. Ao mesmo tempo, gente confiável com gosto parecido com o meu (também conhecida como: minha irmã) não gostou tanto do livro. Enfim, só sei que minhas expectativas estavam muito confusas e minha opinião bateu um pouco com isso: não amei o livro, mas também não odiei.

Não vou contar a história porque acho meio desnecessário. É interessante entrar em livros de fantasia conhecendo pouco do enredo para ir descobrindo as coisas junto com o protagonista. Mas eu acho que o que mais chama a atenção nesse livro do Gaiman é a parte não fantástica, a visão do homem adulto sobre a criança que ele foi.

Queria dizer que me emocionei e fiquei nostálgica sobre a infância lendo o livro, mas seria mentira. Talvez eu ainda seja muito nova para ter esse tipo de sentimento: me vejo mais como criança que como adulta. Também achei a narração um pouco repetitiva; o narrador fala sempre como era uma criança indefesa e fraca e sobre o quanto amava ler. Quem sabe quando eu me considerar uma adulta de verdade, e não alguém no meio do caminho, eu entenda melhor essa parte.

Quanto à parte fantástica, também não morri de amores por ela. Eu sabia que havia referências mitológicas por trás dos seres, mas não sabia quais eram, o que me deixou decepcionada. Pareceu sem sentido, sabe? Mesmo que obviamente tivesse um, que eu não peguei.

Agora para os elogios: os personagens são bem desenvolvidos e carismáticos, especialmente as Hempstock, e a leitura fluiu bem. É um livro curto, com duzentas páginas, e achei que ficou no tamanho certo: não explicou demais e estragou a magia nem ficou faltando coisa.

Enfim, acho que minhas impressões ficaram contraditórias e confusas, pouco confiáveis. O melhor modo de solucionar a dúvida entre ler ou não O oceano no fim do caminho é simplesmente ler o livro e tirar as suas próprias conclusões.

Avaliação final: 3,5/5

2 comentários:

  1. Acho que um dos motivos de eu não ter gostado tanto do livro, além das altas expectativas, é isso que você disse da parte fantástica. Não vi muito sentido nela ou não entendi direito.

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  2. Ainda não me decepcionei com Neil Gaiman e espero que isso não aconteça! <3

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