quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Grande sertão: veredas, João Guimarães Rosa

Grande sertão veredas

Lugar sertão se divulga: é onde os pastos carecem de fechos; onde um pode torrar dez, quinze léguas, sem topar com casa de morador; e onde criminoso vive seu cristo-jesus, arredado do arrocho de autoridade. (…) O gerais corre em volta. Esses gerais são sem tamanho. Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, é questão de opiniães… O sertão está em toda a parte.

                                                                                           (Grande sertão: veredas, p. 9)

Meu plano inicial não era resenhar Grande sertão: veredas para o Desafio do Tigre, porque eu queria ler um livro brasileiro atual. Mas fazer faculdade de Letras é isso, você tem leituras obrigatórias e tem que se virar. De qualquer jeito, acabei lendo um livro brasileiro atual depois, então terei duas resenhas para o desafio nesse mês.

É muito complicado falar sobre um clássico desse tamanho, um dos maiores romances brasileiros. É mais difícil ainda quando não se gostou tanto assim do livro, mesmo entendendo os motivos da importância dele. Enfim, essa resenha não vai apresentar o livro em si, só vai ter as minhas impressões de leitura. Não estou na melhor fase de escrever resenhas, acabo escrevendo muito depois de ler o livro e por isso esqueço algumas coisas, então peço desculpas por isso.

O começo de Grande sertão: veredas foi bem difícil. O livro já inicia no meio da história e você tem que se acostumar aos poucos com o modo que o Riobaldo narra. Confesso que me perdi várias vezes na história, e mesmo quando ela passou a ser cronológica, eu nem sempre entendia o que estava acontecendo. Parte da minha confusão se deve ao fato de que eu li muito rápido, porque tinha terminar de ler antes da aula sobre o final do livro. Basicamente li cinquenta páginas por dia, não importando se estava com vontade ou não, e se eu estava entendendo ou não, porque não dava tempo de voltar atrás e reler. Mas não duvido que, mesmo que eu lesse só quando estivesse com vontade, continuaria meio perdida.

O final do livro me deixou meio decepcionada e frustrada no primeiro momento. A verdade é que eu não consigo lidar com plot twists — e que nunca consigo prevê-los… Entendo os motivos de Guimarães Rosa por ter feito o que fez, mas eu preferia o livro sem isso. Talvez eu mude de ideia se ler o livro de novo, pois assim teria uma interpretação diferente sabendo desde o início a revelação.

Felizmente, a leitura teve também partes muito boas. O encontro de Riobaldo e de Diadorim é um trecho que eu acho incrível, uma daquelas coisas que me lembra dos motivos de eu gostar tanto de literatura, e também gosto bastante das reflexões do Riobaldo que aparecem no meio da narração, especialmente as partes metalinguísticas. Como eu já disse antes, reconheço a grandiosidade e a genialidade de Grande sertão: veredas. É certamente um livro que cresce a cada releitura e que nunca se esgota. A questão é saber se algum dia eu vou ter paciência para relê-lo.

Avaliação final: 3,5/5

Um comentário:

  1. Não me orgulho em dizer isso, mas nunca tive ânimo suficiente para encarar Grande Sertão! Meu marido levou uns 6 meses para acabar de ler e isso não me serviu muito de motivação tbm.
    Acho que um dia vou acabar pegando para ler, mas sigo esperando esse dia chegar! hehehehe
    :*

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