sábado, 30 de maio de 2015
Laços, Vitor e Lu Cafaggi
sábado, 16 de maio de 2015
Nu, de botas, Antonio Prata
Uma mulher ruiva e muito perfumada me deu um beijo babado na testa e disse que tinha me visto nascer - ela me viu nascer, o seu Duílio me viu nascer, eu devia ter sido parido diante de uma arquibancada, só podia ser.
Todo domingo, quando pego o jornal para ler e me lembro que é dia de crônica do Antonio Prata, fico um pouco mais feliz. Então, não é nenhuma surpresa que eu tenha ido atrás dos livros dele. Nu, de botas reúne histórias sobre a infância do autor, passada principalmente nos anos 80 em São Paulo.
Nas histórias, sempre narradas com olhar infantil — ou pelo menos com o que os adultos pensam que é um olhar infantil —, temos desde acontecimentos mais genéricos, fáceis de criar identificação com o leitor, como o processo de alfabetização e a disputa entre os colegas para ter os melhores brinquedos, até eventos mais únicos, como a conversa com o Bozo.
Tenho mais dificuldade em falar a respeito de livros que não tenham uma única história. Como toda coleção de histórias (são contos? Crônicas?), algumas são mais inspiradas e outras nem tanto, mas mesmo as piores e mais clichês ainda são muito gostosas de ler. Eu terminei o livro com a impressão de que leria até bula de remédio se fosse o Antonio Prata que escrevesse, porque tenho certeza de que ele faria algo divertido com isso.
O livro trouxe uma mistura de agonia (uma agonia causada por quem consegue envolver o leitor de tal modo que ainda penso: por tão pouco ele não ganhou a bicicleta!), vergonha alheia, nostalgia e risadas, muitas vezes ao mesmo tempo. Recomendo a leitura, com certeza.
Avaliação final: 4/5
sexta-feira, 8 de maio de 2015
Os últimos filmes que eu vi #12
1- Quando eu era vivo (Marco Dutra, 2014)
Filme brasileiro de suspense, e mais importante de tudo, tem a Sandy no elenco! Fiquei curiosa para ver Quando eu era vivo por ser um filme de um gênero pouco comum no Brasil, pelo menos no circuito comercial. Gostei de como o clima de medo foi criado com sutilezas e sem usar recursos fáceis como sustos e monstros, mas não entendi algumas coisas na história e achei o final anticlimático demais. Valeu para matar a curiosidade mesmo, e fiquei com vontade de ler o livro que inspirou o filme, A arte de produzir efeito sem causa, do Lourenço Mutarelli, porque dizem que é bem melhor que o filme — e que os dois são bem diferentes entre si. Avaliação: 3/5
2- Uma longa queda (Pascal Chaumeil, 2014)
É uma adaptação do livro homônimo, que eu adoro e preciso reler, do Nick Hornby. Eu não tinha planos de assistir, mas meu pai quis ver, então eu assisti junto. O filme é melhor do que achei que seria, prendeu a atenção e não exagerou nem no drama e na comédia. Algumas coisas parecem diferentes do livro, mas como eu não me lembrava direito do enredo, isso não me incomodou. Não costumo me importar com adaptações fiéis, mas se estou com o livro fresco na cabeça, fico comparando demais, então o distanciamento livro-filme foi bom. Avaliação: 3,5/5
3- Ninguém pode saber (Hirokazu Koreeda, 2004)
Filme do diretor de Pais e filhos sobre uma família em que os quatro filhos são abandonados pela mãe no seu apartamento. A mãe simplesmente passa um tempo cada vez maior fora de casa e deixa a responsabilidade para o filho mais velho, de doze anos. Ele não pede ajuda para ninguém, porque sabe que vai se separar de seus irmãos se for para um orfanato ou algo do tipo. É uma história triste, inspirada em fatos reais ainda mais desesperadores, mas o tom do filme não é melodramático, porque as crianças agem com naturalidade na maior parte do tempo. O filme é um pouco lento, mas vale a pena. Avaliação: 3,5/5
4- Álbum de família (John Wells, 2013)
Gosto de filmes com climão, então fiquei curiosa para ver Álbum de família desde o Oscar do ano passado. Mas acabei não gostando tanto do filme, achei exagerado demais, a ponto de ficar pouco natural e inverossímil. Senti que o filme foi feito só para os atores arrasarem e a Meryl Streep ser indicada para mais um Oscar. Talvez eu tenha achado exagerado pelo fato de ser inimaginável na minha família uma reunião do tipo. Talvez seja porque é uma adaptação de uma peça de teatro. Mas, apesar de tudo, prendeu a minha atenção. Avaliação: 3/5
5- Uma história de amor e fúria (Luiz Bolognesi, 2013)
A animação do mês (de janeiro, risos) é brasileira e mostra a história de um casal durante vários períodos históricos do Brasil, começando com o Rio de Janeiro pouco tempo após a “descoberta” do Brasil e terminando no futuro, em 2096, quando a riqueza da sociedade é a água (esse futuro parece próximo, né?). É interessante por mostrar o espírito de luta do povo brasileiro e como, apesar de tantos anos terem se passado, algumas coisas continuam iguais. O filme pode ser didático demais para algumas pessoas, mas não achei isso tão ruim, até porque não manjo muito de história brasileira. Esteticamente, a animação não é do meu gosto, mas tem umas partes muito bonitas. Avaliação: 3,5/5