quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Tchick, Wolfgang Herrndorf

Tchick Andamos a trinta por hora entre gramados e campos, sobre os quais o sol nascia devagar, em algum lugar atrás de Rahnsdorf, e isso foi a coisa mais bonita e rara que já tinha me acontecido. O que exatamente era raro é difícil de dizer, pois afinal tratava-se apenas de uma viagem de carro, e eu já tinha andado muitas vezes de carro. Mas existe uma diferença entre estar sentado ao lado de adultos que conversam sobre concreto lavado e Angela Merkel e estar sentado sem eles ali e sem ninguém conversando.                         

                                          (Tchick, p. 97)

Tchick é o apelido de um garoto russo, o novo colega na sala de Maik Klingenberg. Maik, o narrador da história, não vai com a cara de Tchick no início, mas muda de opinião quando se vê praticamente sozinho em casa nas férias, sem ter sido convidado para a festa da garota de quem ele gosta. Maik e Tchick, então, vão viajar pela Alemanha em um carro roubado e viver altas aventuras e confusões!

Visto desse jeito, o livro parece um pouco bobo. E é mesmo um pouco bobo, e daí? Mesmo assim, traz reflexões interessantes e têm todo aquele processo de amadurecimentos que road trips costumam ter. Maik sempre se achou um perdedor, um garoto entediante e invisível, mas nessa viagem ele pode conhecer novos amigos e conhecer melhor a si mesmo (mas o livro não é brega como eu estou fazendo-o parecer…).

Eu costumo gostar de livros com narradores meio losers, e não foi diferente com esse. Maik se acha um perdedor e não tem vergonha de narrar sua história com honestidade, tornando a narrativa mais divertida. A narração me lembrou um pouco o livro espanhol Manolito, embora este seja mais sobre o cotidiano e de um garoto mais novo. Fora isso, Tchick também tem outros personagens interessantes, como o próprio Tchick e os problemáticos pais de Maik.

Porém, como nem tudo é perfeito, não gostei muito das cenas de “ação” que tem com o carro e de algumas partes da viagem. Não sei se eu já estava sobre o efeito de leitura por obrigação (porque “tenho” que ler muitos livro este mês) ou justamente por achar as cenas chatas ou mal descritas, mas às vezes começava a viajar — não para os personagens estavam indo — durante a leitura e não entendia exatamente o que estava acontecendo.

Mas acho que vale a dica. Tchick é uma leitura descontraída e deve ser aproveitada sem muitas expectativas. Além de servir bem para quem quer fugir do lugar-comum dos livros de países de língua inglesa — o livro é alemão e eu o li para meu desafio de volta ao mundo em 80 livros.

Avaliação final: 4/5

Um comentário:

  1. Esse livro foi uma grata surpresa para mim. Eu não dava muito por ele, mas foi uma leitura deliciosa :3

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