terça-feira, 22 de maio de 2012

Entre Assassinatos, Aravind Adiga

Entre Assassinatos

Ao subir o Morro do Farol naquele dia, fazendo força para levar o carrinho pela ladeira, Chenayya não sentiu a exultação de sempre. Não estou realmente avançando, pensou. Cada volta da roda o desfazia e o freava. A cada pedalada estava fazendo a roda da vida girar para trás, esmagando músculos e fibras, transformando-os na polpa de que eram feitos no útero de sua mãe; Chenayya estava se desfazendo.

(Entre assassinatos, p. 188)

Entre assassinatos é a minha segunda resenha do mês passado, de autores orientais. Pelo visto, estou me acostumando a deixar tudo atrasado, porque com o tema de fatos históricos talvez não seja diferente. Na verdade, eu terminei de ler Entre assassinatos há um bom tempo, mas só tive saco/tempo para escrever a resenha agora.

O livro é formado por quatorze histórias que se passam no mesmo cenário: a cidade fictícia de Kittur. Aos poucos, vamos sendo apresentados aos principais elementos da cidade, como o Morro do Farol, o Angel Talkies… Apesar da cidade ser fictícia, ela se localiza na Índia, portanto há diversos elementos culturais do livro.

A visão do livro sobre a Índia é a de um país problemático, corrupto, cheio de desigualdade social (as castas que o digam)… Em certos aspectos lembra bastante a visão que muita gente tem do Brasil. O estilo do autor é sarcástico e mordaz, assim como no livro que eu já tinha lido dele, O Tigre Branco.

No início, eu demorei para entender um pouco as diferenças culturais da Índia em relação à diversidade cultural e religiosa, então eu demorei para pegar o “espírito” das histórias. Mas eu acabei me acostumando e apreciando mais conforme eu lia.

Enfim, recomendo o livro para quem quer uma visão desromantizada da Índia.

2 comentários:

  1. Gostei bastante do trecho que você escolheu, me despertou a vontade adormecida de ler logo esse livro.

    A diversidade religiosa da Índia é algo que me deixa muito confusa e me faz lembrar de minha leitura nada proveitosa de "Kim" xD

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  2. Esse eu não li ainda, mas gostei muito de O Tigre Branco. É bem isso que você falou: uma Índia real, parecida com o Brasil em alguns aspectos e, ao mesmo tempo, totalmente diferente quanto a questões culturais.
    bjo

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