segunda-feira, 9 de maio de 2016

Brooklyn, Colm Tóibín

Aqui ela não era ninguém. Não era só por não ter amigas e família; mais que isso, ela era um fantasma naquele quarto, nas ruas a caminho do trabalho na loja. (...) Nada aqui era parte dela. (...) Fechou os olhos e tentou pensar, como fizera tantas vezes na vida, em alguma coisa que ela desejava muito, mas não havia nada. Nem a coisa mais ínfima. Nem mesmo a chegada do domingo. Nada, a não ser talvez dormir, e ela nem tinha certeza se queria mesmo dormir.
Logo depois de ver o filme, decidi ir atrás do livro, porque deu vontade, eu tinha tempo e havia um exemplar disponível na biblioteca. Foi uma boa oportunidade para eu conhecer o Colm Tóibín, de quem ouço falar há um bom tempo.

Em Brooklyn, conhecemos Eilis, uma jovem irlandesa que acaba indo morar em Nova York para ter uma condição melhor de vida, deixando sua mãe e sua irmã na Irlanda. Ela tem que aprender a se adaptar em um lugar novo, onde não conhece ninguém. Quando finalmente está mais acostumada com sua vida nova, um acontecimento a obriga a retornar para Irlanda por um tempo, e Eilis se divide sobre o que deverá fazer então.

Muita gente, ao comentar o filme, diz que é uma história de uma garota dividida entre dois amores. Eu mesma, ao escrever o resumo acima, coloquei a dúvida da personagem como parte importante do livro. Mas, para mim, Brooklyn é principalmente sobre uma jovem tendo que lidar com uma situação nova em um local novo. É uma narrativa de imigração, especificamente sobre a imigração irlandesa para os Estados Unidos. A maioria dos contatos de Eilis em Nova York é irlandesa também, há uma comunidade fortemente unida e o livro explora bem essa questão cultural.

A minha maior questão do livro é em relação a Eilis. Ela é uma personagem bem passiva: vai para os Estados Unidos porque é o que a irmã diz que é o melhor para ela, depois volta para Irlanda porque precisa e quando tem que tomar a decisão de ficar ou não, ela simplesmente empurra isso com a barriga até ser inevitável e a decisão estar praticamente tomada por ela — um pouco diferente do filme, no qual ela parece ser mais dona de si no final. Eu não sabia como lidar com uma personagem tão não-protagonista, então mesmo que tenha gostado bastante da escrita do autor e da história em si, não tinha entendido bem o que era para tirar do livro. 

Mas aí, com o tempo depois da leitura, essa questão foi desaparecendo e eu fui valorizando mais o livro na minha cabeça. Porque eu, de certa forma, sou bem parecida com a Eilis, evitando decisões e aceitando o que os outros dão para mim. Ou seja, embora no meu comentário sobre o filme eu tenha escrito que não tenha os conflitos da protagonista, no livro eu acabei me identificando com ela em questão de personalidade...

Enfim, recomendo para quem gostou do filme e para quem gosta de histórias cotidianas e sem grandes acontecimentos. Pretendo ler mais do Colm Tóibín no futuro.

Avaliação final: 3,75/5

2 comentários:

  1. To procrastinando pra ver o filme a tanto teeeeeeeeeeeeeempo que acho mais fácil eu ler o livro primeiro (?)
    De qualquer forma sempre vejo posts positivos sobre o enredo e o seu foi um deles <3

    Beijos!

    Novembro Inconstante

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    1. Talvez se eu tivesse lido o livro primeiro eu gostaria mais do filme, haha
      Beijos

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